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Crise na Venezuela: Guaidó e López foram para o tudo ou nada, diz Mourão

Ele diz, porém, que é difícil saber o que ocorrerá no país. 'Não tem nada a ser decidido. Temos que esperar o que vai acontecer lá. A situação é confusa.'

30 abr 2019 - 15h28
(atualizado às 15h55)
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Mourão diz que opositores de Nicolás Maduro foram para 'o tudo ou nada'
Mourão diz que opositores de Nicolás Maduro foram para 'o tudo ou nada'
Foto: Planalto / BBC News Brasil

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse que as informações que chegam por meio do adido militar brasileiro na Venezuela são limitadas e por isso é preciso aguardar antes de o governo brasileiro tomar qualquer atitude. Após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros, Mourão disse que continua descartada qualquer ação militar brasileira contra o governo venezuelano.

"Não existe possibilidade (de ação militar)", respondeu a jornalistas na entrada da Vice-Presidência.Ao analisar a situação na Venezuela, Mourão disse que os opositores Juan Guaidó e Leopoldo López foram para o "tudo ou nada" contra o presidente Nicolás Maduro. "O diagnóstico é esse: Guaidó e Leopoldo López foram para uma situação que já não tem retorno, não há mais recuo. Depois disso aí, ou eles vão ser presos ou Maduro vai embora. Não tem outra saída. Eles foram para o tudo ou nada. A situação está difícil", disse.

Para o vice-presidente brasileiro, não é possível traçar uma previsão do que pode ocorrer no país vizinho.

Juan Guaidó ao lado de um dos principais oposicionistas, Leopoldo López, que foi liberdado da prisão nesta terça
Juan Guaidó ao lado de um dos principais oposicionistas, Leopoldo López, que foi liberdado da prisão nesta terça
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Não tem nada a ser decidido. Temos que esperar o que vai acontecer lá. A situação é confusa", disse nesta terça.

Questionado sobre qual seria a atuação do filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, que está em Roraima próximo à fronteira com a Venezuela, respondeu: "Isso aí eu tô fora".

O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também destacou a falta de informações precisas sobre a situação na Venezuela, mas avaliou que Guaidó não parece ter apoio expressivo das Forças Armadas.

Segundo ele, embora o autoproclamado presidente venezuelano tenha anunciado contar com a adesão de liderança militares, isso atá agora não se comprovou.

"A gente tem a impressão de que o lado do Guaidó é fraco militarmente", afirmou após a reunião com Bolsonaro.

Ainda assim, Heleno considera que a atitude do presidente autoproclamado é "perfeitamente válida".

"O anúncio dele foi em busca de apoio. É natural que ele fizesse uma autopropaganda em busca de apoio", afirmou.

Caso o levante liderado por Guaidó fracasse, o ministro disse que o Brasil vai manter a mesma postura de antes, repudiando qualquer possibilidade de intervenção militar.

"(Vamos manter) o mesmo (posicionamento) de agora, condenado o governo Maduro por ser uma ditadura e esperando que o povo venezuelando tome alguma providência ou as Forças Armadas mude de posição e venha a adotar uma postura anti-Maduro", afirmou.

'Fase final'

Desde o início da manhã desta terça-feira, o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, anunciou a "fase final" de sua tentativa de pôr fim ao governo do presidente Nicolás Maduro - e diz que tem apoio militar para tanto.

Em um vídeo aparentemente gravado numa base da força aérea e publicado nas redes sociais, Guaidó aparece junto a homens de uniforme e de outro líder da oposição, Leopoldo López, que cumpria prisão domiciliar após ter sido considerado culpado por incitar a violência durante protestos contra o governo em 2014.

Manifestantes venezuelanos atiram pedras contra veículos em frente a base do Exército
Manifestantes venezuelanos atiram pedras contra veículos em frente a base do Exército
Foto: AFP / BBC News Brasil

Guaidó pede que os militares o ajudem a acabar com a "usurpação" do poder por Nicólas Maduro. A oposição considera que o governo não é legítimo e não reconhece a eleição de 2018, quando Maduro venceu com cerca de 70% dos votos. Opositores decidiram boicotar o pleito após ações do governo contra seus integrantes.

O governo, por sua vez, chamou o episódio de hoje de "pequena tentativa de golpe".

Em nota à imprensa enviada no início da tarde, o general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência brasileira, exortou "todos os países, identificados com os ideais de liberdade, para que se coloquem ao lado do Presidente Encarregado Juan Guaidó na busca de uma solução que ponha fim na ditadura de Maduro".

Após o anúncio de Guaidó, passaram a ser registrados distúrbios e enfrentamentos entre forças de segurança e manifestantes em Caracas. "Há barricadas, as pessoas estão bloqueando o tráfego. A polícia e a Guarda Nacional estão nas ruas e os partidários de Guaidó os desafiam", disse o correspondente da BBC Mundo na capital venezuelana, Guillermo Olmo, nas primeiras horas desta terça-feira.

Segundo a agência de notícias AFP, as forças leais a Maduro utilizam gás lacrimogêneo para repelir os manifestantes, concentrados em frente à base aérea militar La Carlota, na capital.

O clima de tensão seguia ao longo da tarde, com milhares de pessoas nas ruas.

Imagens exibidas pelo canal Globonews mostram várias pessoas lançando objetos contra blindados das forças de segurança, bem como o momento em que um desses veículos atropela parte dos manifestantes.

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