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'Se eu tiver que sair do País, vai demonstrar a falência do Estado', diz promotor alvo do PCC

Lincoln Gakiya comentou sobre a necessidade de seguir com escolta após se aposentar. E defendeu a criação de uma agência para que o Brasil consiga agir de maneira integrada e mais eficiente contra o crime organizado

24 out 2025 - 16h06
(atualizado às 16h26)
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O promotor de Justiça Lincoln Gakiya comentou nesta sexta-feira, 24, sobre a necessidade de proteção que ele e os demais integrantes das forças de segurança pública que atuam contra o crime organizado recebam do Estado.

"Eu não vou ser perdoado pelo crime organizado, portanto, eu preciso, sim, de proteção do Estado. Isso não é um favor, é um direito que eu tenho", comentou em coletiva de imprensa.

Jurado de morte pelo PCC há mais de dez anos, a facção monitorava a vida do promotor para matá-lo. "Eu lamento não só por mim, mas pela minha família. Só eu sei o que a gente passa nesses últimos dez anos." Os criminosos chegaram a alugar uma casa perto do condomínio onde ele mora e usaram drones para vigiá-lo.

Combo com promotor Lincoln Gakiya e diretor de presídios Roberto Medina
Combo com promotor Lincoln Gakiya e diretor de presídios Roberto Medina
Foto: Stephanie Fonseca/Estadão/Repro / Estadão

Roberto Medina, diretor de presídios de SP, também estava na mira da facção. Segundo Gakiya, Medina atua há mais de 30 anos na área e só foi ter escolta recentemente.

Uma nova operação do MP, realizada nesta sexta, descobriu como atua o setor da facção responsável por elaborar atentados contra autoridades.

Questionado se pretende deixar o Brasil após se aposentar, principalmente por conta do risco de não ter mais escolta, ele disse que uma mudança simbolizaria a falência do País no combate ao crime organizado.

"Se eu tiver que sair do País, se isso acontecer depois da aposentadoria, vai demonstrar a falência do Estado brasileiro. Não é o promotor que está fugindo do País para continuar vivo. É toda uma história de combate que vai por terra. E novos colegas não se sentir encorajados a continuar e serem abandonados no futuro."

O promotor defendeu ainda uma mudança na legislação e a criação de uma agência para que o País consiga agir de maneira integrada e mais eficiente.

"Os EUA precisaram passar pelo 11 de setembro para que as mais de 1700 policias se unissem e trabalhassem sob o mesmo teto de uma maneira coordenada."

"Precisamos ter uma coordenação desses esforços e essa coordenação não existe hoje. Isso faz com o que o crime, por exemplo, enxergue o promotor Gakiya como um individuo atuando sozinho, ou junto com o MP de SP, mas não some toda a segurança do País."

Ordem para matar

O promotor ainda apontou que a morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes fazia parte de um plano maior do PCC.

"E adianto também que provavelmente faz parte do mesmo salve, de uma mesma ordem, que culminou com a morte, infelizmente, do Dr. Ruy Ferraz Fontes. Nesse mesmo salve havia a ordem para me matar e matar o Dr. Roberto Medina também", disse Gakiya em entrevista à GloboNews na manhã desta sexta, 24.

Delegado de Polícia por mais de 40 anos, Ruy foi o responsável por indiciar toda a cúpula do PCC em 2006. Ele foi executado em uma emboscada na Praia Grande.

Facção tem setor estruturado para planejar atentados

Segundo o MP, tal célula do crime organizado é estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada. Os integrantes são responsáveis por realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados.

De acordo com os elementos colhidos, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, num plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização.

O setor opera sob rígido esquema de compartimentação, no qual cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama.

Quem são o promotor e diretor de presídios

Medina e Gakiya são velhos alvos do PCC. Ambos já tiveram seus nomes envolvidos em outros planos da facção. Eles eram apontados pelos criminosos como "cadáveres excelentes", ou seja, vítimas notórias do crime organizado.

Gakiya é um dos principais responsáveis por investigar a facção no País. Ele é membro do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) do Ministério Público Estadual e atua contra o PCC há mais de 20 anos.

Leia mais:

Medina é coordenador das penitenciárias da região oeste de São Paulo, onde está detida a maioria das lideranças do PCC no Estado.

Estadão
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