Relembre os "easter eggs" mais famosos dos games
Entenda o conceito e a origem dos 'ovos de páscoa' no mundo dos game
Presença indispensável no feriado da Páscoa, o ovo de chocolate dá um caráter lúdico à celebração cristã, que inclui brincadeiras que consistem em esconder os ovos para as crianças procurarem. Esta parece ser a referência para o termo 'easter egg', adotado 42 anos atrás para segredinhos escondidos dentro de games - e que depois se popularizou em outras mídias, como filmes e séries de TV.
Hoje, há toda uma tradição de easter eggs, uns mais bem escondidos e/ou loucos que outros. O Game On lista alguns dos mais famosos easter eggs da história dos jogos. Confira:
Surgiu como um protesto
Se hoje os easter eggs são símbolos de zoeiras e de segredos divertidos, o primeiro foi um protesto por reconhecimento. O sucesso fenomenal do Home Pong, dos jogos de arcade e sobretudo do console Atari 2600, fizeram com que a Atari se transformasse na primeira grande marca dos videogames. Todo esse sucesso atraiu o grupo de investimentos da Warner, que comprou a empresa em 1976, o que acarretou em muitas mudanças na forma de se fazer jogos da companhia.
Para os executivos, os games eram produtos como quaisquer outros, sem qualquer valor artístico. Assim, os jogos deveriam ser desenvolvidos da forma mais rápida e barata possível, e programadores e game designers eram tratados como meros peões de uma linha de montagem. Os executivos da Warner, inclusive, sequer permitiam que eles fossem creditados por suas obras, diretiva que revoltava os desenvolvedores de jogos.
Foi nesse contexto de opressão corporativa que Warren Robinnet desenvolveu em 1980 o jogo Adventure, um dos maiores clássicos do Atari 2600. Warren escondeu a mensagem "Created by Warren Robinett" em uma sala secreta, cujo acesso envolvia um complicado passo-a-passo. Ainda que concebido como um protesto "silencioso", o easter egg acabou descoberto por acaso por um jovem jogador, que acreditando ter encontrado um defeito no jogo, enviou uma carta à Atari contando o que encontrou. O easter egg causou um verdadeiro rebuliço, pois a companhia teria que gastar milhares de dólares para recolher cartuchos e imprimir novos sem a gracinha de Warren Robinett, que inclusive já havia deixado a companhia quando seu segredo foi descoberto.
No fim das contas, o cartucho de Adventure hoje custa uma pequena fortuna entre colecionadores, e o easter egg de Robinnet escreveu seu game para sempre na história dos videogames. A história de Robinnet inspirou a "caça aos ovos" do filme Jogador Número Um.
The Legend of Zelda: A Link to the Past
Entre 1988 e 2012, a Nintendo Power foi mais que uma revista: foi um verdadeiro guia do universo da Nintendo, contendo explicações detalhadas, mapas, curiosidades e todo tipo de informação sobre os principais jogos presentes nos consoles da Nintendo. A publicação também foi famosa por organizar muitas promoções, e uma em particular passou para a história como um dos easter eggs mais famosos de todos os tempos.
Em 1990, a Nintendo Power organizou uma promoção que pedia que seus leitores tirassem uma foto de Warmech, um inimigo muito raro do primeiro Final Fantasy, lançado para NES. Um garoto chamado Chris Houlihan foi sorteado, e como prêmio, teria seu nome registrado em um "futuro game de NES". Por algum motivo desconhecido, porém, o nome de Chris foi parar em The Legend of Zelda: A Link to the Past, lançado para SNES, por volta de 2 anos depois da promoção.
Conhecida como "sala Chris Houlihan", o easter egg acabou descoberto alguns anos depois do lançamento americano de The Legend of Zelda: A Link to the Past. Seu acesso envolve equipar o item "pegasus boots", forçar um erro de leitura de posicionamento por parte do jogo, e então cair em algum buraco. Assim, o game acaba enviando o jogador à sala secreta (que na verdade é uma sala de debug), que contém 45 rupees e uma placa com o nome de Chris Houlihan, que por sinal, não está presente nas versões japonesa e internacionais, que chamam a sala de "top secret room".
Mortal Kombat (1992)
Sucesso fenomenal dos arcades dos anos 1990, Mortal Kombat se tornou um game famoso também graças a um easter egg sensacional. Aleatoriamente, inúmeros jogadores eram surpreendidos por um misterioso ninja verde que deixava mensagens enigmáticas e simplesmente desaparecia em seguida.
Após intensas investigações por parte de jogadores e publicações especializadas da época, ávidos em descobrir o mistério por trás do tal ninja, alguém enfim descobriu o segredo: se um objeto aleatório passasse na frente da lua presente no cenário "The Pit", o jogador então deveria vencer a luta sem sofrer dano nem usar o botão de defesa, e por fim, finalizar o oponente com o fatality.
Caso os requerimentos fossem todos atendidos, uma mensagem informava que o jogador então enfrentaria Reptile, um ninja verde que combinava os poderes de Sub-Zero e Scorpion, em um duelo cujo plano de fundo era o chão cheio de espetos que ficava no pé da ponte presente na fase The Pit. Caso saísse vencedor da luta, o jogador ganharia então 10 milhões de pontos, o que certamente colocaria seu nome entre os scores mais altos da tela de high score do jogo. Além de provavelmente virar o herói do recreio da escola.
