Brasil renasce, faz carrasca chorar e sai com gritos de "campeão voltou"
- Celso Paiva
- Direto de Londres
Enfim chegou o dia do Brasil fazer a carrasca Ekaterina Gamova chorar. Depois de ver a russa causar sofrimento em uma semifinal de Jogos Olímpicos em 2004 e em duas finais de Mundial, com atuações impressionantes, a Seleção feminina de vôlei não deixou o filme trágico se repetir mais uma vez em momentos decisivos - a russa tinha perdido para o Brasil nos Jogos de Pequim, em 2008, só que na primeira fase. Em uma partida que pode ser colocada entre as mais sofridas do vôlei brasileiro, o time renasceu das cinzas, venceu por 3 sets a 2 de forma dramática e chegou à semifinal dos Jogos Olímpicos de Londres.
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Como já havia sido dito pela meio de rede Thaisa, as russas e, em especial Gamova, estavam entaladas desde a derrota trágica por 3 sets a 2 no Mundial do Japão, há dois anos. A meio de rede brasileira disse que queria encarar a oposto russa de frente e fazê-la parar no bloqueio. Foi exatamente com "sangue nos olhos" que o Brasil começou. Com Thaisa afundando bolas nas quadras das rivais e Fabi, que há dois dias disse ter antipatia pelas russas, se esforçando para pegar bolas quase impossíveis.
Jogo disputado, as duas equipes se alternavam ponto a ponto até o final da parcial. Foi quando a pouca experiência da levantadora Fernandinha para momentos como estes fez a diferença ao errar uma bola fácil para Thaisa. Um ataque para fora de Sheilla colocou a Rússia com 1 set a 0 no placar. As atletas brasileiras mostraram não estar abatidas com a derrota. Sheilla que tinha errado há pouco levantou a moral do time que volta com mais "sangue nos olhos" ainda no segundo set.
Solta em quadra e comemorando cada ponto como se fosse o último, o time brasileiro foi abrindo vantagem e irritando Gamova, que gesticulava constantemente com suas companheiras. Ficou claro que a carrasca brasileira não gosta de perder para o time verde e amarelo. Com 18 a 11 no placar, as brasileiras viram o moral voltar com força, mas uma derrapada no fim do set quase pôs tudo a perder. O Brasil fechou por 25 a 22, mas fez as russas acreditarem que era possível voltar à partida bem.
Veio o terceiro set e em vez do Brasil manter a postura, sofreu um apagão daqueles inexplicáveis. As jogadoras se mostravam atônitas dentro da quadra, errando bolas bobas e não conseguindo em momento algum parar o ataque russo. O rosto era como se fosse de um time derrotado antes mesmo de acabar a partida. Thaisa desolada no banco de reservas, quando deixava a quadra para a entrada da líbero Fabi, e outras jogadoras não acreditando no que acontecia. Passeando, Gamova fez sua melhor parcial e a equipe russa fez 2 a 1, com 25 a 19.
A derrota imponente mexeu com o Brasil, que voltou com a mesma apatia para o início do quarto set. Coube à torcida fazer a diferença. Com gritos de "eu sou brasileiro, com muito orgulho e com muito amor", os torcedores levantaram o moral da equipe dentro de quadra. Em uma recuperação incrível, foi a vez das brasileiras deixarem as russas incrédulas. As jogadoras do banco de reservas entraram no clima da torcida, começaram a fazer coreografias iguais as feitas nas arquibancadas.
Berrando a cada ponto, o time de José Roberto Guimarães teve até de ser contido pelo árbitro algumas vezes tamanha a euforia. Praticamente renascendo das cinzas, o time foi para o tie-break com a torcida gritando "o campeão voltou". A auto-estima enfim passou para o lado brasileiro. Com vibração dentro e fora da quadra, o time foi abrindo vantagem e se manteve bem na virada de quadra.
Porém, por pouco, mais um erro de arbitragem não coloca tudo a perder. Quando a partida estava 11 a 9 a favor do Brasil, um ataque do Brasil visivelmente dentro que foi anotado para fora desestabilizou o time. Zé Roberto invadiu a quadra esbravejando, as jogadoras viam o filme de outros anos passar na cabeça. Mesmo assim mantiveram uma vantagem de três pontos até chegar no 13 a 10. Foi quando para torcida e jogadores uma cena que aconteceu na semifinal olímpica de 2004 por pouco não volta a acontecer. A Rússia marca quatro pontos seguidos e fica sempre com o set point a seu favor. Com as rivais constantemente na frente, o sofrimento aumentou já que em um erro brasileiro, a Rússia sairia com a vitória.
No saque de Fernanda Garay veio o alívio e o Brasil mostrou uma frieza semelhante à das russas, passando a frente do placar. Em um ataque de Fabiana, o estigma de cair em momentos decisivos diante das russas, enfim, acabou. O time brasileiro comemorou como se fosse a vitória do título. Zé Roberto começou a dar peixinhos em volta da quadra. Fabi, Thaisa, Jaqueline e outras jogadoras saíram chorando.
Uma cena então fica como a mais marcante do confronto. Gamova que fez tantas vezes as brasileiras chorarem sai de quadra desolada, não acreditando no que tinha acontecido. A russa passa sem dar entrevistas e sem carregar o velho sorriso no rosto visto na final do Mundial de 2010. Demorou, mas enfim foi a vez das brasileiras saírem comemorando.
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