PUBLICIDADE

Polícia

Deputado Da Cunha coleciona polêmicas; veja algumas

Em outubro de 2023, o parlamentar virou réu em uma ação de violência doméstica contra a nutricionista Betina Grusiecki

18 mar 2024 - 15h48
(atualizado às 15h51)
Compartilhar
Exibir comentários

Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, conhecido como Delegado da Cunha, ganhou notoriedade ao postar vídeos na internet sobre operações policiais. Agora, está novamente no centro de uma polêmica, uma vez que um vídeo dele supostamente agredindo e ameaçando de morte a ex-companheira foi exibido pelo Fantástico, da TV Globo.

Carlos Alberto da Cunha
Carlos Alberto da Cunha
Foto: Reprodução/Instagram / Perfil Brasil

De 2021 para cá, ele chamou policiais de ratos e foi afastado da polícia, perdeu a posse de arma e distintivo, confessou ter encenado um sequestro e se envolveu na discussão ética sobre as gravações e monetização dos vídeos de sua atuação como "policial youtuber"

Da Cunha é delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, mas está atualmente licenciado, pois foi eleito deputado federal em 2022 por São Paulo. Ele recebeu 181,5 mil votos. Em entrevista ao podcast Flow, Da Cunha disse que caso não seja reeleito, poderá voltar a ser delegado.

Caso da ex-namorada

Em outubro de 2023, o deputado se tornou réu em uma ação de violência doméstica contra a nutricionista Betina Grusiecki, de 28 anos, com quem mantinha união estável há três anos. Ela o acusa por ameaça, agressão e injúria. Da Cunha nega ter agredido a ex-mulher.

No último domingo (17), o programa Fantástico exibiu um vídeo em que é possível ouvir o delegado ofendendo a ex-companheira. "Eu vou te matar. Vou te encher a tua cara de tiro", teria dito Da Cunha, segundo a gravação. 

Betina relata que perdeu a consciência após levar diversos golpes do seu ex-companheiro. No boletim de ocorrência, disse que Da Cunha tinha consumido bebida alcoólica e que ele "promoveu uma discussão e atacou a honra [de sua companheira]". Na época, o deputado negou a agressão e mencionou que sua ex-companheira lutava muay thay e ele, na verdade, é quem estava machucado.

Ainda no processo, Da Cunha citou que o momento do casal não era bom. "Os dois estavam fora do prumo. Os dois estavam desestabilizados", disse em depoimento à Justiça. Contudo, o laudo do Instituto Médico Legal (IML), constatou escoriações no couro cabeludo e lesões corporais leves em Betina.

O advogado do deputado, Eugênio Malavasi, afirmou não ser possível confiar na veracidade do vídeo antes de uma análise. "Eu vou pedir a submissão desse vídeo à perícia. Porque esse vídeo não foi periciado. Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística. Não foi submetido a perícia oficial."

Procurada pela Globo, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) justificou que, devido à atividade parlamentar, Da Cunha está afastado da atividade de delegado. Informou ainda que, contra ele, há cinco procedimentos em andamento pela Corregedoria da instituição, todos sem decisão definida.

Vídeos de operações oficiais

A acusação de agressão, no entanto, não foi a primeira polêmica em que o parlamentar se envolveu. Quando ainda atuava como delegado, Da Cunha foi indiciado por utilizar a estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais que foram exibidos em suas redes sociais particulares. 

Da Cunha chegou a ser afastado de suas funções em julho de 2021, quando a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo instaurou um processo administrativo por suspeita de peculato. A prática consiste na apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa, em benefício próprio ou de outras pessoas.

A investigação apontou que o delegado pagava até R$ 14 mil por mês para a equipe de filmagem. Atualmente, ele tem dois milhões de seguidores no Instagram e segue afastado da Polícia Civil, já que não pode acumular a função à de deputado federal.

Sequestro encenado por Da Cunha

O delegado confessou publicamente que encenou o vídeo do flagrante de um sequestro em uma comunidade da capital paulista, em julho de 2020. O caso citado por ele aconteceu na comunidade Nhocuné, em São Paulo. 

Os policiais descobriram que um homem era mantido refém no chamado tribunal do crime, na mira de criminosos ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Após retirá-lo do local, Da Cunha o colocou de volta no cativeiro e 'encenou' a ação policial que havia acabado de acontecer.

Ele filmou as cenas para publicar em seu canal no Youtube, que atualmente conta com 3,6 milhões de seguidores. A gravação foi publicada e distribuída a diversos veículos de comunicação, como se fosse a verdadeira operação. A descoberta da encenação aconteceu com os depoimentos de policiais envolvidos na operação e outras testemunhas ao Ministério Público.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

Perfil Brasil
Compartilhar
Publicidade
Publicidade