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Publicação de Vitor Roque com imagem homofóbica gera crítica de torcida LGBTQIA+ do Palmeiras

Maior coletivo LGBTQIA+ do Verdão, o PorcÍris repudiou a escolha do atleta e reforçou o peso das ações

6 out 2025 - 17h23
(atualizado às 17h27)
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Resumo
Vitor Roque, atacante do Palmeiras, publicou e apagou uma imagem considerada homofóbica após vitória sobre o São Paulo, gerando críticas do coletivo LGBTQIA+ PorcoÍris, que chamou atenção para o impacto de ações discriminatórias e pediu reflexão pelo respeito à diversidade.
Vitor Roque fez três gols na vitória sobre o Internacional no sábado
Vitor Roque fez três gols na vitória sobre o Internacional no sábado
Foto: Cesar Greco/SE Palmeiras

O atacante Vitor Roque, do Palmeiras, decepcionou parte da torcida neste domingo, 5, após publicar uma imagem homofóbica em suas redes sociais, logo depois da vitória do clube sobre o São Paulo, no Morumbis, pelo Campeonato Brasileiro.

Na postagem, composta por 13 fotos, a última mostrava um tigre mordendo o pescoço de um veado -- representação de uma provocação homofóbica em relação a torcida do São Paulo. O jogador apagou a imagem pouco tempo depois, mas a publicação repercutiu entre torcedores e gerou manifestações de repúdio.

Vitor Roque faz postagem de teor homofóbico após vitória sobre o São Paulo
Vitor Roque faz postagem de teor homofóbico após vitória sobre o São Paulo
Foto: Reprodução/Instagram/Vitor Roque

O PorcoÍris, maior coletivo LGBTQIA+ do Palmeiras, divulgou uma carta aberta endereçada ao atleta. No texto, acessado pelo Terra, o grupo afirma que a publicação reforça estigmas e "incita violência contra muita gente". O coletivo lembra que o jogador, como homem negro, também enfrenta preconceito e deveria compreender o peso de manifestações discriminatórias.

"Vitor, você sabe o que é preconceito, ser inferiorizado por sua cor de pele [...]. E não, não estamos passando pano para você só porque você é preto [...]. Homofobia é crime, não é frescura", afirma o texto.

A carta também menciona o histórico de discriminação vivido pelo próprio Palmeiras, que precisou mudar de nome durante a Segunda Guerra Mundial, quando ainda se chamava Palestra Itália. 

Em nota à reportagem, o PorcoÍris afirmou que não pretende registrar queixa contra o jogador, por entender que "o diálogo e a educação são os melhores caminhos". Segundo o grupo, a expectativa é de que o caso sirva como oportunidade de reflexão.

"Embora exista tristeza pelo ocorrido, acreditamos que todo ser humano merece diálogo e pode aprender, uma vez que fomos ensinados, como sociedade, a odiar tudo o que é considerado diferente", diz o comunicado.

Nas redes sociais, o coletivo reforçou: "O Palmeiras nasceu das diferenças e, por elas, continuará existindo".

Confira a carta na íntegra:

PARA VITOR HUGO ROQUE FERREIRA 

Vitor, você sabe o que é preconceito, ser inferiorizado por sua cor de pele, ser visto como alguém maldito, indigno de sentimentos, de afeto e respeito. Mesmo tendo dinheiro, status, fama e moral, basta você cometer um vacilo e os dedos indicadores apontados para sua cara serão mais duros, mais raivosos. Só porque você é preto.

Sabemos também que você não foi ensinado a compreender certas coisas, porque desde cedo teve que aprender a sustentar sua família. Primeiro vem o dinheiro, depois vem qualquer outra coisa na vida. E não, não estamos passando pano para você só porque você é preto, não teve instrução ou qualquer coisa do tipo. Estamos sendo realistas. 

O preconceito, seja machismo, homofobia ou racismo, você aprende antes mesmo de falar. Você aprende que tal brinquedo não é pra você, você aprende que precisa usar vestidinho ou falar grosso, você aprende que aquela pessoa com o tom de pele mais escura pode ser bandida e precisa tomar cuidado. Tudo isso nós aprendemos na infância, antes mesmo de completarmos uma frase. 

Vitor, você não é um moleque. Você tem 20 anos, você tem capacidade cognitiva para entender o que é certo e o que é errado. Nós acreditamos nisso. E acreditamos que você entendeu o recado da diretoria do Palmeiras quando pediu para que você apagasse a última foto do carrossel que postou no Instagram. Porque você, mesmo sem imaginar, incitou violência contra muita gente. Um tigre comendo a cabeça de um veado dá moral para outros homens saírem por aí matando outras pessoas.

Se esse texto chegar em você, que entenda: você instigou, mesmo que sem querer, uma tragédia, seja esta pessoal ou coletiva. Mesmo que você tenha apagado minutos depois, a internet não é escrita a lápis. Como dizem: o print é eterno, meu parceiro. 

Ninguém quer implantar uma ditadura gay no futebol. Acredite, não é nossa intenção. O nosso querer é um só: respeito. Somos iguais em muitas coisas, o que existe de diferente é a sexualidade. Só isso. É errado? Acreditamos que você também entende que não. 

Ficamos felizes quando, finalmente, você foi contratado. Abraçamos você. Esperamos você se adaptar e não julgamos. E vamos te defender se você for atacado só porque é um homem preto com todas as nossas forças. Porque não suportamos nenhuma forma de preconceito. Mas também não vamos suportar vacilo. Homofobia é crime, não é frescura. O que você postou ontem pode prejudicar o Palmeiras, que um dia já sofreu preconceito. Tanto preconceito que precisou mudar de nome. Um dia nosso nome era Palestra Itália. O preconceito nos fez mudar para Palmeiras. 

O PorcoÍris acredita que você é capaz de refletir sobre essa foto e entende que a mesma mira que hoje sequer espera um erro para manchar sua pele para sempre, é a mesma mira que sequer espera um erro para manchar a nossa para sempre também. Que você seja muito feliz no Palmeiras e nos faça feliz como nos fez ontem, das 18h até 20h quando você postou a maldita foto e azedou nossa noite. Não gostamos do SPFC, mas odiamos toda e qualquer forma de preconceito contra qualquer ser humano.

Deixamos aqui o nosso abraço. E a reflexão que você pode ser muito mais como ser humano. E te admiramos pra caramba, Tigrinho. Só não manche a honra daqueles que fazem o Palmeiras existir. Bora seguir na liderança do futebol brasileiro e na liderança do respeito. Somos capazes disso. Somos diversos. Somos Palmeiras. 

Coletivo PorcoÍris.

Fonte: Portal Terra
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