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"As mulheres indígenas também sabem fazer política", diz cacica

Filha da primeira cacica do Brasil, Juliana Alves comanda a Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará

9 fev 2023 - 05h00
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Juliana atua como liderança indígena desde os 12 anos de idade
Juliana atua como liderança indígena desde os 12 anos de idade
Foto: Reprodução/Instagram

Eu sou Juliana Alves, nasci e me criei na aldeia indígena de Jenipapo-Kanindé, território indígena da Lagoa Encantada, município de Aquiraz, no Ceará. Sou casada com um indígena e tenho dois filhos.

Sou professora de profissão, licenciada em Educação Indígena, e tenho mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Sempre morei na aldeia, mesmo tendo graduação e mestrado, ia para a universidade e voltava. Nunca fui morar fora do meu território.

Juliana é professora licenciada em Educação Indígena e tem mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Juliana é professora licenciada em Educação Indígena e tem mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Foto: Reprodução/Instagram

Militante, atuo como liderança indígena há muitos anos. Desde os meus 12 anos de idade participo da causa juntamente com a minha mãe, a cacica Pequena, primeira mulher cacique do Brasil. Uma das lições que ela sempre me ensinou, e que continua ensinando, é que nós podemos ser quem quisermos ser e que não é por sermos mulheres que temos que nos limitar.

Minha mãe, Maria de Lurdes da Conceição Alves, sempre foi a minha fonte de inspiração. Reconhecida como patrimônio cultural do estado do Ceará, ela sempre me disse que poderia ocupar grandes cargos, desde que eu não perdesse a essência da minha origem.

Juliana é filha da cacica Pequena, a primeira figura feminina a ocupar essa posição no Brasil
Juliana é filha da cacica Pequena, a primeira figura feminina a ocupar essa posição no Brasil
Foto: Reprodução/Instagram

Ela rompeu a barreira do machismo de só existir caciques homens e traz isso como ensinamentos diários, de que é preciso acreditarmos, primeiramente, em nós mesmos, e que a luta se faz com muito respeito e humildade.

Eu sou a primeira secretária a estou à frente da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará. Fui convidada para atuar como secretária da pasta, anunciada pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Uma das nossas prioridades é a questão da demarcação das terras indígenas do Ceará, por ser um dos estados mais atrasados no que diz respeito à demarcação territorial.

O meu objetivo como mulher indígena é, principalmente, levar a bandeira da luta dos povos indígenas para todos os espaços, conseguir reconhecimento para a causa, mas também dar visibilidade à luta das mulheres.

Quero mostrar que nós, mulheres indígenas, também sabemos fazer política, que nós também sabemos governar e atuar em espaços de luta e de poder, como eu faço na Secretaria dos Povos Indígenas 

"Nós, mulheres indígenas, também sabemos governar e atuar em espaços de luta e de poder"
"Nós, mulheres indígenas, também sabemos governar e atuar em espaços de luta e de poder"
Foto: Reprodução/Instagram

Apesar de termos mais indígenas na política atualmente, ainda há muito o que conquistar e ocupar. A nossa luta é em prol da coletividade, da demarcação dos nossos territórios e da homologação para que todos os seres humanos possam ter o direito à vida, à moradia digna, ao esporte e ao lazer. 

Durante esse período de governo da Secretaria dos Povos Indígenas, queremos unir forças para que as políticas públicas possam chegar até os territórios indígenas e trabalhar para que os povos indígenas do estado do Ceará possam ter mais visibilidade.

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Fonte: Redação Nós
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