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A substância química que volta a ameaçar a camada de ozônio

O buraco na região que protege o planeta da radiação começou a reduzir após a proibição do CFC, mas cientistas descobriram que outra substância pode retardar sua recuperação.

2 jul 2017 - 06h42
(atualizado às 09h43)
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A recuperação da camada de ozônio poderia demorar várias décadas mais do que o previsto caso não diminuam as crescentes emissões de diclorometano, uma substância química usada como solvente de pintura e para preparar compostos químicos de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado.

A revelação foi feita por um estudo publicado na revista científica Nature Communications.

O buraco na camada de ozônio, descoberto nos anos 1980, começou a se recuperar graças à proibição do uso dos clorofluocarbonetos (CFC), presentes em muitos produtos de limpeza domésticos, em aerossóis e outros.

Estas substâncias químicas foram abandonadas a partir da introdução do protocolo de Montreal, em 1987, quando se descobriu que elas permaneciam muito tempo no ambiente e que sua acumulação danificava a camada de ozônio.

O gás ozônio que envolve o planeta fornece proteção contra radiações solares nocivas.

No entanto, o diclorometano - também conhecido como cloreto de metileno - não foi incluído no protocolo, já que tem vida mais curta, ou seja, se decompõe após aproximadamente cinco meses na atmosfera.

Mesmo assim, a decomposição do composto libera cloro, que pode danificar a camada de ozônio, caso chegue até ela.

Segundo os cientistas, os benefícios da redução das emissões de diclorometano poderão ser notados em pouco tempo, justamente porque o tempo que ele permanece na atmosfera é mais curto.

Fim de século

De acordo com o estudo, os níveis de diclorometano na atmosfera aumentaram 8% por ano entre 2004 e 2014.

Campo em dia de sol
Campo em dia de sol
Foto: BBC News Brasil

Se esta tendência continuar, modelos computadorizados mostram que a recuperação da camada de ozônio, prevista originalmente para 2065 (sem considerar as emissões do diclorometano) poderia demorar mais 30 anos, e só se completar em 2095.

"É importante lembrar que a diminuição da camada de ozônio é um fenômeno global que, mesmo que tenha tido seu ponto máximo há uma década, é um problema ambiental persistente", disse Ryan Hossaini, pesquisador da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e principal autor do estudo.

"Acreditamos que o caminho até sua recuperação será longo e cheio de obstáculos."

Origem

O estudo diz ainda que o crescimento das emissões está vinculado ao papel cada vez mais importante desta substância na fabricação de hidrofluorocarbonetos, compostos químicos utilizados para substituir outros gases que causam o efeito estufa.

Aerossol
Aerossol
Foto: BBC News Brasil

Segundo Hossaini, ainda não está claro quais regiões do mundo contribuem mais para o problema. Mas uma das zonas que causa preocupação é a Ásia, onde o diclorometano é usado em sistemas de refrigeração.

Uma amostra de ar retirada do limite inferior da estratosfera terrestre mostrou níveis particularmente altos de diclorometano acima da Índia e do Sudeste Asiático durante a temporada de monções.

Além desta substância, também há outros gases de vida curta que contêm cloro e que danificam a camada de ozônio. Mas não foram feitas medições para avaliar sua concentração na atmosfera.

Os cientistas acreditam que os resultados deste estudo colocam em evidência a importância de observar a longo prazo todos os gases que ameaçam a camada de ozônio e a necessidade de expandir o protocolo de Montreal para reduzir estas ameaças.

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