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Bolívia pede à Interpol uma ordem de prisão internacional contra senador

29 ago 2013 - 11h22
(atualizado às 15h34)
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<p>O senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, 53 anos, está temporariamente em Brasília</p>
O senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, 53 anos, está temporariamente em Brasília
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

A Procuradoria Geral da Bolívia anunciou nesta quinta-feira que solicitou à Interpol a emissão de uma "notificação vermelha" para a prisão do senador Roger Pinto, que fugiu para o Brasil na semana passada após mais de um ano e meio refugiado na embaixada brasileira em La Paz. O procurador-geral interino, Roberto Ramírez, explicou que a solicitação foi enviada após uma "avaliação de todos os processos e mandados de prisão contra o senador Roger Pinto", segundo um comunicado do Ministério Público.

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Ramírez lembrou que existem três ordens de prisão contra Roger Pinto como parte de alguns dos processos abertos pela Justiça local por casos de corrupção. "Esta pessoa (Pinto) tem que responder aos processos de corrupção, por isso são ativados estes mecanismos internacionais para que se tornem efetivas as ordens de prisão, este é o trâmite que se segue sempre que uma pessoa se declara rebelde", disse Ramírez.

Segundo a promotoria boliviana, quando uma "notificação vermelha" é emitida contra uma pessoa, isso significa que foi enviada uma solicitação para todos os países para que o identifiquem e localizem para uma posterior prisão preventiva e extradição.

O senador se refugiou na embaixada brasileira no dia 28 de maio de 2012, quando pediu asilo político ao Brasil com o argumento de que estava sofrendo perseguição política, o que as autoridades bolivianas negaram. Ele fugiu para o Brasil na última sexta-feira com o apoio do diplomata brasileiro Eduardo Saboia em La Paz, o que causou uma crise diplomática entre os dois países, resultando na saída do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota.

As autoridades bolivianas acusam Roger Pinto de corrupção em vários processos, o que o político sempre rejeitou. A promotoria lembrou que o senador foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado estimados em US$ 1,7 milhões.

Os presidentes Evo Morales e Dilma Rousseff se reunirão nesta sexta-feira no Suriname, onde vão participar da Cúpula da Unasul, para buscar uma solução para a crise do caso Roger Pinto.

Senador boliviano causa crise diplomática
Roger Pinto Molina, um inflamado opositor do governo de Evo Morales, estava na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012. O governo brasileiro concedeu asilo político ao senador dez dias depois, mas o parlamentar não podia deixar seu país, pois a Bolívia não deu a ele um salvo-conduto, alegando que Roger Pinto responde a vários processos por corrupção.

No dia 23 de agosto de 2013, no entanto, o senador fugiu da embaixada em um carro oficial escoltado por fuzileiros navais e foi até Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Nesta cidade, foi recebido por agentes da Polícia Federal e, de lá, seguiu até Brasília em um avião privado enviado pelo senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que o esperou no aeroporto na madrugada do dia 25. Ferraço foi quem deu os primeiros detalhes sobre a saída de Roger Pinto da Bolívia, que para o governo de Evo Morales nada mais foi do que a "fuga" de um "criminoso comum".

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Ao saber da situação, o então ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que o caso seria "investigado", seriam tomadas "as medidas administrativas e disciplinares" correspondentes e convocou para consultas o encarregado de negócios na embaixada em La Paz, Eduardo Saboia. O funcionário chegou a Brasília no dia 26 e, no aeroporto, disse a jornalistas que tinha "ajudado" o senador por razões humanitárias.

"Tomei a decisão porque havia um risco iminente para sua vida e uma ameaça à dignidade de uma pessoa", declarou Saboia, que assumiu a responsabilidade sobre o caso e disse que tinha optado "pela vida" e por "proteger" um "perseguido político".

Visivelmente contrariada pelo episódio, a presidente Dilma Rousseff aceitou na noite de 26 de agosto o pedido de demissão do chanceler Antonio Patriota, que foi substituído pelo representante do Brasil na ONU, Luiz Alberto Figueiredo Machado.

No dia seguinte, Dilma demonstrou irritação com a operação, que, segundo ela, colocou em risco a vida do diplomata e do senador boliviano. "O Brasil não poderia colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob a sua guarda", afirmou Dilma, em relação à ausência de garantia de um salvo-conduto por parte do governo da Bolívia. "Um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é proteger a vida sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida e a segurança e garantimos conforto ao asilado", criticou. "Se nada aconteceu, não é a questão. Poderia ter acontecido."

EFE   
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