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“Renunciar ao privilégio que o machismo nos oferece é um exercício diário”, diz Manoel Soares

O apresentador, de 43 anos, também é ativista social e marcou presença no programa “Cartas para Pepita”, transmitido pelo Terra

22 fev 2024 - 16h12
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Manoel Soares expôs que já teve atitudes machistas e, hoje, entende a importância de reconhecer e mudar
Manoel Soares expôs que já teve atitudes machistas e, hoje, entende a importância de reconhecer e mudar
Foto: Reprodução: Instagram/manoelsoares

O apresentador Manoel Soares, de 43 anos, marcou presença como convidado do programa “Cartas para Pepita”, transmitido pelo Terra na última quarta-feira, 21. Nesta edição do programa, o tema abordado foi família, explorando como você vê a sua própria e de que maneira mantém contato com ela. Além de apresentador, Manoel Soares é ativista social.

"Não sou um bom pai sempre", conta Manoel Soares:

“Apesar de eu ter construído essa imagem de grande pai e grande profissional, eu acordo sempre refletindo sobre a qualidade desses lugares que eu ocupo. Mas até eu estar na escala sete da paternidade e do profissionalismo, acho que ainda tem um caminho muito longo a ser traçado”, disse.

O apresentador acredita que a família é uma extensão do ser humano e que uma relação familiar não é composta somente de sentimentos bonitos. “Eu não sou um bom pai sempre. Às vezes, sou um pai babaca que, em alguns momentos, deixa sua autoridade valer mais do que a razão. Se você vive a paternidade, se você vive a maternidade, em algum momento você vai ser uma mãe babaca”, continuou.

Para ele, a família é o núcleo social onde você precisa ter espaço para ser o que de fato você é e que conversa sobre isso com os filhos.

“Eu prefiro que os meus filhos cometam os erros de serem egoístas, de serem invejosos, de serem agressivos dentro de casa para que, junto com a mãe deles, a gente consiga organizar e conduzi-los. Ali é o lugar de cometer esses erros”, contou.

Cuidados

Manoel Soares é pai de quatro crianças, sendo que duas delas fazem parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele compartilhou que estar atento a características físicas dos filhos é essencial no seu papel de cuidador.

“Eu tenho crianças que não falam, então se elas não podem me falar verbalmente o que estão sentindo eu preciso observá-las, e essa observação se estende também aos outros filhos”, explicou.

“Se minha filha mais velha chega e está com um comportamento 'x' ou 'y', eu já consigo entender. Você começa a ouvir tudo o que o silêncio está falando”, acrescentou o apresentador.

Machismo

Ainda no universo dos filhos, Soares compartilhou que chegou a ser “extremamente machista” com a filha quando ela chegou em casa com o companheiro.

“Quando você é pai e acha que sua filha pertence a você e fala ‘o que você quer com a minha filha?’, você está se comportando como se aquela pessoa fosse sua propriedade. Nós, pais brasileiros, fomos ensinados a achar que a filha é nossa.”

Atualmente, o jornalista consegue entender o quanto essas atitudes são ruins e que isso faz parte do processo de amadurecimento. “Hoje, a atitude seria outra. Hoje, eu já li Judith Butler, Simone Beauvoir, Lélia Gonzalez. Você entende a vida de outra forma”, acrescentou.

Soares disse também que esse machismo que está intrinsicamente presente no homem e nas famílias precisa de um olhar crítico. “O homem brasileiro que disser que não exerceu os privilégios do machismo ou ele é mentiroso ou não conhece sua própria história. Renunciar ao privilégio que o machismo nos oferece enquanto pai, enquanto marido é um exercício diário, e não é fácil.”

Pluralidade

Para o convidado do "Cartas para Pepita", conversar sobre pluralidade é importante em sua família para naturalizar aquilo que não é igual a você. “Quando eu estou trabalhando com a lógica de referência ou de diversidade, ainda assim estou escravo de um padrão, que é um padrão eurocêntrico, um padrão cis”, continuou.

“Às vezes, falam ‘Manoel você é uma referência para a gente de diversidade, de pluralidade’. Me incomoda porque para eu ser o seu representante significa que você não está aqui, por isso que eu defendo a pluralidade, a naturalização. Eu não quero ser reconhecido como um homem negro comunicador, pai de crianças neurodiversas, eu só quero ser o Manoel”, finalizou.

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Fonte: Redação Nós
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