Brasil tem plano para reduzir 70% das emissões até 2050
Coalizão com mais de 50 entidades entrega ao Governo plano para cortar emissões em até 70%, atrair R$ 600 bi e bombar mobilidade sustentável
Plano com 90 ações criado por mais de 50 entidades quer cortar até 70% das emissões do transporte no Brasil até 2050, com R$ 600 bilhões em investimentos
A Coalizão para a Descarbonização dos Transportes - composta por mais de 50 entidades como CNT, Motiva, CEBDS e Insper - entregou ao Governo Federal - durante o evento "Brasil Rumo à COP30", em Brasília - um plano estratégico com 90 medidas voltadas à redução das emissões do setor de transportes em até 70% até 2050.
O setor responde por cerca de 11% das emissões nacionais (260 milhões de toneladas CO2 em 2023). Sem intervenção, esse valor pode chegar a 424 milhões de toneladas até 2050.
Com as ações do plano, a projeção cai para cerca de 137 milhões - equivalente a evitar a emissão de 145 milhões de toneladas pela eletrificação, 65 milhões com expansão de ferrovias e hidrovias, e 45 milhões com maior uso de biocombustíveis e do SAF (combustível sustentável de aviação).
As frentes de ação incluem:
- Eletrificação de frotas, com 50% dos carros leves e 90% dos ônibus urbanos elétricos até 2050;
- Expansão do transporte ferroviário e hidroviário, reduzindo a saturação do modal rodoviário;
- Uso intensivo de biocombustíveis, como etanol, biodiesel e combustível sustentável de aviação (SAF), com crescimento previsto de 30 bi para até 55 bilhões de litros até 2050.
O investimento estimado do plano ultrapassa R$ 600 bilhões, com potencial de consolidar o Brasil como referência global em mobilidade sustentável, além de influenciar o Plano Nacional sobre Mudança do Clima a ser apresentado na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontece em Belém (PA) em novembro deste ano.
A receptividade do Governo Federal foi positiva.
O Ministério dos Transportes e o Ministério do Meio Ambiente sinalizaram apoio à construção de um plano de transição ecológica no setor, reconhecendo que o transporte é uma das áreas mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, mais estratégicas na corrida rumo à neutralidade climática.
A ministra Marina Silva destacou o protagonismo brasileiro em fontes limpas como etanol e energia elétrica renovável, e reforçou que os dados e metas apresentados pela coalizão servirão como base técnica para o plano oficial de descarbonização a ser apresentado na COP30.
O governo agora deve integrar as sugestões ao Plano Nacional sobre Mudança do Clima, incluindo marcos regulatórios, incentivos e metas setoriais claras.