“Brasil é um dos principais mercados de eSports do mundo”, diz Team Liquid ao Game On
Conversamos com Rafael Queiroz sobre o crescimento da Team Liquid no país, a força da comunidade brasileira e os planos da organização
Um dos estandes mais movimentados da BGS 2025 foi o da Team Liquid, que novamente mostrou por que é uma das organizações mais influentes dos e-sports mundiais. Em meio a ativações, torneios e encontros com fãs, a presença da equipe reforçou a conexão profunda com o público brasileiro.
Batemos um papo com Rafael Queiroz, General Manager da Team Liquid no Brasil, para entender como a organização enxerga a paixão dos fãs, o impacto das parcerias no crescimento do cenário competitivo e o papel do país dentro da estratégia global da marca.
Game On: Rafael, para começar, conta um pouco sobre o seu papel dentro da Team Liquid e como tem sido liderar as operações da organização no Brasil.
Rafael Queiroz: Sou o Rafael Queiroz, ou Rafa, General Manager da Team Liquid. Basicamente, lidero toda a operação da organização no Brasil. Já estamos no nosso oitavo ano de atividade por aqui. Começamos lá atrás com apenas seis pessoas e hoje contamos com mais de cem entre staff e jogadores. Temos um prédio na Vila Eugênia totalmente estruturado para o desenvolvimento dos times e dos profissionais que fazem parte da Liquid. Essa já é a nossa quarta BGS seguida, e seguimos aproveitando o evento para nos aproximar ainda mais dos fãs e da comunidade.
Game On: A Team Liquid investe há anos no Brasil. Na sua visão, o que torna o fã brasileiro diferente de outros públicos ao redor do mundo?
Rafael Queiroz: Considero o mercado brasileiro um dos maiores do mundo em termos de audiência e eSports. O brasileiro é naturalmente competitivo, mas o que realmente o diferencia é a paixão. O fã do Brasil quer estar próximo do time, dos jogadores e das competições. Ele participa, comenta, engaja nas redes sociais e comparece em eventos presenciais. Diria que é um público mais intenso e caloroso do que em qualquer outro lugar do mundo.
Game On: A Liquid tem se destacado em iniciativas para a base de jogadores. Como vocês veem o papel da organização no desenvolvimento de novos talentos no cenário brasileiro?
Rafael Queiroz: A gente tem, por exemplo, uma iniciativa muito legal, que é o campeonato tier 2, promovido pela própria comunidade. Foram mais de 800 times inscritos, e a final está acontecendo aqui na BGS, com os dois finalistas jogando ao vivo.
O torneio conta com premiação e deu aos jogadores a oportunidade de viajar, participar de um grande evento e competir diante do público. Tudo isso traz uma experiência marcante e, ao mesmo tempo, ajuda a revelar novos talentos — porque esses jogadores podem ser os próximos profissionais da Liquid no futuro. Nosso objetivo é sempre fomentar a comunidade, não só incentivando por meio dos campeonatos que disputamos e vencemos, mas também criando oportunidades para que mais pessoas vivenciem esse ambiente e possam, quem sabe, transformar isso em uma carreira.
Game On: Parcerias são um pilar importante nos eSports. Qual é o papel delas para o crescimento do cenário e da própria Liquid?
Rafael Queiroz: Elas são essenciais. Se você olhar o nosso estande, temos grandes parceiros como a Visa e a Alienware, que já estão conosco há bastante tempo. A Visa há quase dois anos e a Alienware há mais de quinze. São parcerias de longa data que ajudam não só na estruturação dos times, mas também na criação de experiências para o público. Patrocinadores, principalmente os não endêmicos, fortalecem o ecossistema, ajudam o cenário a se profissionalizar e tornam tudo mais sustentável.
Game On: Qual é o maior desafio em trazer a Team Liquid para perto dos fãs em eventos como a BGS?
Rafael Queiroz: O maior desafio é sempre inovar. A gente vem participando da BGS desde 2022 e também marca presença em outros eventos, como a CCXP e a Gamescom. O objetivo é oferecer experiências diferentes a cada edição, para que o público saia com a sensação de ter vivido algo único. É isso que buscamos: equilibrar o novo com o que já funciona bem, mantendo a essência da Liquid, mas sempre surpreendendo os fãs.
Game On: Poderia contar um pouco sobre o centro de treinamento que a Liquid tem investido no Brasil?
Rafael Queiroz: Nosso prédio foi inaugurado em 2023, na Avenida Angélica, em São Paulo. É um espaço de 15 andares com toda a estrutura necessária para o desenvolvimento competitivo e profissional. Lá temos dormitórios para os times, salas de treino, cabines de streaming, estúdios, academia, restaurante, áreas de performance, escritórios e até uma área de ativação no térreo. É um ambiente completo, pensado para integrar tudo o que consideramos essencial no nosso ecossistema — desde o competitivo até o administrativo.
Game On: Além de títulos como CS, Valorant, Dota e LoL, existem planos para expandir para outros jogos competitivos?
Rafael Queiroz: Hoje estamos presentes em 22 jogos globalmente, e muitos deles participam da eSports World Cup, na Arábia Saudita. Estamos sempre abertos a novas oportunidades, desde que o projeto faça sentido, tenha potencial de monetização e bons talentos para representar a organização. A Liquid só entra em um jogo quando acredita que pode competir em alto nível e ser relevante globalmente.
Game On: A Team Liquid tem uma das histórias mais sólidas dos eSports mundiais. Como vocês adaptam a identidade global da organização para se conectar com o público brasileiro?
Rafael Queiroz: Nos temos uma filosofia interna chamada Wave of One, que representa nossa cultura global. Apesar de termos operações em diferentes países, seguimos uma estrutura centralizada, com valores e estratégias alinhadas. O que adaptamos localmente são os aspectos culturais. No Brasil, por exemplo, faz todo sentido participar da BGS, porque o público daqui quer proximidade — quer estar perto dos jogadores, influenciadores e viver a experiência de forma intensa. Conseguimos adaptar nossa cultura global ao estilo brasileiro, de forma natural e autêntica, quase como se fôssemos uma organização nascida aqui.