Virtual Boy: o console mais esquisito da Nintendo faz 30 anos
Lançado em 1995, ele prometia o futuro da realidade virtual, mas virou um dos maiores fracassos da história dos games
Em julho de 1995, a Nintendo arriscou tudo com uma ideia ousada: levar a realidade virtual para os videogames domésticos. Assim nascia o Virtual Boy, um dispositivo que se destacava por seu design excêntrico.
Diferente dos consoles tradicionais que se conectavam à TV, ou dos portáteis que cabiam no bolso, o Virtual Boy era montado em um tripé, exigindo que o jogador se inclinasse sobre ele para espiar em um par de óculos que simulava uma experiência de realidade virtual.
Trinta anos depois, o Virtual Boy é lembrado não por revolucionar os jogos, mas por ser um dos maiores tropeços de uma empresa que costuma acertar. Ainda assim, sua história é tão curiosa quanto importante.
O que era o Virtual Boy?
Desenvolvido por Gunpei Yokoi, o mesmo criador do Game Boy, o Virtual Boy foi lançado em julho de 1995 no Japão e um mês depois nos Estados Unidos. Ao contrário dos consoles tradicionais, ele era posicionado sobre uma base com visor binocular, no qual o jogador encostava o rosto. A ideia era oferecer uma experiência imersiva em 3D estereoscópico, algo inédito na época.
Porém, havia um grande problema: a tela exibia apenas gráficos em tons de vermelho e preto, o que causava fadiga visual, dores de cabeça e, em alguns casos, náuseas, após pouco tempo de uso. A própria Nintendo alertava para pausas a cada 15-30 minutos, o que não era exatamente um convite a longas sessões de jogo.
Com gráficos vetoriais simples e som limitado, a "realidade virtual" prometida se resumia a sprites flutuando em um fundo preto. O controle do Virtual Boy também era peculiar. Com dois D-pads, um de cada lado, ele foi projetado para jogos em 3D que utilizariam ambos os eixos de navegação.
No entanto, a maioria dos jogos não explorava todo o potencial desse design, tornando-o um tanto desnecessário para o catálogo limitado do console.
Um fracasso inevitável
O Virtual Boy chegou ao mercado com um preço relativamente alto para a época (cerca de US$ 179,95 nos EUA) e um marketing confuso que não conseguia comunicar claramente o seu propósito.
O catálogo de jogos era escasso, com apenas 22 títulos lançados mundialmente, e a maioria deles não conseguia justificar a compra do aparelho. Clássicos como Mario Tennis e Wario Land até tentaram brilhar no hardware, mas as limitações visuais e o desconforto físico superavam qualquer tentativa de diversão.
Em menos de um ano, o Virtual Boy foi descontinuado, tornando-se o console de menor vida útil da Nintendo. Estima-se que menos de um milhão de unidades foram vendidas globalmente. Muitos consideram o Virtual Boy o maior fracasso da Nintendo, um "erro" na brilhante trajetória da empresa.
O legado do "esquisitão"
Apesar de seu retumbante fracasso, o Virtual Boy não foi um desastre total para a Nintendo. Ele serviu como um importante aprendizado sobre os desafios da realidade virtual e a importância da experiência do usuário. O conceito de jogos em 3D estereoscópico foi resgatado anos depois no Nintendo 3DS, com muito mais sucesso.
Hoje, o Virtual Boy é um item de colecionador, uma peça de museu que representa a ousadia e, por vezes, a excentricidade da Nintendo. Ele nos lembra que mesmo gigantes da indústria podem tropeçar em busca de inovação, e que nem toda ideia à frente de seu tempo está pronta para o mercado.
Os 30 anos do Virtual Boy são um marco não apenas de um console que falhou, mas de um lembrete valioso sobre os riscos e recompensas da experimentação no mundo dos videogames.