Cão sobrevivente de enchente no RS é atropelado com a tutora um dia após ser adotado; veja vídeo
Animal foi resgatado por ONG de SP à época da tragédia no Sul. Acidente ocorreu no domingo, 21, na Rua Frei Caneca, região central da capital; motorista apresentava sinais de embriaguez e foi presa
Um cachorrinho recém adotado e sua dona foram atropelados na região central de São Paulo, enquanto passeavam pela Rua Frei Caneca, na manhã de domingo, 21. A engenheira ambiental Luisa Valentim, 24 anos, foi hospitalizada. Ela chegou a receber alta, mas retornou ao hospital após piora do quadro.
Marcelinho é um cachorro que sobreviveu às enchentes do Rio Grande do Sul do ano passado. Ele foi acolhido por uma ONG de SP à época da tragédia e tinha sido levado pela jovem um dia antes do atropelamento. Mesmo atingido pelo veículo, ele fugiu e só foi localizado nesta segunda-feira, 22, mais de 24 horas depois do acidente.
Por conta do rompimento do diafragma e do deslocamento de órgãos internos, o animal precisou passar por uma cirurgia nesta segunda. Ele teve complicações e precisou de um dreno.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP), o atropelamento foi causado por uma mulher, de 45 anos, que apresentou sinais de embriaguez ao ser abordada após o acidente.
Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro e foi presa na sequência, sendo levada ao 78° Distrito Policial, no Jardins, onde permaneceu detida. A identidade da mulher não foi revelada, o que impediu a reportagem de localizar a sua defesa.
Cachorro teve pata amputada
Luisa e o namorado, o engenheiro civil Vitor Pereira, 26, adotaram Marcelinho no último sábado, 20, em uma feira organizada pelo Instituto Cãodeirante, em um shopping da capital.
O casal já tinha conhecido Marcelinho no último dia 13, mas oficializou a adoção uma semana depois, no sábado, quando foi até Cotia para buscar o cachorro e levá-lo para casa.
Aos 5 anos, Marcelinho, de pelagem caramelo, é um sobrevivente das enchentes registradas no Rio Grande do Sul, no ano passado. Após ser resgatado, ele precisou amputar uma das patinhas por conta de uma fratura que não pode ser devidamente tratada por conta do desastre climático.
Antes de ser adotado por Luisa e Vitor, ele estava sob os cuidados do Instituto Eu Luto Pelos Animais (Instituto Elpa), que promove feira de adoções junto com a Cãodeirante.
No domingo, por volta das 7h, no primeiro passeio com o animal de estimação, o casal e o cachorro estavam andando pela calçada na Rua Frei Caneca, quando um carro avançou e atingiu os tutores e o animal.
O impacto maior foi sentido pela Luisa, que foi arremessada alguns metros à frente. Depois de atingir a engenheira ambiental, o carro voltou para a rua e foi contido segundos depois por testemunhas, conforme imagens obtidas pela reportagem.
Vitor Pereira, que conseguiu desviar e só foi atingido de raspão, correu para socorrer a namorada. "Ela foi levada para o hospital para ficar internada", disse ao Estadão.
Luisa chegou a perder bastante sangue, relatou Vitor, mas acabou se recuperando e recebeu alta para continuar o tratamento em casa. "Os médicos falaram que foi um milagre ela se recuperar tão rápido pela forma como foi atingida".
O carro também acertou Marcelinho, que acabou fugindo, assustado. "Como eu estava preocupado socorrendo a Luisa, acabei não vendo para onde ele foi".
Ao longo do dia, o casal se ocupou em ficar no hospital, ir ao Instituto Médico Legal (IML) e prestar depoimentos à polícia para o registro do boletim de ocorrência.
"Nesse tempo, a gente conseguiu mobilizar muita gente para ajudar a procurar o Marcelinho", disse o jovem. "Mas a gente só conseguiu encontrá-lo, de fato, hoje (segunda-feira), por volta da hora do almoço, a uma distância de dois quilômetros de onde aconteceu o atropelamento".
O animal estava na rua Doutor Seng, no bairro Bela Vista, região central da capital. "Foi localizado depois da mobilização enorme. Uma moradora da região o viu correndo na rua e contatou o Vitor", disse Sophia Porto, Presidente do Instituto Cãodeirante.
Rompimento do diafragma e cirurgia
Após ser localizado, Vitor Pereira levou Marcelinho para uma avaliação médica e, de acordo com o tutor, o cãozinho teve o rompimento diafragmático após o atropelamento e "os órgãos estavam todos fora do lugar".
"Ele precisou entrar em uma cirurgia de emergência. Os médicos falaram que não sabem como ele conseguiu sobreviver 24 horas na rua, perdido, nesse estado de saúde", contou o engenheiro.
Por volta das 22h, Marcelinho já tinha saído do centro cirúrgico e apresentava um quadro estável. Ele deve permanecer ao longo da noite hospitalizado.
De acordo com a Cãodeirante, a cirurgia desta segunda-feira foi custeada por meio de uma vaquinha organizada pela entidade. O casal também abriu uma conta de contribuição coletiva e voluntária para ajudar com os custos do pós-operatório do animal de estimação
"Graças a cada compartilhamento e esforço, conseguimos resgatar o Marcelinho! Mas agora precisamos de muita ajuda para cobrir os custos médicos dele", diz o casal, que pretende arrecadar R$ 20 mil.