Metal Gear Solid (1998)
Uma das principais inovações trazidas pela geração 32-bits (que teve o PlayStation como ponta de lança), foi a popularização dos cartões de memória. Presentes inicialmente no caríssimo e exclusivo Neo-Geo, os memory cards facilitaram muito a tarefa de salvar o progresso nos games, que antes ficava a cargo ou de longas e complicadas passwords, ou de baterias internas que podiam falhar do nada, e pôr pra perder horas (ou mesmo meses) de progressos em jogos. Com isso em mente, Hideo Kojima e a equipe de desenvolvimento de Metal Gear Solid resolveram tirar proveito dos memory cards da forma mais criativa.
Em dado momento do jogo, o jogador enfrentará Psycho Mantis, um sinistro chefão cujas capacidades psíquicas envolvem também a leitura de mentes. E é aí que surge o easter egg: Mantis então lê o cartão de memória inserido no console do jogador, sendo capaz de mencionar títulos da Konami presentes no cartão, como Castlevania Symphony of the Night, Suikoden e mesmo Pro Evolution Soccer, falando como se realmente tivesse lido a mente do jogador. Um easter egg sinistro e muito divertido, que fez todo mundo que jogou Metal Gear Solid pela primeira vez tomar um susto daqueles.
Resident Evil 2 (1998)
Para além da matança de zumbis característica da série, Resident Evil 2 também é um jogo que prima pela exploração, recompensando o jogador com muitos documentos e detalhes escondidos que enriquecem a trama e as histórias de fundo dos diversos personagens. Um desses detalhes, porém, deve ter sido deixado como piada interna dos desenvolvedores, e acabou se transformando em um famoso easter egg.
Ao acessar o escritório da equipe S.T.A.R.S, no segundo andar da delegacia de Raccoon City, caso o jogador aperte o botão de ação 50 vezes sobre a mesa de Wesker, ele ganha um filme fotográfico secreto chamado "film D". Em seguida, o jogador deve acessar a sala de revelação fotográfica, que mostra o prêmio: uma foto de Rebecca Chambers, personagem que participa do primeiro Resident Evil, com um uniforme de basquete.
Fãs de Resident Evil especularam por anos a razão da misteriosa foto, que ganhou fama o suficiente para retornar (também como easter egg) no remake de 2019 de Resident Evil 2 - que você confere no vídeo acima.
Silent Hill 2 (2001)
Silent Hill foi outra franquia da Konami famosa por seus segredos muito bem escondidos. O mais louco deles está presente não apenas como um item ou uma ilustração, mas todo um final alternativo escondido à espera dos jogadores mais curiosos.
Em Silent Hill 2, após terminar o game uma vez, o jogador pode começar uma partida nova e vir a encontrar uma chave especial em forma de ossinho canino. Com ela, o jogador ganha acesso a uma sala secreta que revela "a verdade" sobre os mistérios macabros de Silent Hill 2: tudo teria sido arquitetado por um simpático cãozinho da raça Shiba Inu, que estaria no controle de todos os acontecimentos do jogo, como um verdadeiro "master mind".
Em uma virada bizarra, o protagonista James Sunderland então cai na risada e tudo termina ao som de uma musiquinha alegre. Como se Silent Hill 2 já não fosse um game perturbador o suficiente.
Grand Theft Auto
A franquia GTA não escondeu apenas um easter egg, mas vários, espalhados por diferentes games da famosa série de jogos da Rockstar. Em GTA III, a produtora resolveu zoar os jogadores, escondendo um easter egg em um local de difícil acesso no sudeste de Bedford Point, que se resume a uma placa com a mensagem "Você não deveria poder chegar aqui, sabia?".
Em GTA Vice City, se o jogador conseguir atravessar a janela de um prédio específico perto do centro da cidade, ele cairá em um sala que contém um ovo de páscoa com a mensagem "happy easter" (feliz páscoa). GTA IV, por sua vez, tem o easter egg mais estranho e perturbador da franquia: um coração gigante, pulsante e todo acorrentado, por ser encontrado no alto da Statue of Happiness.
O easter egg mais famoso da franquia está escondido em GTA V, sob a forma do popular mito do "Pé Grande". Ainda na época de GTA San Andreas, surgiu um rumor que que havia uma criatura "Big foot" escondida no jogo, fato que anos depois provou-se falso. Ainda assim, o mito se manteve popular o suficiente para ser realmente incluído em GTA V, com a criatura aparecendo em duas missões.
Primeiro, ela aparece na missão "Predator", quando o jogador consegue ver o Pé Grande através da mira termal de rifle sniper. Depois, é possível rever o Pé Grande na missão "Strangers and Freaks", onde finalmente o jogador tem contato com o suposto monstro. No fim das contas, o jogador descobre que o Pé Grande não passou de um homem de fantasia. Uma enorme "trollagem" da Rockstar com seu público.
E você, já encontrou muitos easter eggs nos seus games? Conte para a gente quais são os seus favoritos!