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Ministério da Defesa diz não ter sido consultado antes de fuga de senador

Segundo pasta, os dois fuzileiros navais que escoltaram a viagem foram convocados por diplomata brasileiro em La Paz

27 ago 2013 - 15h00
(atualizado às 15h03)
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<p>O senador boliviano Roger Pinto Molina, 53 anos, est&aacute; temporariamente em Bras&iacute;lia, na casa de seu&nbsp;advogado</p>
O senador boliviano Roger Pinto Molina, 53 anos, está temporariamente em Brasília, na casa de seu advogado
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Por determinação da presidente Dilma Rousseff, o Ministério da defesa divulgou nota nesta terça-feira para esclarecer a participação de dois fuzileiros navais na viagem que transportou o senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz para o território brasileiro, no último fim de semana. No documento, a pasta informa que nenhuma autoridade da Defesa foi consultada ou informada da viagem antes da chegada de Pinto Molina ao Brasil.

Segundo o ministério, os militares participaram da viagem após serem convocados pelo encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, Eduardo Saboia. A nota esclarece também que a participação dos fuzileiros "teve o objetivo exclusivo de garantir a segurança do diplomata brasileiro".

A pasta informou ainda que os três adidos militares na Bolívia encontravam-se fora de La Paz porque estavam participando de evento oficial do Exército boliviano, na cidade de Cochabamba. "Os adidos afirmaram que em momento algum foram informados da ação de deslocamento do senador boliviano para o Brasil. Dessa forma, nenhuma autoridade brasileira, no âmbito do Ministério da Defesa, foi consultada ou tomou conhecimento da viagem antes de o senador Roger Pinto ter ingressado em território brasileiro", conclui o texto.

Dilma: "DOI-Codi é tão distante da embaixada quanto céu do inferno":

Os esclarecimentos por parte do ministério atendem a uma determinação da presidente Dilma Rousseff, que nesta terça-feira demonstrou seu descontentamento com a ação que proporcionou a vinda do senador boliviano, que resultou na queda do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Em entrevista concedida ao deixar o Congresso, Dilma deixou claro que o que a irritou foi o fato de a vida de um asilado político ter sido colocada em risco.

Dilma rechaçou a comparação feita por Saboia, de que se sentia como se estivesse no DOI-Codi, no período em que deu abrigo ao senador boliviano - argumento que o teria motivado a colocar o plano de transferência em prática. "Eu estive no DOI-Codi. Eu sei o que é o DOI-Codi. E asseguro a vocês: é tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", afirmou, a presidente, que foi presa política por três anos no início dos anos 1970.

"A embaixada do Brasil é extremamente confortável. Nós negociamos em vários momentos o salvo-conduto e não conseguimos. Lamento profundamente que um asilado brasileiro tenha sidosubmetido à insegurança a que ele foi", disse, em outro momento.

Líder do partido de oposição Convergência Nacional, Molina é denunciado em pelo menos 20 processos por desacato, venda de bens do Estado e corrupção. Há 15 meses, ele refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz, alegando ser perseguido político, depois de fazer denúncias de corrupção contra o governo Evo Morales. O governo brasileiro lhe concedeu asilo político em maio de 2012, mas, para sair do país, o senador precisaria de um salvo-conduto (autorização) - que o governo boliviano negou. Neste final de semana, ele saiu de seu país com a ajuda de Saboia.

A falta desse salvo-conduto irritou a presidente, porque, para ela, isso representou risco a vida do diplomata e do senador. "O Brasil não poderia colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob a sua guarda", afirmou Dilma. "Um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é proteger a vida sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida e a segurança e garantimos conforto ao asilado", criticou. "Se nada aconteceu, não é a questão. Poderia ter acontecido."

Fonte: Terra
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