PUBLICIDADE

RJ: protesto com menina que tomou pedrada pede tolerância

Kaillane Campos, de 11 anos, foi agredida ao sair de um culto de candomblé na semana passada

21 jun 2015 - 12h37
(atualizado às 16h39)
Compartilhar
Exibir comentários
Menina vítima de pedrada participa de manifestação no RJ
Menina vítima de pedrada participa de manifestação no RJ
Foto: Luiz Souza / Futura Press

Diversos manifestantes lotaram o Largo do Bicão, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), neste domingo (21), para pedir paz e tolerância religiosa. Entre os participantes do ato estava a menina Kaillane Campos, de 11 anos, que tomou uma pedrada ao sair de um culto de candomblé no domingo passado (14) no mesmo bairro. 

Siga Terra Notícias no Twitter

Com cartazes que sugeriam “Compartilhar o Amor”, “Mais amor, por favor”, “Deus ama você, sou cristão da paz”, “Basta! Não à intolerância! Respeito. É bom, eu quero!”, os manifestantes defendiam a liberdade religiosa.

O babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), não quis responsabilizar instituições pelo ato, mas condenou a atitude de líderes religiosos que incitam a intolerância. Para ele, a caminhada de hoje reafirmou “o Estado Democrático de Direito e o respeito a todos, que é o que todos nós queremos”.

A secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do estado do Rio de Janeiro, Teresa Cosentino, disse que a família de Kayllane recebeu apoio do Poder Público. “Nós damos o apoio psicológico q

ue a família precisa, o apoio jurídico, e nós trabalhamos continuamente contra todo tipo de intolerância e preconceito”. Segundo Teresa, é inadmissível que a sociedade não seja fraterna e  “não respeite o direito do outro”.

A secretária defende uma ampla agenda de direitos humanos.  “A gente vai trazendo outros segmentos que não são religiosos, mas sofrem tanto preconceito, tanta intolerância como os segmentos religiosos. Na verdade, acho que a gente tem que unir todas as pessoas que sofrem algum tipo de discriminação, de preconceito, de apartheid. Porque eu posso ter uma pessoa da umbanda, que é gay; uma mulher que é muçulmana e não pode trabalhar porque usa o véu. Tem uma questão sexista e de religião.”

O chefe de gabinete do Comando-Geral da Polícia Militar do Rio, coronel Íbis Silva Pereira, classificou como "abominável" o episódio ocorrido com Kayllane. “Isso é inaceitável. Qualquer pessoa que tem o sentido do que é viver em uma democracia, tem que estar desse lado, contra todo tipo de opressão e de intolerância”, destacou.

"Mulheres padres" buscam igualdade dentro da Igreja Católica:

O superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Nascimento, anunciou que, em agosto, a secretaria vai iniciar um trabalho de formação com a Polícia Militar.

O intuito é formar 6 mil policiais, em todas as regiões do estado, contra a intolerância e pela liberdade religiosa. Nascimento disse que iniciativa semelhante foi feita com a Polícia Civil, nos anos 2013 e 2014, com a instrução a quase 4 mil policiais sobre como lidar com as demandas das diversas comunidades religiosas.

“A gente percebeu que é fundamental avançar também para a Polícia Militar, para preparar quem faz o policiamento ostensivo de que o papel da polícia é, inclusive, o de proteger o legado, a história e a liberdade de expressão de todos os segmentos religiosos”. O serviço de atendimento do governo fluminense a vítimas de intolerância religiosa é feito por meio do telefone (21) 2334-9550.

O pastor da Igreja Batista da Vila da Penha, João Melo, esteve no evento para manifestar a posição de repúdio à agressão.

O padre José Rosa Afonso, da paróquia Jesus Ressuscitado, da Penha, também esteve presente. “Deus ama a todos, quis salvar a todos e a fé não se impõe a ninguém; se propõe. Cada um tem a liberdade de escolha”, disse o pároco. Ele avaliou que a agressão à menina foi fruto de um fanatismo religioso que gera intolerância na sociedade.

O padre destacou que a Igreja Católica é aberta ao diálogo ecumênico e interreligioso com cristãos e não cristãos. ”Não está certo matar em nome de Deus e praticar violência em nome de Deus, em nome da religião. A religião deve religar os homens a Deus, não dividir as pessoas.”

Campanha pela liberdade

Depois do ocorrido, Kaillane Campos criou um abaixo-assinado no site Change.org pedindo que o ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, providencie uma campanha a favor da liberdade religiosa. “O país já teve muitas campanhas contra o racismo, contra a homofobia e contra a violência contra a mulher. Isso é ótimo! Chegou a hora de termos também uma campanha contra a intolerância religiosa”, defendeu no texto.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade
Publicidade