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Exército faz cerco à maior favela do Rio

23 set 2017 - 09h12
(atualizado às 12h30)
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Quase mil soldados ocupam a Rocinha, comunidade em zona nobre da cidade que há uma semana vive guerra entre facções pelo controle do tráfico, sem que a PM consiga freá-la.O Rio de Janeiro voltou a recorrer às Forças Armadas para frear a violência, desta vez para tentar pôr fim aos tiroteios em sua maior favela, a Rocinha, comunidade de mais de 100 mil habitantes tida como "pacificada" pelo governo, mas que há sete dias vive uma guerra de facções pelo controle do tráfico.

Na sexta-feira (22/09), após cinco dias de operações policiais improdutivas e intensos tiroteios que fecharam a principal via entre as zonas Sul e Oeste, a favela foi cercada pelas Forças Armadas, por solicitação do governador Luiz Fernando Pezão. Quase mil soldados foram enviados ao local.

"Não vamos recuar na Rocinha! Vamos continuar avançando com o Bope e o Choque em conjunto com as Forças Armadas", escreveu Pezão no Twitter.

Os militares, apoiados por dez veículos blindados, chegaram aos acessos da Rocinha por volta de 15h45. Meia hora depois, começaram a espalhar-se pelas ruas da favela para dirigir-se às florestas que rodeiam a comunidade, onde se escondem os atiradores que tentam expulsar o grupo que atualmente controla o tráfico de drogas na região.

Segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto das Operações ao Plano Nacional de Segurança no Rio de Janeiro, almirante Roberto Rossatto, as Forças Armadas vão apoiar a retomada do controle da favela da Rocinha com ações na mata e nas principais vias de acesso à comunidade para que as forças de segurança estaduais atuem com mais facilidade. O espaço aéreo no entorno da favela foi fechado pela Aeronáutica.

Rossatto disse que, diferentemente das outras ações das Forças Armadas no Rio, desta vez as tropas estão atuando nos acessos à comunidade e no seu entorno, na vegetação de mata fechada, com o uso de helicópteros para desembarcar homens do Exército treinados para fazer o reconhecimento, e militares para auxiliar a comunicação da operação.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, afirmou que os criminosos estão, em sua maioria, abrigados na mata, mas como a Rocinha é muito grande, eles podem estar escondidos também em casas na comunidade. Ele garante que a cidade "não está em guerra".

O Exército já está no Rio desde julho, numa tentativa de frear a onda de violência na cidade, em meio à grave crise econômica que o estado atravessa. As tropas federais vão ficar na Rocinha por tempo indeterminado. É a primeira vez que os militares ingressaram em uma favela desde a criação da força-tarefa entre forças estaduais e tropas federais neste ano.

A Rocinha é considerada estratégica para os traficantes - por sua posição entre duas zonas nobres da cidade e por suas ruas estreitas e densa mata no alto do morro, que facilitam fugas em caso de invasão.

A favela vive um clima de guerra desde o último domingo, quando o grupo liderado pelo traficante Nem da Rocinha, que está preso, entrou na comunidade para retomar os pontos de venda de drogas. Desde então, trocas de tiros acontecem diariamente e semeiam o terror entre os cariocas.

Mesmo ocupada pelo Exército, a Rocinha continuou a registrar tiroteios durante a madrugada de sexta para sábado.

RPR/ots

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