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RJ: últimos manifestantes deixam Câmara após 12 dias de ocupação

21 ago 2013 - 10h49
(atualizado às 15h13)
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<p>Manifestantes são mantidos à base de doações que são entregues aos que estão fora da Casa, acampados nas escadarias e na Cinelândia</p>
Manifestantes são mantidos à base de doações que são entregues aos que estão fora da Casa, acampados nas escadarias e na Cinelândia
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Os sete manifestantes que continuavam ocupando a Câmara Municipal do Rio de Janeiro há 12 dias deixaram o prédio público no começo da tarde desta quarta-feira. O grupo saiu da Câmara acompanhado de vereadores da oposição e foi aplaudido por outros manifestantes que aguardavam do lado de fora do edifício. Os ativistas ficaram nas escadarias da Câmara, onde prometem continuar os protestos.

O prédio foi desocupado depois de uma ordem judicial assinada pelo desembargador Fernando Fernandy Fernandes, que havia autorizado até a utilização de força policial. A desocupação, no entanto, foi pacífica, de acordo com os manifestantes.

"A nossa atitude deixa clara a falta de legitimidade da CPI. Toda a população está em nosso favor. A postura da presidência da Câmara nunca foi de dialogar com os manifestantes", disse um dos jovens que ocupavam o prédio, que se identificou apenas como Amarildo - em referência ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu após ser levado por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

O vereador Eliomar Coelho (Psol) criticou a desocupação da Câmara: "infelizmente, a casa está fechada porque cancelaram a sessão de hoje. O livro de presenças tem 10 assinaturas, e a casa deveria estar aberta. Se está fechada, é porque alguma coisa de errado está sendo feito".

Os manifestantes pedem a saída de quatro membros da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Ônibus que não assinaram a petição para a instalação da CPI e ocupam os postos-chave da comissão, como Chiquinho Brazão, presidente, e Professor Uóston, relator, ambos do PMDB. A oposição, liderada pelo vereador do Psol Eliomar Coelho, ainda vai tentar uma manobra nesta tarde para tentar mudar a CPI.

Os vereadores oposicionistas pedirão pela segunda vez que o presidente da comissão aprove uma mudança nos membros da CPI - na primeira vez, Brazão negou o pedido. Se ele aceitar desta vez, o assunto irá a votação, e a oposição acredita que tem grandes chances de ser derrotada. Por isso, os opositores enviarão à Justiça um pedido de mandado de segurança para tentar impedir a realização da primeira sessão da CPi, que está marcada para amanhã.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Colaborou com esta notícia o internauta José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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