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Racismo é sobre dominação e poder, logo o negro não tem como ser racista

O negro é no limite reprodutor da ideologia racista, por ter sido socializado neste país extremamente racista e ter internalizado o ideário racista com seus esteriótipos e perseguir o mundo ideal imposto pela branquitude Texto: Regina Lúcia dos Santos* | Foto: Freepik

11 ago 2023 - 10h45
(atualizado às 11h06)
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Imagem mostra homem negro no chão, sendo agredido e imobilizado por policial.
Imagem mostra homem negro no chão, sendo agredido e imobilizado por policial.
Foto: Reprodução / Alma Preta

Negro não é racista.

Eu vivo o combate ao racismo todos os dias, o dia todo. E andando de Uber nas diversas agendas por aí sempre converso sobre racismo e também sobre o MNU (Movimento Negro Unificado). Outro dia fui interpelada por que negros também eram racistas com seu próprio povo, preferindo ter parceiros brancos, especialmente quando ascendem socialmente. 

O racismo é uma ideologia de dominação, só é racista quem tem poder. A classe dominante, o Estado brasileiro, os meios de comunicação, as instituições municipais, estaduais, federais, as igrejas, enfim, a branquitude, são os agentes da prática do racismo.

A população negra — que não tem consciência do seu pertencimento racial — é no limite reprodutora da ideologia racista, por ter sido socializada em um país extremamente racista e por ter internalizado o ideário racista com seus esteriótipos e perseguir o mundo ideal imposto pela branquitude, e isso é um problema enorme para nossa luta, porque o ideário racista para sobreviver depende da sua reprodução cotidiana.

Para barrar a reprodução do racismo é necessário a implementação de uma educação antirracista em todos os níveis da educação formal, inclusive em todas as áreas do ensino superior e ir além, com a criação de um programa de letramento racial a nível nacional para toda a população brasileira.

Para isso, é preciso um pacto social que permita que os meios de comunicação, as instituições e os governos (em todas as suas esferas) assumam o compromisso real de enfrentar efetivamente o racismo. É utopia? Não. É absolutamente possível e de certa forma isto está começando acontecer com as grandes empresas de comunicação abordando as questões postas pelo racismo, as grandes universidades percebendo a necessidade de dar respostas a estas questões.

Estamos caminhando para contar a história real desse país, resgatando a história da resistência negra, da contribuição na literatura, na música, na arquitetura, na medicina, na engenharia, na dança, nas mais variadas ciências e artes, nas diversas religiosidades, na construção da sociedade brasileira.

*Regina Lúcia dos Santos é coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, em São Paulo.

Alma Preta
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