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Governo só aceita mudanças que não mexam na "espinha" da reforma e tragam votos para aprovação, diz Marun

15 dez 2017 - 18h33
(atualizado às 18h51)
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O governo do presidente Michel Temer só vai aceitar mudanças na reforma da Previdência que não mudem a "espinha dorsal" da proposta --o combate a privilégios-- e ao mesmo tempo garanta novos apoios para se aprovar a reforma, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, na primeira entrevista coletiva após assumir o cargo.

Ministro Marun toma posse em cerimônia com o presidente Temer em Brasília
 15/12/2017    REUTERS/Adriano Machado
Ministro Marun toma posse em cerimônia com o presidente Temer em Brasília 15/12/2017 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Após a decisão de adiar a votação da matéria na Câmara da próxima semana para o dia 19 de fevereiro, integrantes do governo e parlamentares envolvidos diretamente com o texto passaram a discutir uma nova regra de transição de aposentadoria para servidores públicos que entraram na ativa antes de 2003.

Em entrevista na posse de Marun, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, admitiu publicamente a negociação, o primeiro integrante da equipe econômica do governo a fazê-lo. Antes, o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, havia se posicionado frontalmente contra a qualquer alteração ao último texto apresentado do relator Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).

"A uma primeira vista seria uma concessão adicional dentro do processo. Mas nós estamos num processo de negociação, eventualmente alguma concessão poderá ser feita. Não é o que gostaríamos, mas isso faz parte da discussão", disse ele a jornalistas, afirmando que ainda não foi avaliado o impacto fiscal negativo da investida.

A primeira versão da reforma, apresentada ainda em 2016, previa uma economia de 800 bilhões em 10 anos. Essa economia caiu para 480 bilhões de reais com a última versão do texto, de três semanas atrás.

A articulação sobre essa mudança na proposta foi discutida na véspera em reunião promovida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que contou com a presença do relator Arthur Maia, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e representantes do Judiciário e do Ministério Público Federal.

Essa sugestão foi inicialmente apresentada por deputados do PSDB, partido que, embora tenha fechado questão em favor da proposta, está longe de garantir o apoio maciço dos parlamentares à reforma --dos 46 deputados, não mais 30 devem votar a favor da matéria.

Em sua primeira entrevista como ministro, Marun não fez uma avaliação direta sobre a emenda que beneficiaria funcionários públicos que ingressaram no serviço antes de 2003. Mas defendeu que eventuais mudanças não desconfigurem radicalmente o texto.

"Quero deixar bem claro, o governo não tem compromisso com nenhuma mudança e não aceitará mudanças que mudem a espinha dorsal da reforma, ou seja, o fim dos privilégios", disse.

O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), em sua primeira declaração após deixar a Secretaria de Governo, indicou que vai defender que os tucanos se posicionem contra essa mudança na regra de transição de servidores públicos. "Uma das linhas mestras da reforma é o combate a privilégios", disse. "O partido tem que observar isso senão vai ficar muito mal", completou.

Para o novo ministro, o "importante" é que aqueles que sugiram mudanças tragam também "votos" para aprovar o texto.

Na cerimônia de posse de Marun, após passar dois dias internado, Temer admitiu que o governo tinha de 270 a 280 votos em favor da proposta, o que levou ao adiamento da apreciação da matéria. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição, são necessários os votos de pelo menos 308 dos 513 deputados.

"Simplesmente muda isso, muda aquilo e efetivamente não contribui para o número de votos que nós temos, não é ideal", avisou Marun.

RECESSO

Tanto Temer como Marun minimizaram o fato de a votação ter ficado para fevereiro, após o recesso. O presidente classificou como "ótimo" esse adiamento, porque ninguém quer "constranger" deputados e senadores. Segundo ele, os parlamentares vão voltar as suas bases e retornarão ao Congresso "mais animados" votarem a favor da reforma.

O novo ministro, por sua vez, disse que o recesso terá um "efeito diferente" e que, após pesquisas de opinião mostrarem um aumento do apoio popular à proposta, a paralisação das atvidades, em vez de atrapalhar, vai ajudar a aprovação.

O titular da Secretaria de Governo afirmou que até o momento não definiu nenhum tipo de mudança na equipe e que pretende estabelecer uma estrutura a fim de facilitar a votação da reforma.

Ele disse que vai estabelecer um canal de diálogo com parlamentares em Brasília durante o recesso e não descartou até ir aos Estados para fazer a defesa da reforma a grupos de deputados e senadores.

Marun disse que está "muito confiante" de que não serão necessários novos adiamentos da votação da proposta. Para ele, a data escolhida pelo presidente da Câmara foi "extremamente adequada".

No seu discurso, Temer afirmou que com o "gigante" Marun "com certeza" a matéria vai passar.

"Digo em alto e bom som, nós vamos aprovar a Previdência no Congresso, não tenho a menor dúvida disso", afirmou.

Nesta manhã, em Fortaleza, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também apostou no "convencimento" dos parlamentares durante o recesso.

"Se a gente conseguir esse convencimento, a gente consegue votar sim em fevereiro e dar uma sinalização importante de estabilidade fiscal e possibilidade de investimentos ao longo prazo no Brasil", disse a jornalistas, após reunião com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

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