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ENTREVISTA-Bolsonaro não poderá ficar "refém" de presidente da Câmara, diz aliado que defende nome do PSL

19 out 2018 - 19h28
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Caso saia vitorioso das urnas no segundo turno da disputa presidencial, Jair Bolsonaro (PSL) não poderá ficar "refém" do novo presidente da Câmara, afirmou o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), aliado do presidenciável e defensor da tese segundo a qual o comando da Casa deve ficar com o PSL.

Plenário da Câmara dos Deputados
02/08/2017
REUTERS/Adriano Machado
Plenário da Câmara dos Deputados 02/08/2017 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Segundo ele, um nome do PSL à frente da Câmara traria uma garantia de governabilidade a Bolsonaro.

"Nós não queremos um presidente (da República) refém de um presidente da Câmara", disse à Reuters por telefone. "Nós queremos um presidente (da República) independente."

"O presidente da República acaba comendo na mão do presidente Câmara, por isso não concordo que ele seja do centrão, ou seja do partido A, B, C ou D e de algumas pessoas. Por isso que eu prego que ele seja do PSL", afirmou.

Sobre o atual presidente da Casa, que já demonstrou a intenção de se reeleger ao cargo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Waldir voltou a dizer que preferiria um nome de seu partido e lembrou do acordo do carioca com partidos de esquerda para se eleger.

Afirmou que apesar do alinhamento do deputado à agenda de reformas, Bolsonaro poderia, sim, ficar refém de Maia.

"Com certeza. Você não pode esquecer que o pai dele foi derrotado pelo filho do Bolsonaro e por um aliado do Bolsonaro ao Senado no Rio de Janeiro", lembrou. Cesar Maia (DEM) ficou em terceiro lugar, atrás de Flávio Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PSD).

Delegado Waldir diz não conversar com o centrão ou partidos, mas com pessoas, e defendeu que o próximo a ocupar a cadeira de comando da Câmara não esteja envolvido nas investigações da Lava Jato.

"O pai do Rodrigo Maia foi derrotado, o sogro dele é investigado na Lava jato, o Rodrigo é investigado na Lava Jato. Então nós não podemos ficar reféns de réus da Lava Jato ou de pessoas investigadas na Lava Jato."

O deputado do PSL aproveitou, inclusive, para citar outros nomes do partido que se colocam como fortes candidatos à Presidência da Câmara. Além de si mesmo, lembrou de outro filho de Bolsonaro, Eduardo (SP), Joice Hasselmann (SP) e Kim Kataguiri (SP), assim como Luciano Bivar (PE), presidente licenciado da legenda.

"Isso lá na frente vai afunilar", avaliou, defendendo que o candidato do partido seja definido pelo voto da bancada.

"Dentro da bancada devemos fazer uma eleição e aquele que for mais votado dentro da bancada, que tenha experiência e que queira ser o presidente da Câmara seja o escolhido para ser o nosso candidato e tenha o apoio dos demais."

Eduardo Bolsonaro tem dito, no entanto, que o PSL poderia apoiar um nome de fora do partido para o comando da Câmara, desde que afinado às bandeiras do pai. [nL2N1WQ0CW][nL2N1WW2AB]

MUDAR REGIMENTO "ANDIDEMOCRÁTICO"

O deputado federal reeleito classificou o atual regimento da Câmara de "muito antidemocrático" e defendeu mudanças para agilizar, por exemplo, a tramitação de propostas legislativas. Ele disse que, respeitado o direito das minorias, é preciso mudar a forma de se fazer obstrução na Casa --recurso ao qual se recorre para evitar a votação de determinadas matérias.

"Os partidos nanicos conseguem travar toda a pauta da Câmara por horas e por dias com as ferramentas previstas no regimento", criticou. "Penso que, se não agirmos tomando cuidados com esses pequenos detalhes, nós voltaremos a ter quatro anos de muita embromação do eleitor", completou.

O parlamentar disse que é indispensável também enxugar o número de comissões temáticas na Câmara, considerado por ele excessivo, e até mesmo o quadro funcional de forma a dar vazão aos trabalhos dos deputados e não penalizar os novatos.

Ao ser questionado sobre o foco da pauta legislativa, Delegado Waldir defendeu que, a partir de fevereiro de 2019, o novo Congresso priorize não apenas a pauta econômica.

"Penso que a pauta prioritária é a de interesse do país, as pautas econômicas, as reformas tributária, previdenciária, reforma da segurança pública, na legislação penal e de processo penal, reformas mais necessárias para o equilíbrio do país", afirmou.

"Eu penso que tem que tramitar todas as pautas importantes, não devemos focar apenas em uma pauta. Não tem que parar o país apenas em função de uma pauta. A Câmara tem que ser mais produtiva, ela é muito improdutiva", completou.

Bolsonaro lidera com folga as pesquisas para o segundo turno da eleição presidencial. Levantamento do Datafolha divulgado na quinta-feira mostrou o candidato do PSL com 59 por cento dos votos válidos, contra 41 por cento de Haddad.

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