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OAB-RJ lembra desaparecimento de estudante na ditadura

Um dos símbolos da resistência estudantil à ditadura militar, Fernando Santa Cruz desapareceu há 40 anos

21 fev 2014 - 22h05
(atualizado às 22h11)
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A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ), fez seção nesta sexta-feira para homenagear Fernando Santa Cruz, um dos símbolos da resistência estudantil à ditadura militar, desaparecido há 40 anos.

A homenagem reuniu parentes e representantes da Comissão Estadual da Verdade (CEV-RJ), do grupo Tortura Nunca Mais e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Fernado Santa Cruz. Oportunidade em que foi relançado o livro Onde Está Meu Filho?, de 1985, escrito pelos jornalistas Chico de Assis, Cristina Tavares, Jodeval Duarte, Gilvandro Filho, Nagib Jorge Neto e Glória Brandão.

Um dos irmãos de Fernando, João Artur Santa Cruz, lembra que ontem ele faria 66 anos, e no próximo domingo fará 40 anos do desaparecimento.

"Estamos relançando o livro, com documentos que a gente pegou desde a época do desaparecimento até a presente data. Fala da busca que mamãe fez à procura de Fernando nos cárceres do país todo. No novo livro sai o depoimento que um torturador daqui, o delegado de polícia Carlos Guerra. Ele conta que pegou Fernando, Eduardo Collier, Davi Capistrano e mais duas pessoas, e tocou fogo na usina, em Campos (norte do Estado do Rio)."

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/">Desaparecidos da ditadura</a>

Natural de Olinda (PE), Fernando Santa Cruz participou do movimento estudantil secundarista e chegou a ser preso em 1967, em uma passeata contra o acordo MEC-Usaid. Depois, ele estruturou a Associação Recifense dos Estudantes Secundaristas e, já sob a égide do Ato Institucional nº 5 (AI-5), se mudou para o Rio de Janeiro, onde cursou direito na Faculdade Federal Fluminense e atuou no DCE. Em 1972, casado e com o filho recém-nascido, passou em concurso da Companhia de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo e se mudou para a capital paulista.

De passagem pelo Rio, no carnaval de 1974, Santa Cruz saiu da casa do irmão Marcelo, para visitar amigos, e nunca mais foi visto. João Artur explica que a Comissão da Verdade do Estado de Pernambuco (CVE-PE) fez um dossiê e entregou na quinta-feira para a mãe dele, dona Elzita.

"A gente encontra várias coisas que já tinha nesses 40 anos de busca, nomes de torturadores, a data certa da prisão dele aqui, 23 de fevereiro de 1974, no Estado do Rio, no Doi-Codi. Ele estava preso e desapareceu dali de dentro. Mataram ele ali dentro. Os torturadores da época ocultaram o cadáver, até hoje não devolveram o cadáver para a gente poder fazer uma sepultura digna para Fernando. A mãe, ainda viva, com 100 anos, continua fazendo essa pergunta para as autoridades deste País: 'onde está o meu filho?'."

De acordo com João Artur, Fernando não era ligado à luta armada, mas era membro da Ação Popular Marxista-Lenista (AP). Quando Fernando desapareceu, seu filho Felipe tinha dois anos, e hoje é o presidente da OAB-RJ.

Agência Brasil Agência Brasil
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