Script = https://s1.trrsf.com/update-1751565915/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

iFood é condenado a indenizar entregador por ‘falha racista’ em reconhecimento facial no app

Tiago Alves dos Santos teve conta banida após reconhecimento falhar

1 jul 2025 - 16h51
(atualizado às 17h35)
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
A Justiça do Trabalho condenou o iFood a pagar R$ 60 mil a um entregador negro por "falha racista" em reconhecimento facial; a empresa nega a discriminação e já apresentou recurso da sentença.
iFood é condenado a indenizar entregador por ‘falha racista’ em reconhecimento facial no app
iFood é condenado a indenizar entregador por ‘falha racista’ em reconhecimento facial no app
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press

A Justiça do Trabalho de Brasília (DF) condenou o iFood a pagar R$ 60 mil de indenização por danos morais a um entregador. Tiago Alves dos Santos, de 41 anos, é negro e afirma que a plataforma teve “falha racista” na ferramenta para reconhecimento facial. A empresa já apresentou recurso contra a sentença. 

O caso ocorreu em 30 de abril de 2024, mas só teve resolução no mês passado. Ao Terra, o trabalhador contou que a plataforma sempre pede o reconhecimento facial ou antes ou depois da primeira corrida. Naquele dia, ele fez o reconhecimento facial e foi buscar um pedido.

No restaurante, o pedido tinha dado como duplicado e ele explicou a situação no chat. Então, o pedido foi retirado de sua tela pelo aplicativo e Tiago foi embora. 

“Quando saí do estabelecimento, andei uns 400 metros e apareceu a mensagem dizendo que eu estava banido da plataforma por descumprir as normas. Mandei mensagem e pensei que fosse por ter pedido para tirarem o pedido. Mais tarde mandaram mensagem dizendo que o motivo do banimento foi por conta de que outra pessoa tentou acessar inúmeras vezes o aplicativo e isso é proibido”, explicou.  

O entregador pediu para que eles mostrassem quem tentou acessar sua conta, já que ele nunca a emprestou para ninguém. “Para minha surpresa, quando eles mostraram quem era, era eu na foto. Mandei inúmeras mensagens explicando que era eu na foto e, ainda assim, não tive retorno e o pouco de retorno que tive, as respostas foram negativas”, afirmou. 

Tiago Alves dos Santos foi banido após “falha racista” na ferramenta para reconhecimento facial
Tiago Alves dos Santos foi banido após “falha racista” na ferramenta para reconhecimento facial
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Então, ele decidiu entrar com uma ação contra o iFood para conseguir de volta sua conta. Ao procurar a advogada Luara Borges Dias, foi alertado sobre racismo algorítmico - que segundo a Universidade Zumbi dos Palmares, é a discriminação por meio do uso de sistemas de inteligência artificial ou algoritmos treinados com utilizando viés preconceituoso. 

Na decisão, o juiz Charbel Chater, da 22ª Vara Trabalhista, reconheceu a “falha racista” na ferramenta, além do prejuízo financeiro e psicológico sofridos por Tiago devido a impossibilidade de trabalhar. Por isso, o iFood foi condenado a pagar R$ 60 mil ao trabalhador, que só conseguiu novamente acessar sua conta depois de cinco meses. 

O iFood já apresentou recurso que foi aceito e será julgado em breve. Em nota à reportagem, a empresa afirmou que “não tolera casos de discriminação em seu ecossistema, seja por parte de clientes, entregadores ou estabelecimentos”, e que a não existe qualquer qualquer análise de características raciais no procedimento de reconhecimento facial. 

“A empresa reafirma o seu compromisso com a equidade racial e repudia todo e qualquer ato discriminatório”, finalizou. 

Confira a nota completa:

"O iFood não tolera casos de discriminação em seu ecossistema, seja por parte de clientes, entregadores ou estabelecimentos. Dentro desta premissa, oferece a todos os entregadores parceiros suporte psicológico e jurídico gratuito em caso de discriminação, agressão física, ameaça e violência sexual. A empresa também possui uma política antidiscriminatória e, recentemente, anunciou sua ampliação, reforçando o compromisso com um ambiente mais seguro e ético para entregadores, estabelecimentos parceiros, clientes e operadores logísticos. No primeiro ano de vigência desta política, foram recebidas mais de 19 mil denúncias válidas, com 90% delas resultando em sanções.

É importante reforçar que a verificação da identidade com o reconhecimento facial é necessária para a segurança dos entregadores parceiros e dos nossos serviços. Este procedimento é autorizado pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais para prevenir fraudes e garantir a segurança do titular de dados durante o processo de identificação e autenticação. Estes dados são tratados exclusivamente para esta finalidade, e o iFood reforça inexistir qualquer análise de características raciais no procedimento de reconhecimento facial. 

A decisão proferida não é definitiva e o iFood irá recorrer para poder esclarecer os fatos alegados na ação. A empresa reafirma o seu compromisso com a equidade racial e repudia todo e qualquer ato discriminatório". 

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade