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Grupo de fãs brasileiros promete empurrar Seleção de Marta

6 jun 2015 - 08h13
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A Seleção Brasileira feminina de futebol chegou ao Canadá nesta sexta-feira para o Mundial Feminino de Futebol. A abertura do torneio da Fifa será neste sábado, em Edmonton, cidade a oeste do país. As equipes de Canadá e China se enfrentam no Estádio Commonwealth. As brasileiras estreiam no dia 9, em Montreal, contra a Coreia, no Estádio Olympique, o mesmo dos Jogos Olímpicos de 1976. Elas também jogam com a Espanha, no dia 13.

Os brasileiros em Montreal estão se organizando para animar os compatriotas a darem apoio às jogadoras e assistirem aos jogos. Além de uma recepção calorosa no aeroporto, estão planejando um churrasco no dia 13 para reunir os torcedores e seguirem juntos para o estádio.

“A gente quer que a Seleção sinta que nós estamos dando suporte; que nós estamos felizes que os jogos iniciais sejam aqui em Montreal”, disse Stella Furquim, uma das organizadoras da torcida. O grupo, apesar de pequeno – segundo Stella foram vendidos mais de 200 ingressos com o código especial da torcida brasileira – promete animação. Uma página foi criada na rede social Facebook para a troca de informações. “Um dos nossos objetivos é aumentar o apoio ao futebol feminino”, defende Billa Furlanetto, atriz e também organizadora da torcida. “Temos excelentes jogadoras. A Marta foi cinco vezes a melhor jogadora do mundo. Então, a gente está querendo reforçar esse apoio”, reforça.

Seleção feminina é recebida pelo mascote Shuéme
Seleção feminina é recebida pelo mascote Shuéme
Foto: CBF

E se o futebol feminino não tem tanto prestígio no Brasil, país do futebol, no Canadá, país do hóquei, não parece ser diferente. Enquanto a Copa dos homens, no ano passado em território brasileiro mobilizou multidões, causou emoção e comoção, e foi assunto de destaque antes, durante e depois dos jogos, a Copa feminina em solo canadense tem sido mais discreta.

Em Montreal, segunda maior cidade do país, e onde ocorrerão nove jogos, incluindo a semifinal do dia 30 de junho, há cartazes e banners espalhados pela cidade, mas não na profusão em que eram vistos no Brasil. A publicidade na TV é mais intensa no canal que fará a transmissão dos jogos. Em outros, não é tão evidente. Andando nas ruas, não se vê à venda camisetas da seleção canadense com o nome das principais jogadoras. Nem as pessoas correm para as feiras a fim de trocar figurinhas do álbum que registra a história do torneio.

A competição é ofuscada pelos escândalos de corrupção na Fifa que culminaram com a renúncia na quarta-feira (3) do presidente da entidade, Joseph Blatter. São as denúncias e as detenções de dirigentes da instituição que ocupam destaque nas manchetes dos meios de comunicação. Mas a Associação Canadense de Futebol declarou em comunicado que aposta no sucesso do torneio. “Estamos confiantes de que os 30 dias de competição oferecerão um futebol emocionante para os fãs do esporte no Canadá e em todo o mundo”, dizia a nota publicada em 27 de maio, quando as primeiras notícias vieram a público.

Expectativas

A meta dos organizadores é chegar a 1,5 milhão de ingressos vendidos e gerar 267 milhões de dólares canadenses na economia do país. Os ingressos para a final em Vancouver já estão esgotados.

Quanto ao futebol, o foco é a qualidade. “Eu acho que em primeiro lugar, a expectativa é de fazer a melhor copa do mundo de futebol feminino que pudermos. A cada quatro anos a Fifa quer melhorar o funcionamento e a preparação de suas competições”, afirma o diretor-geral do Mundial Feminino da Fifa em Montréal, Francis Millien. “E há um grande desejo de provar para o mundo que o futebol feminino está em pleno desenvolvimento e que se tornou um futebol de qualidade”, acrescenta. Segundo Millien, com esse objetivo, o número de equipes participantes passou de 16, em 2011 na copa da Alemanha, para 24, nesta copa.

Para ele, o interesse pelo futebol feminino está crescendo no país. “As pessoas sabem que, pelo mundo, as garotas que representam a equipe nacional têm excelente qualidade”, elogia. “Jogadoras como Marta – só conhecíamos uma. Agora, temos sete, oito, nove, dez outras capazes de atrair o público. E aqui, Christine Sinclair, deve ser destacada”, diz.

Legados

A consolidação do esporte no Canadá com a busca de mais garotas pela profissionalização é um dos legados da copa esperados pela assessora técnica para a formação e desenvolvimento do futebol feminino da Federação de Futebol do Québec, Jessica Silva. “O Canadá é sortudo de este ano poder acolher a Copa e nós esperamos poder usar essa experiência no futuro para promover o alto nível do esporte”, ressalta.

Segundo Jessica, no Canadá existem apenas quatro equipes profissionais masculinas de futebol e nenhuma feminina. Os times masculinos jogam em duas ligas profissionais. As mulheres não têm liga profissional para jogar. “O futebol não é um esporte de alto nível, aqui, no sentido de que as pessoas não sonham em jogar como profissionais. E é difícil sonhar em ser profissional, quando não se tem liga profissional dentro do país para jogar”, constata.

O esporte, apesar de ter forte adesão entre as moças – segundo Jessica, 89 mil jogadoras na província de Québec, uma das principais do Canadá - continua sendo amador. “As garotas jogam para fazer uma atividade física, para estar com os amigos, ou porque gostam”, analisa a assessora.

Algumas chegam a receber salário, mas não igual ao dos jogadores dos times profissionais masculinos que conseguiram o apoio da mídia e mais subvenções. “A gente não enche os estádios como os rapazes. Então, não podemos pedir o mesmo salário se não enchemos os estádios como fazem os rapazes” explica.

Mas, Jessica acredita que o momento é oportuno. “Acabamos de passar de 16 equipes numa copa do mundo para 24. São oito equipes a mais. Oito países que se envolvem e investem no futebol feminino”, defende.

Para ela, é uma questão de tempo. “Vai levar um tempo para que nossas meninas sonhem em participar de uma copa do mundo como hoje, um menino, quando ele cresce com uma bola nos pés, ele sonha em jogar pelo Brasil, pelo Canadá, por um país”, avalia.  

Agência Brasil Agência Brasil
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