17/05/2000
SERÁ QUE OS SITES EDUCATIVOS REALMENTE EDUCAM?
Agência Estado
Entre os sites dedicados às crianças, alguns são classificados como educativos, mas quem se propõe a educar pela Internet precisa ter cuidado para que essa tarefa não se limite à simples informatização do ensino.
Segundo a professora de informática em educação da PUC-SP, Elizabeth Almeida, o que tem ocorrido é a transposição de modelos já desgastados do mundo real para o virtual. "Eu costumo citar o exemplo da Matemática: no método tradicional, o professor explica os conceitos e pede que os alunos resolvam exercícios. Na Internet, essa prática limita as possibilidades."
Elizabeth está desenvolvendo, com um grupo de professores e doutorandos, um projeto de pesquisa que pretende criar uma metodologia de ensino para uso específico com os novos recursos tecnológicos. "O aluno deve ser criador, porque o ensino não é unidirecional e o processo de aprendizagem colaborativa produz conhecimento a partir da interação", acredita.
Na opinião dela, os sites educativos que funcionam como grandes bancos de dados são bastante úteis em pesquisas escolares, porém, limitados na intenção educativa, pois não possibilitam trocas. "Já nos sites interativos é importante a presença de um mediador - geralmente um professor - que receba as informações e formule questionamentos ao aluno, levando-o a refletir."
Mas será que esses portais oferecem realmente benefícios à garotada? A professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Neide Noffs, analisou alguns sites educativos para verificar se o conteúdo é apropriado.
Para ela, a prioridade deles não é educar. "Enquanto deveriam possibilitar a reflexão e ampliar a informação, eles enfatizam a publicidade", ressalta.
Outra crítica é quanto à metodologia utilizada. "Muitos deles são cópias de livros didáticos. Não há sentido nessa duplicação, porque a Internet deve ser um complemento para a informação já existente."
Apesar dos pontos negativos, alguns sites também devem ser elogiados por sua organização e pela qualidade da informação que oferecem. "A iniciativa de montar plantões de dúvidas, por exemplo, é ótima, porque o usuário pode interagir quando necessitar de algum auxílio."
Ela acredita, porém, que nada pode substituir o contato direto. "A presença do professor é muito importante. Os seres humanos devem se relacionar e a Internet não pode substituir isso", salienta Neide.