Por que é mais fácil cair um avião de pequeno porte do que aeronaves comerciais?
Brasil já registrou 24 ocorrências só neste começo de ano; especialista explica aumento de casos
Em pouco mais de 40 dias, o ano de 2025 já registrou 24 acidentes, de acordo com dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Deste montante, sete ocorrências deixaram vítimas, com 11 mortes. Todas as ocorrências foram com aeronaves de segmento de aviação geral.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A aviação geral é uma divisão realizada dentro do sistema de tráfego aéreo que engloba todos os voos que não são realizados por linhas aéreas ou de cargas, podendo ser aviões pequenos e médios, helicópteros, taxis aéreos e outras variações.
Na última sexta-feira, 7, mais um acidente com avião de pequeno porte aconteceu em São Paulo. O modelo Beechcraft King Air F90 caiu por volta das 7h20, na altura do condomínio Jardim das Perdizes, na Zona Oeste da capital paulista, caiu logo após decolar no aeroporto do Campo de Marte.
Com isso, surgiu a dúvida: por que aeronaves da chamada "aviação geral" são mais propensas a acidentes? Para Daniel Kalazans, perito aeronáutico, a aviação comercial é mais profissionalizada e mais fiscalizada do que a aviação geral.
"A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não tem como fiscalizar todas as aeronaves e nem todos os aeroportos. E, por ser menos fiscalizada, os profissionais da aviação geral acabam relaxando mais", afirmou.
O portal Sipaer, da Força Aérea Brasileira, registrou 44 acidentes fatais durante o ano de 2024, nos quais 152 pessoas morreram. Entre os mais marcantes estiveram a queda do avião da Voepass, em Vinhedo, no interior de São Paulo, e o acidente envolvendo uma aeronave particular em Gramado, no Rio Grande do Sul.
"Em Canelas, o piloto não deveria nem ter decolado devido às condições climáticas", alerta o perito. Na ocasião, 10 pessoas morreram na queda da aeronave particular no final do ano passado.
Para Kalazans, o Brasil possui uma formação de novos pilotos precária e com falta de treinamento adequado. Nos últimos 10 anos, o País registrou 375 acidentes aéreos que culminaram na morte de 785 pessoas, segundo o Sipaer.
“Manutenção deficiente, má formação, mau treinamento e pilotos assumindo riscos desnecessários são os principais causadores de acidentes”, define Kalazans.
Segundo ele, os modelos de avião em si são seguros, o problema são os protocolos de manutenção preventiva e corretiva que precisam ser cumpridos de acordo com as ordens do fabricante.
“Se as aeronaves passarem pelo tipo de rigor previsto. Nunca haverá problemas de segurança”, argumentou.