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Manifestantes criam novo site para denunciar abusos em protestos em SP

Qualquer pessoa pode publicar textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio dos protestos contra o aumento das tarifas de ônibus

14 jun 2013 - 09h24
(atualizado às 10h05)
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Estudante postou foto com marcas da agressão sofrida durante o protesto
Estudante postou foto com marcas da agressão sofrida durante o protesto
Foto: Reprodução

Com a continuação dos confrontos durante os protestos contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo, um novo tumblr - site que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio - foi criado por manifestantes com o objetivo de abrir espaço para relatos de abusos e agressões cometidas durante os atos na capital paulista. Por meio do site chamado de Feridos no protesto em SP, qualquer pessoa pode falar sobre as manifestações que terá o texto original no ar.

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Em um dos relatos, uma estudante conta que estava observando a manifestação com um grupo de amigos na porta da universidade onde estuda quando foram atingidos pela polícia. "Eis que a cavalaria passa (lembrando que tudo isso se passou na porta da faculdade) e param cerca de 10 carros da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) há uns 10 metros da esquina da Piauí com a Consolação. Ali começou o caos. Comentei com as pessoas que eles iriam arremessar bombas na nossa direção e todos discordaram, dizendo que não tinha motivo pra isso. E não tinha. Eram menos de 30 estudantes na esquina só tirando foto, mas em questão de segundos, “booooom”!", disse. Junto com o texto, ela postou uma foto onde mostra os ferimentos sofridos no braço por estilhaços de uma das bombas. "Na hora senti a dor, mas não parei de correr", afirmou.

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Em outro post, o texto entitulado de "Notícias de uma guerra muito suspeita" de Elcio Fonseca conta a dificuldade encontrada pelo autor ao tentar pegar o trem para voltar para casa após o trabalho. "Para minha surpresa, a estação estava fechada. Guardas me avisaram “volte até a estação Trianon/Masp, se quiser embarcar”. Achei um exagero, protestei, quando me volto para o lado esquerdo da Paulista e vejo pessoas vindo de mãos levantadas, fotógrafos com as câmeras suspensas, e, antes mesmo que pudesse me dar conta desse exagero, cerca de seis motocicletas irrompem pela nossa calçada, em velocidade e impetuosidade, atropelando pessoas, seguida de dezenas de cavalos, ao que todos, assustados e, alguns de nós, já em estado de pânico e estupor, encostam-se nas marquises. Quando fui protestar, os soldados da Policia Militar, com cacetetes batendo em seus escudos, foram nos empurrando, e, particularmente em mim, bateu com um cacetete nas costas, sem que eu pudesse pelo menos perguntar onde poderia tomar o Metrô. Uma truculência e humilhação a que não tinha presenciado nem nos momentos mais duros do regime militar", comparou Fonseca. 

O que não sai na TV

O primeiro site criado pelos manifestantes para denunciar abusos durante os protestos ganhou o nome de "o que não sai na TV". O espaço informa que reproduz na íntegra os depoimentos enviados, sem nenhuma edição. 

Cenas de guerra nos protestos em SP

Milhares de pessoas foram às ruas na noite de quinta-feira no quarto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo. Mas a passeata, que começou pacífica - com jovens cantando, carregando cartazes e distribuindo flores para a população -, terminou com cenas de guerra em diversas ruas do centro.

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As primeiras bombas de gás lacrimogênio lançadas pela Polícia Militar, às 19h15, na rua da Consolação, deram início a uma sequência de atos violentos por parte dos militares, que se espalharam até por volta da meia-noite. Enquanto os policiais atacavam com bombas e tiros de bala de borracha, os manifestantes respondiam com pedras e rojões.

A polícia teria iniciado o confronto porque um "acordo" que havia sido feito com os manifestantes teria sido rompido. Segundo o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, o combinado era que a manifestação, que começou na praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, se encerrasse na praça Roosevelt, ao lado da igreja da Consolação. "Se não é para cumprir acordo, não adianta reclamar das consequências", disse o major.

Ônibus estacionados e veículos de paulistanos viraram reféns da situação. Durante a troca de pedradas e bombas, muitos motoristas fecharam os veículos e se abrigaram no comércio da região. Nos ônibus, mulheres e crianças, além de adultos, sofreram com os efeitos do gás lacrimogênio. 

Alguns ônibus tiveram os vidros laterais quebrados pelos manifestantes, que também picharam neles sua frase predileta: "R$ 3,20 não dá". Durante a perseguição, os ônibus serviram de barreira para os que protestavam. Por cima deles, foram atiradas algumas pedras. Policiais chegaram a ziguezaguear entre os veículos parados. Quem ficou dentro dos carros, mudou de ideia, e vários foram vistos saindo às pressas, abandonando os automóveis.

A partir daí, o cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos. Mais de 230 pessoas foram encaminhadas à delegacia, segundo contabilizava a PM na manhã desta sexta-feira, e mais de 100 ficaram feridos, segundo estimativas dos organizadores da passeata.

Fonte: Terra
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