Carandiru: pastoral carcerária enaltece condenação e defende indenizações
A Pastoral Carcerária divulgou um comunicado em que enaltece a responsabilização criminal de 23, dos 26 policiais militares envolvidos nas mortes de 13 detentos no massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992. Neste fim de semana, os PMs foram condenados a 156 anos de reclusão cada, pelo Tribunal do Júri no Fórum da Barra Funda, na capital paulista.
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"Reafirmamos o desejo de que todos os policiais envolvidos no episódio sejam responsabilizados pelos assassinatos, bem como os mentores da ação, especialmente os que, à época, ocupavam funções no governo do estado de São Paulo", diz a nota.
A Pastoral informou que defende que o Estado pague indenizações. "Melhor que a prisão dos policiais envolvidos seria a indenização, pelo Estado, dos familiares e dos sobreviventes do episódio". A entidade pediu ainda a exoneração de todos os réus envolvidos no massacre, pois alguns deles ainda ocupam cargos na administração pública ou na Polícia Militar.
A repercussão do julgamento do massacre do Carandiru, para a Pastoral, reacendeu o debate sobre as causas do aumento da criminalidade no País. "Esse problema não será resolvido com a política de encarceramento em massa, que predomina no Brasil, e que nas últimas duas décadas fez com que a população carcerária saltasse de 90 mil pessoas, em 1992, para 550 mil, em 2012".
"Encarceramento não é a solução para o fim da criminalidade, pois essa tem raízes complexas e sua redução demanda políticas públicas que vão além da Justiça Criminal", informa a nota.
O massacre
Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos.
Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.
A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.