Justiça Federal aceita denúncia e torna réu 'Colômbia', mandante das mortes de Bruno e Dom Phillips
Ruben Dario da Silva Villar será julgado pelos homicídios duplamente qualificados de Bruno Pereira e Dom Phillips, em 2022
Justiça Federal do Amazonas torna Ruben Dario da Silva Villar, o 'Colômbia', réu por ser mandante dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, crimes associados à pesca ilegal no Vale do Javari.
A Justiça Federal do Amazonas aceitou, nesta segunda-feira, 21, a denúncia do Ministério Público Federal contra Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como 'Colômbia', apontado como mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em junho de 2022 em uma emboscada na região do Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas.
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A denúncia foi apresentada pelo MPF no dia 5 de junho passado, na ocasião em que os crimes completaram três anos, pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal e com o apoio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ) ao juízo da Subseção Judiciária Federal de Tabatinga (AM), onde corre o processo.
Na ação, a promotoria federal atribui a 'Colômbia' homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem chance de defesa para as vítimas. O agora réu está preso desde dezembro de 2022 e também é investigado por pesca ilegal, contrabando e tráfico de drogas.
A investigação apontou 'Colômbia' como líder de uma organização criminosa, com estrutura e hierarquia, que operava com o objetivo de obter lucro por meio da pesca e caça ilegais no território indígena situado no Vale do Javari.
Ele fornecia recursos como embarcações, armamentos e combustível, necessários para a prática dos crimes ambientais, e ainda garantia a aquisição dos produtos ilícitos que revendia em territórios peruanos e colombianos.
As apurações dão conta, ainda, de que 'Colômbia' tinha contato direto com o réu Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como 'Pelado', que, junto aos réus Oseney da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, devem ser julgados pelo duplo homicídio qualificado, segundo o MPF.
Ainda de acordo com o inquérito da Polícia Federal, o crime foi encomendado porque o trabalho de Bruno Pereira, que treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território, e de Dom Phillips, que documentava a Amazônia, causaria prejuízo financeiro ao esquema de pesca clandestina.
Relembre o caso
Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho de 2022, durante uma viagem à Amazônia. Os restos mortais foram encontrados apenas dez dias depois. A perícia concluiu que eles foram assassinados a tiros, esquartejados, queimados e enterrados no Vale do Javari.
Três pescadores foram presos na fase inicial da investigação. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como 'Dos Santos'; e Jeferson da Silva Lima, o 'Pelado da Dinha'. Todos teriam participado diretamente do crime e serão levados a júri popular.
Um segurança particular do traficante foi preso em dezembro de 2023. E Jânio Freitas de Souza, seu principal comparsa, detido pela Polícia Federal em janeiro de 2024.
Autoridades também vinham sendo investigadas, em um inquérito apartado, por suspeita de omissão na fiscalização e segurança dos indígenas no Vale do Javari. A Polícia Federal chegou a indiciar o ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Marcelo Xavier, que comandou o órgão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
*Com informações de Estadão Conteúdo.

