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Gim com metanol? Uísque falsificado? Veja como identificar uma bebida adulterada

Três pessoas morreram de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas na capital paulista e em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista

29 set 2025 - 18h05
(atualizado às 18h16)
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Três pessoas morreram em São Paulo vítimas de intoxicação por metanol, segundo dados do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado. O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas.

Ainda de acordo com o CVS, foram confirmados seis casos de intoxicação pela substância; outros dez casos suspeitos de contaminação por bebida adulterada estão sendo investigados.

"A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco", informou o CVS em nota.

A Secretaria Nacional de Política sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) do Ministério da Justiça e Segurança Pública também divulgou nota, alertando para o fato de que os casos recentes foram considerados fora do padrão. Em geral, casos de intoxicação por metanol ocorrem entre a população marginalizada, no contexto do abuso de substâncias tóxicas.

O metanol é utilizado como combustível para motores. No Brasil, seu principal uso é servir como matéria-prima para a produção de biodiesel. O produto é líquido, incolor e inflamável. O cheiro é similar ao de qualquer outro tipo de álcool.

Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) tem algumas dicas para o consumidor não consumir bebidas falsificadas:

  • Ao comprar uma garrafa de bebida alcoólica, o consumidor deve estar atento ao lacre de segurança, o estado do rótulo e a vedação da tampa.
  • Vale checar também o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que rastreia todo o processo de produção e comercialização das bebidas, e precisa estar no rótulo.
  • O consumidor deve checar também a presença de um selo do Imposto de Produto Industrializado (IPI), que deve estar presente.
  • Todas as bebidas internacionais vendidas no Brasil apresentam, obrigatoriamente, informações em português no rótulo. Vale conferir.
  • Uma outra dica é desconfiar do preço. Bebidas consideradas caras (como gim, uísque e vodka importados) sendo vendidas a preços muito abaixo do normalmente praticado devem funcionar como alerta.
  • Em bares e restaurantes, se houver alguma desconfiança, vale pedir que o garçom sirva a bebida na frente do consumidor.
  • Na hora de beber, confira se a bebida apresenta odor, gosto e coloração alterados. O metanol tem cheiro de álcool comum e é incolor. Mas quando acrescentado a uma bebida alcoólica, altera completamente o sabor.

Procon-SP intensifica fiscalização com Polícia Civil do Estado

O Procon-SP, que já fiscaliza estabelecimentos que vendem bebidas como bares, restaurantes e adegas, bem como casas noturnas e supermercados, vai intensificar suas ações de forma integrada com equipes do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), da Polícia Civil do Estado paulista.

Conforme a entidade, na ação conjunta com as forças policiais, produtos irregulares podem ser apreendidos e encaminhados para análise laboratorial. "Também em função destes casos de contaminação por bebida adulterada denunciados nos últimos dias, o Procon-SP está reforçando suas ações de comunicação e orientação em seus canais de divulgação", disse.

Veja a seguir orientações para os consumidores ao comprar bebidas:

  • Procure estabelecimentos conhecidos ou dos quais tenha referência.
  • Desconfie de preços muito baixos - no mínimo podem indicar alguma falha como sonegação e adulteração, por exemplo.
  • Observe a apresentação das embalagens e o aspecto do produto: lacre ou tampa tortos ou "diferentes", rótulo desalinhado ou desgastado, erros de ortografia ou logos com "variações", ausência de informações como CNPJ, endereço do fabricante ou distribuidor, número do lote, e outra imperfeição perceptível.
  • Ao notar alguma diferença, não fazer testes caseiros como cheirar, provar ou tentar queimar a bebida. Essas práticas não são seguras nem conclusivas.
  • Fique atento a sintomas após o consumo: visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura ou rebaixamento do nível de consciência, isso pode indicar intoxicação por metanol ou por bebida adulterada.
  • Busque atendimento médico imediato: se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora.
  • Comunique as autoridades competentes: Disque-Intoxicação (0800 722 6001, da Anvisa) para orientação clínica/tóxica; Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual); Polícia (civil); Procon (órgão de defesa do consumidor); quando aplicável, outros órgãos relacionados (Ministério da Agricultura, etc).
  • Exija sempre a nota fiscal ou comprovação de origem: documento precisa ter todas as informações de identificação do fornecedor e da compra, isso ajuda na rastreabilidade do produto e é uma garantia para o consumidor em eventual reclamação.

Possível envolvimento do PCC

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) pode estar por trás dos recentes casos de intoxicações provocadas por bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo, segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).

Em nota divulgada neste domingo, 28, a entidade diz suspeitar que o metanol usado para adulterar as bebidas pode ser o mesmo importado ilegalmente pela facção para misturar aos combustíveis.

Para a ABCF, o fechamento nas últimas semanas de distribuidoras e formuladoras de combustível "diretamente ligadas ao crime organizado, pode ser a causa dessa recente onda de intoxicações e envenenamentos de consumidores." Investigações do Ministério Público apontam que o PCC importa o metanol de maneira fraudulenta para adulteração de combustíveis.

Ainda segundo a entidade, a facção e seus parceiros podem "eventualmente ter revendido tal metanol para destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores".

A ABCF apontou ainda que o Estado de São Paulo vive um surto de violência e que a crise econômica, associada ao desemprego, ajuda na escalada da criminalidade, levando muita gente a buscar recursos na informalidade. "Uma conjuntura que leva essas pessoas diretamente aos braços da facção criminosa dominante em nosso Estado, o PCC", diz.

Retomada do sistema de controle

A entidade defende a retomada do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), desativado em 2016, para restabelecer a rastreabilidade das bebidas no País.

"Desde o desligamento do Sicobe, que era operado pela RF (Receita Federal) e pela Casa da Moeda do Brasil, os volumes de bebidas falsificadas no País aumentaram muito, em bilhões de litros, bem como a sonegação fiscal advinda dessa atividade criminosa", diz.

Estadão
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