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RS debate polêmica eutanásia de cães após 3 pessoas mortas

Pelo menos nove animais testados foram diagnosticados com a doença, mas decisão judicial suspendeu procedimento

17 mai 2017 - 19h26
(atualizado às 19h26)
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"Gaiola" mantém em isolamento os cães que estão em quarentena
"Gaiola" mantém em isolamento os cães que estão em quarentena
Foto: Divulgação/PMPA

A cidade de Porto Alegre entrou em emergência epidemiológica após a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmar nesta semana a terceira morte por leishmaniose humana desde setembro do ano passado. A doença tem nos cães um dos seus alvos, gerando a autorização da eutanásia por parte da prefeitura. A eliminação dos cães, no entanto, foi temporariamente revertida na Justiça após a alegação da deputada estadual Regina Becker Fortunati sobre a possibilidade de erro de diagnóstico no teste rápido aplicado pela Secretaria Municipal da Saúde. 

Agora, os ativistas correm contra o tempo para buscar recursos a fim de custear o tratamento dos cachorros infectados pelo mosquito-palha e também para realizarem testes mais confiáveis de detecção do protozoário. De acordo com a Secretaria de Defesa dos Animais (SEDA), o Laboratório FioCruz detém as tecnologias mais confiáveis para evitar diagnósticos equivocados e, consequentemente, não sentenciar à morte animais eventualmente saudáveis. Dos cães inicialmente encaminhados para eutanásia, quatro tiveram a doença totalmente descartada e oito negativaram na primeira contraprova.

Além disso, ativistas dos direitos dos animais alegam que, mesmo sem cura nos cães, a infecção pode ser controlada através de tratamento medicamentoso. Em humanos, quando descoberta e tratada precocemente, a leishmaniose visceral é eliminável. O principal problema encontrado pelas ONGs de proteção é o valor dos remédios: cada dose de 90 ml de Milteforam custa R$ 2 mil, valor alto para os cofres públicos. 

Os três óbitos contabilizados até o momento em Porto Alegre foram registrados no Jardim Carvalho, bairro próximo a uma área de vegetação silvestre, propícia para a propagação do mosquito transmissor. O primeiro caso da doença foi confirmado em setembro de 2016, vitimando uma menina de um ano e seis meses. Em fevereiro, faleceu um homem de 50 e agora, em abril, a leishmaniose visceral humana vitimou uma idosa de 81 anos.

Equipes atuam na conscientização da população na região afetada
Equipes atuam na conscientização da população na região afetada
Foto: Divulgação/PMPA

Atualmente, 29 cães estão sob tutela da SEDA aguardando testes definitivos para o diagnóstico da doença. Eles foram alocados em canis isolados dos demais animais tutelados pela SEDA e pela Secretaria de Meio Ambiente de Porto Alegre. Além disso, a prefeitura está aplicando inseticida na região onde ocorreram as mortes e também autorizou a retirada de 30 toneladas de lixo da área. 

O laboratório Virbac, que fabrica a medicação, afirmou que vai encaminhar gratuitamente as doses para o tratamento inicial, mas as entidades de amparo à causa animal não tem condições de arcar sozinhas com o restante da profilaxia. A SEDA ressalta ainda que a eutanásia dos animais não acaba com a doença, já que o vetor é o mosquito-palha, encontrado principalmente em áreas silvestres. Já o Ministério de Saúde indica a morte sem dor como medida de saúde pública, já que o cão é o vetor mais próximo dos humanos. 

O que é a leishmaniose?

Conforme o Ministério da Saúde, "é uma doença sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, dentre outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos." Além de cães, o protozoário ataca mamíferos silvestres, macacos, lobos e roedores. Até agora, não há vacina desenvolvida para prevenir a doença, que se manifesta majoritariamente em áreas rurais ou silvestres, mas já vem invadindo os territórios urbanos.

Fonte: Especial para Terra
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