'Cláudio Castro, assassino terrorista': Faixa de moradores critica governador após operação no Rio com mais de 100 mortos
Reação ocorre após ação corpos serem retirados de áreas de mata e levados à praça em comunidade
Moradores do Rio de Janeiro protestaram contra o governador Cláudio Castro após operação policial nos complexos do Alemão e da Penha que resultou em mais de 100 mortos, sendo a mais letal da história do estado.
Moradores dos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, exibiram uma faixa em que chamam o governador Cláudio Castro (PL) de "assassino terrorista", em reação à megaoperação que deixou mais de cem mortos. Desde a madrugada desta quarta-feira, 29, corpos foram retirados de áreas de mata e levados para uma praça.
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A imagem da faixa em protesto contra a operação foi registarda e compartilhada pelo ativista Raull Santiago. Nas redes sociais, moradores denunciaram que determinados óbitos se tratam de execuções.
A ação desta terça-feira, 28, justificada pelo governo como um combate à expansão do Comando Vermelho (CV), teve 132 mortes, segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro ao Terra.
Já o Castro confirmou, em entrevista coletiva nesta quarta, 121 mortos. O governador evitou cravar o número atualizado de mortos na operação e afirmou que um possível balanço "não se faz com imagens e vídeos".
Castro se referia aos registros feitos na madrugada desta quarta, quando moradores dos complexos do Alemão e da Penha retiraram dezenas de corpos de áreas de mata na divisa das duas regiões e os levaram até uma praça. O transporte foi feito de kombi até a praça São Lucas, na Penha.
O governador frisou considerar apenas os quatro policiais mortos na ação como vítimas da ação.
"Queria me solidarizar com as famílias dos meus quatro guerreiros, que ontem deram a vida para libertar a população. Aquelas foram as verdadeiras quatro vítimas que tivemos ontem. De vítimas, ontem, lá, só tivemos os policiais", diz Castro.
Ainda que o número de mortes ainda esteja em debate, a operação já é a que mais matou no Rio. De acordo com levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), a operação é a mais letal da história do Rio e superou a chacina policial no Jacarezinho (Zona Norte) em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas em conflito com as forças do Estado – contando o óbito de um policial.
Os pesquisadores apontam, ainda, que as três operações policiais na cidade do Rio com mais óbitos registrados desde 1990 aconteceram durante o governo de Castro, reeleito governador na eleição passada, em 2022.
De acordo com o governo, foram mais de 60 dias de planejamento com inteligência, levantamentos, mapas e distribuição tática das tropas. Além disso, todos os policiais estavam com câmeras corporais, afirmou o estado.
O balanço divulgado oficialmente pelo governado do estado aponta que 113 pessoas foram presas, sendo 33 de outros estados, além de 10 adolescentes detidos. No total, 118 armas, incluindo 91 fuzis, e uma tonelada de drogas foram apreendidas