Brasil registra queda em homicídios, mas ataques contra minorias crescem, mostra Atlas da Violência
País registrou alta nos casos de violência contra diversos grupos minoritários, como mulheres, indígenas e pessoas LGBTQIA+
A taxa de homicídios no Brasil caiu quase 5% entre 2020 e 2021, mas o país registrou alta nos casos de violência contra diversos grupos minoritários, como mulheres, indígenas e pessoas LGBTQIA+, segundo dados do Atlas da Violência divulgados nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o levantamento, o país teve uma queda de 4,8% nos homicídios a cada 100 mil habitantes no período, atingindo em 2021 a segunda menor marca da década, com 22,4. O menor número dos últimos 10 anos da série histórica foi registrado em 2019, com 21,7 homicídios a cada 100 mil habitantes.
Entre 2011 e 2021, a taxa de homicídios no Brasil teve queda de 18,3%, de acordo com o levantamento.
Os Estados de Amapá, Bahia e Amazonas registraram, respectivamente, as maiores taxas de homicídio no país: 52,6, 48,0 e 42,5 por 100 mil pessoas, enquanto São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais tiveram as menores, com 6,6, 9,7 e 12.
O estudo aponta como fatores para a queda na violência o "armistício na guerra entre as maiores facções do país pelo controle do corredor internacional de drogas" e a "mudança do regime demográfico, rumo ao envelhecimento da população, com a subsequente diminuição do número de jovens".
No entanto, o levantamento também mostrou que o Brasil apresentou um aumento em casos de violência, como homicídios, agressões físicas e abusos, contra diversos grupos minoritários, como mulheres, indígenas e pessoas LGBTQIA+.
Entre mulheres, a taxa de homicídios teve alta de 0,3% em 2021, a 3,6 para cada 100 mil, mas houve um crescimento amplo na taxa para casos ocorridos dentro das residências ao longo da última década, com alta de 4,72%.
A taxa de homicídios também cresceu para indígenas, chegando a 22,4 mortes a cada 100 mil em 2021, aproximando-se da taxa nacional. A mínima da década, de 14,9, registrada em 2011, representava apenas um pouco mais da metade da marca do país.
O número de casos de violência ainda aumentou de forma expressiva para pessoas LGBTQIAP+. Entre homossexuais, a alta foi de 14,6%, enquanto para bissexuais foi de 50,3%. O aumento nos casos de violência física para pessoas trans ou travestis foi de 9,5%, de acordo com a pesquisa.