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Auxílio Brasil 2022: por que benefício 'turbinado' anima varejo no Dia dos Pais, mas não para o médio prazo

Data deve superar Dia das Mães e Páscoa em crescimento de vendas, o que é incomum.

8 ago 2022 - 20h52
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Auxílio Brasil deve turbinar comércio em agosto
Auxílio Brasil deve turbinar comércio em agosto
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em um país onde milhares de famílias são formadas por mães solteiras, separadas ou viúvas e seus filhos, o Dia dos Pais sempre teve menos brilho para o varejo do que o Dia das Mães e o Natal, por exemplo.

Neste ano, porém, a expectativa é diferente, devido principalmente à injeção de recursos esperada na economia com o Auxílio Brasil de R$ 600, que começa a ser pago nesta terça-feira (9/8).

Segundo o Ministério da Cidadania, 20,2 milhões de famílias devem receber o benefício, com a inclusão de 2,2 milhões de famílias na passagem de julho para agosto. Somente em agosto, os desembolsos com o Auxílio devem somar R$ R$ 12,1 bilhões, conforme a pasta.

Nesse cenário, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) calcula que o Dia dos Pais deve movimentar R$ 7,28 bilhões em vendas no varejo, crescimento de 5,3% em relação a 2021.

O aumento deve superar o das vendas de Dia das Mães (3,9%) e da Páscoa (2,2%) - o desempenho do Dia dos Namorados será conhecido apenas na quarta-feira (10/8), quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga a Pesquisa Mensal do Comércio referente a junho.

"Deve ser a melhor data (em crescimento de vendas) do varejo em 2022", prevê Fabio Bentes, economista da CNC.

Segundo ele, as melhores datas do varejo em geral são, pela ordem: Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças, Dia dos Pais, Black Friday, Páscoa e Dia dos Namorados.

"Enfileirou-se uma série de estímulos ao consumo: teve liberação de FGTS, antecipação de INSS e agora o Auxílio Brasil turbinado. Isso vai jogar a favor das vendas, junto com outro fator, que é a redução da inflação, por conta da desoneração dos combustíveis", diz Bentes.

"Ninguém dá galão de gasolina para o pai, mas se um dos principais itens da inflação, que é a gasolina, está bem mais barata a partir de julho, isso desafixia o orçamento das famílias. É um fator adicional que não estava previsto há dois ou três meses", acrescenta.

No varejo em geral, para além do Dia dos Pais, a CNC estima que o Auxílio Brasil e outros benefícios como o Vale-Gás e os auxílios para caminhoneiros e taxistas vão injetar R$ 16,3 bilhões nas vendas até o fim de 2022 - isso porque parte dos R$ 34 bilhões totais previstos em benefícios devem ir para o setor de serviços e pagamento de dívidas, por exemplo.

No varejo, os setores de hiper e supermercados (R$ 5,53 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 3,03 bilhões) e tecido, vestuário e calçados (R$ 2,32 bilhões) devem ser os principais beneficiários.

'O outro lado da moeda'

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Foto: Reuters / BBC News Brasil

Bentes alerta, porém, que o ganho que o varejo vai ter no curto prazo pode ser anulado no médio prazo, caso os juros se mantenham no elevadíssimo patamar atual (13,75%) por mais tempo, para conter a pressão inflacionária decorrente dessa injeção de recursos.

"Em um cenário de expansão fiscal como estamos assistindo, aumenta a chance de os juros ficarem rodando no teto por mais tempo. Se a taxa ficar em 13,75% por nove a dez meses, os benefícios poderão ser anulados no médio prazo", diz Bentes, explicando que os juros elevados encarecem a oferta de crédito e desaceleram o desempenho da economia.

A "bomba de estímulos" também deve manter a inflação pressionada por mais tempo.

"Vamos ter que conviver com a inflação elevada. Temos um alívio em julho (por conta da queda dos combustíveis), mas muito provavelmente essa tendência não se mantém a partir de agosto", diz o economista.

Nas cestas de produtos mais consumidos no Dia dos Pais, por exemplo, a alta de preços deverá ser de 8,6% este ano, em relação a 2021, com roupas (21,9%), sapatos (18,2) e bebidas alcóolicas (17%) entre os itens com altas de preços mais expressivas, segundo a CNC.

Com a inflação, a Black Friday deve sair novamente prejudicada neste ano. Isso porque o grande atrativo da data são os descontos, mas a inflação de custos tende a dificultar a redução de preços pelo varejo.

Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62471848

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