Polícia acha fábrica de bebida adulterada com metanol em SP; posto de gasolina abastecia quadrilha
Produto intoxicado já foi associado a duas mortes na capital e na Grande SP; Secretaria da Segurança afirma descartar elo com o PCC
A Polícia Civil de São Paulo localizou nesta sexta-feira, 10, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, uma fábrica clandestina que distribuía bebidas adulteradas a outros estabelecimentos comerciais, que estão ligadas a duas mortes de intoxicação por metanol no Brasil. A investigação aponta que a quadrilha comprava etanol misturado com metanol em postos de combustíveis.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, voltou a descartar a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC). "Até aqui não tem nenhum indício (participação do PCC). O que aconteceu, que nós estamos concluindo, é que criminosos foram prejudicados por uma organização criminosa", disse.
Segundo o secretário, ninguém que foi preso até o momento tem ligação com a facção. "Não tem nenhum indício até aqui de que eles estejam, de fato, juntos nesse processo, nessa cadeia ilícita. Nenhum criminoso preso ou investigado é faccionado, eles não têm a mesma centralização de advogados, isso que é característico da própria organização criminosa."
A outra vítima é Marcos Antônio Jorge Júnior, de 46. Ambos consumiram bebida alcoólica no Bar Torres, na Mooca, zona leste de São Paulo, já interditado pela Vigilância Sanitária.
O Bar Torres afirmou que colabora com as autoridades e que "todas as bebidas são originais, adquiridas apenas de fornecedores oficiais e com nota fiscal, garantindo procedência e confiança".
Ainda de acordo com a pasta, peritos detectaram a presença de metanol em oito desses produtos, com percentuais que variavam de 14,6% a 45,1%. Não existe dose mínima de consumo da substância, que pode levar à cegueira e à morte.
O proprietário do bar admitiu em depoimento que comprou as garrafas de uma distribuidora ilegal, que fabricava bebidas usando etanol de postos de combustível misturado com metanol, um composto altamente tóxico e proibido para consumo humano, segundo a polícia.
A polícia desconfia que o falsificador de bebidas foi adquirir etanol e acabou comprando metanol.
"O crime organizado, lucrando exponencialmente, tanto com a a lavagem de dinheiro, usando CNPJ dos postos de combustíveis, e lucrando com a adulteração do etanol com o metanol. Na verdade essa organização criminosa prejudicou esses criminosos que fazem a adulteração da bebida".
Outros endereços estão sendo vistoriados
Além de São Bernardo do Campo, endereços em São Caetano do Sul e na capital paulista foram vistoriados. "Ao todo, oito suspeitos foram encaminhados à delegacia para prestar esclarecimentos", segundo a SSP.
Na operação, a polícia apreendeu garrafas, bebidas, celulares e outros itens para análise. As investigações continuam para identificar os envolvidos e a procedência dos produtos.
Balanço de casos de intoxicação no Brasil
Conforme atualização do Ministério da Saúde feita na quarta-feira, 8, número de intoxicados por metanol no País está em 24. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os Estados com casos confirmados.
Outras 235 notificações estão em investigação, a maioria concentrada em São Paulo.