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Igor Paixão se pronuncia após ser chamado de "descendente de escravos" por jornal espanhol

"Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados", escreveu o jogador

29 nov 2023 - 15h55
(atualizado às 17h20)
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O atacante do Feyenoord, da Holanda, Igor Paixão, publicou um texto em tom de indignação pelo ocorrido
O atacante do Feyenoord, da Holanda, Igor Paixão, publicou um texto em tom de indignação pelo ocorrido
Foto: Reprodução: Instagram/igorpaixao_00

Igor Paixão se pronunciou nesta quarta-feira. 29, através do Instagram, após sofrer racismo do jornal espanhol AS. O atacante do Feyenoord, da Holanda, publicou um texto em tom de indignação pelo ocorrido.

Diferenças entre preconceito, racismo e discriminação Diferenças entre preconceito, racismo e discriminação

"Nesta semana, foi a vez do Jornal AS, do país onde joga meu companheiro de profissão, de vida e de cor, Vinicius Junior, que sofre diariamente com o ódio de quem simplesmente não aprendeu a superar um mal que jamais deveria ter existido, mas que há tanto tempo é criminoso", escreveu em sua manifestação.

Em uma matéria de apresentação do atacante, foi utilizado na manchete o termo "descendente de escravos". Após a repercussão negativa, o jornal optou por apagar a reportagem, que tinha o objetivo de informar sobre o destaque do time holandês, adversário do Atlético de Madrid na quinta rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

"Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados. Nos roubaram de nossas casas, de nossas famílias, de nosso livre arbítrio e de nossas vidas. Mas hoje não somos mais", complementou.

 
 
 
 
 
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A crítica ao jornal pelo texto foi relacionada justamente ao cunho racista do título. O jogo terminou em derrota do Feyenoord, que não tem mais chances de classificação para as oitavas de finais.

Revelado pelo Coritiba, Igor Paixão é um dos principais jogadores do time da Holanda. Na temporada 2023/24, são 19 jogos, com três gols e três assistências.

Veja o pronunciamento de Igor Paixão na íntegra: 

Eles sempre se disfarçam. Por meios de palavras elegantes, de dinheiro, de formas de se portar e até mesmo dos cargos que ocupam.

Eles são sutis. Nem sempre deixam a mostra todo o preconceito que carregam por gerações e gerações.

Eles são espertos. Porque na maioria das vezes se safam ao cometerem um dos mais hediondos crimes da história: o racismo.

Mas nem sempre eles disfarçam, nem sempre são sutis e nem sempre são espertos. Às vezes são explícitos e discarados, resultado de anos e anos de impunidade. E esperam o momento certo para destilar o preconceito que carregam dentro de si.

Nesta semana, foi a vez do Jornal AS, do país onde joga meu companheiro de profissão, de vida e de cor, Vinicius Junior, que sofre diariamente com o ódio de quem simplesmente não aprendeu a superar um mal que jamais deveria ter existido, mas que há tanto tempo é criminoso.

Ao falar de minha trajetória, logo no título, o racismo "não-tão-velado": o descendente de escravos.

Fosse por minha realidade humilde, a mesma de muitos dos meus companheiros. Fosse por minha cor, a mesma de grande parte do mundo. Fosse por minha forma de ser ou a "ameaça" que trago a eles. Fosse pelo que fosse, só há uma palavra para descrever isso: racismo.

Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados. Nos roubaram de nossas casas, de nossas famílias, de nosso livre arbítrio e de nossas vidas. Mas hoje não somos mais.

Somos livres para pensar, falar e ser o que queremos, e isso ninguém irá roubar de nós.

Sutis, como são, dirão que "entendi errado o contexto", e irão disfarçar "tirando o texto do ar", e de forma esperta continuarão fazendo, com outros, e me tornarão um alvo.

Mas tudo bem. Porque juntos somos mais fortes. Sempre seremos mais fortes. E nunca, nunca mais, caminharemos sozinhos.

Racistas jamais passarão. 

Entenda a diferença entre racismo e injúria racial:
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