Família de jovem que passou por três transplantes responde às falas de estudantes de medicina
Família denuncia exposição indevida de Vitória Chaves após vídeo de estudantes sugerir descuido no tratamento
A memória de Vitória Chaves da Silva, jovem que faleceu após três transplantes de coração, foi alvo de polêmica após vídeo de estudantes de medicina viralizar com declarações que geraram ataques e ofensas contra a jovem e sua família.
A memória de Vitória Chaves da Silva, jovem que morreu em fevereiro após enfrentar uma longa batalha contra uma cardiopatia congênita, tornou-se alvo de polêmica nas redes sociais. Um vídeo gravado por duas estudantes de medicina, Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano, viralizou ao sugerir que um dos transplantes de coração realizados pela jovem no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, não teria sido bem-sucedido por culpa da própria paciente.
A família de Vitória nega com veemência a versão apresentada pelas estudantes, de que ela não seguiu as recomendações. Em entrevista ao programa Encontro com Patrícia Poeta, nesta quinta-feira, 10, os parentes pediram que as jovens sejam responsabilizadas pelas declarações, que geraram uma onda de ataques contra a memória da jovem.
"Ela queria sair daquele hospital mais do que tudo. É muito triste a gente ter que ouvir uma coisa dessas", disse Giovana, irmã de Vitória. Ela afirma que, embora as estudantes não tenham mencionado o nome de sua irmã no vídeo, a identificação era evidente. "Elas falaram o nome da instituição que minha irmã estava. E ela foi a única paciente a fazer três transplantes de coração e um no rim", explicou.
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Segundo Giovana, a família só tomou conhecimento do vídeo após acessar o celular da jovem após sua morte. “No celular dela tinham algumas mensagens e a primeira era de um amigo dela que mora lá na Holanda. Ele mandou o vídeo e a gente achou que era um vídeo normal, mas no final a gente viu que era horroroso", relatou.
A repercussão nas redes sociais foi dolorosa para os familiares. Giovana conta que a irmã passou a ser alvo de piadas cruéis. "Isso propagou um certo ódio para minha irmã. O pessoal chamando ela de robô, que era só substituir as peças para ela sair andando, falando que três pessoas precisaram morrer para ela que não valorizava a vida".
Cláudia, mãe de Vitória, se emocionou ao comentar o impacto das falas e defendeu que as jovens não exerçam a medicina. "Eu queria que elas não fossem médicas, que elas fossem cassadas. No meu entender, elas são um risco para a sociedade", afirmou. Ela também revelou ter tentado entrar em contato com as duas, sem sucesso: "Eu mandei mensagem e elas não responderam".
Ao Encontro, os representantes das estudantes afirmaram que elas não tiveram acesso ao prontuário e não sabiam de quem se tratava.