Pedágio Free Flow vira armadilha silenciosa para motoristas e gera multas sem aviso claro
Sistema promete modernidade, mas falta de comunicação e padronização faz cobrança passar despercebida
O pedágio Free Flow chegou ao Brasil com a promessa de modernidade, fluidez e fim das filas nas estradas. Porém, conforme bem observado pelo Mundo do Automóvel para PCD, a prática tem se mostrado bem diferente.
Na realidade, após passar pelo portal do Free Flow, o motorista não recebe qualquer aviso oficial imediato sobre a cobrança. Assim, quem não utiliza TAG automática precisa descobrir sozinho que deve pagar.
Toda a responsabilidade recai sobre o condutor, que muitas vezes sequer percebe que atravessou um ponto de pedágio. Como resultado, milhares de motoristas só descobrem a cobrança quando já estão multados.
O problema se agrava porque não existe um sistema unificado no país. Cada rodovia possui um operador diferente, exigindo que o motorista identifique a estrada, a concessionária e o site correto.
Esse processo precisa ocorrer dentro do prazo de carência, pois, se ele expira, o sistema interpreta como evasão de pedágio. Isso acontece mesmo quando não houve qualquer intenção de burlar a cobrança.
A falta de padronização torna tudo ainda mais confuso. Não há aplicativo único, não existe consulta nacional por placa e não são enviados avisos automáticos por SMS ou e-mail.
Dessa forma, quem dirige carro alugado, veículo emprestado ou viaja sem TAG pode passar pelo Free Flow sem perceber absolutamente nada. Muitas vezes, a descoberta ocorre apenas com a chegada da multa.
Outro ponto crítico é que o sistema não chama atenção visualmente como os pedágios tradicionais. Assim, muitos motoristas sequer lembram qual portal atravessaram durante o trajeto realizado.
Essa desorganização tem gerado relatos frequentes de cobranças esquecidas e penalizações aplicadas a pessoas que tinham total intenção de pagar. Contudo, faltou informação clara e acessível.
O mínimo esperado seria um sistema nacional unificado, com consulta simples por placa, pagamento centralizado e comunicação automática. Sem isso, o Free Flow perde seu caráter de inovação.
Enquanto não há mudanças, a orientação prática é clara e direta. Sempre anote a rodovia utilizada, registre o local aproximado e consulte no mesmo dia se existe cobrança pendente.
Essa atenção é ainda mais importante para quem não utiliza TAG automática, pois o risco de multa por evasão de pedágio é real. Mesmo motoristas cuidadosos acabam sendo penalizados.
No fim das contas, o Free Flow é vantajoso para concessionárias, que reduzem custos operacionais ao eliminar cabines e funcionários. Também favorece o governo, que amplia a arrecadação. Por outro lado, para o motorista comum, o sistema se tornou uma armadilha silenciosa. Falta transparência, sobra confusão e cresce o risco de punição injusta.
Enquanto não houver padronização, comunicação eficiente e avisos claros, o Free Flow seguirá beneficiando todos os envolvidos na operação. Menos quem está apenas tentando dirigir e cumprir as regras.