Kyrgios vence Sabalenka em 'Guerra dos Sexos' apolítica e despretensiosa
Tenista belarrusa, atual número 1 do mundo, jogou em lado da quadra 9% menor à metade do adversário e foi derrotada em jogo marcado por sorrisos e brincadeiras
Tenista número 1 do mundo, Aryna Sabalenka foi derrotada por 2 sets a 0, com duas parciais de 6/3, pelo australiano Nick Kyrgios, ex-top 13 e atual número 671 do ranking, em jogo de exibição intitulado "Guerra dos Sexos". A alcunha atribuída à partida, disputada em Dubai, faz menção ao emblemático duelo entre Billie Jean King e Bobby Riggs, um marco para o tênis feminino, mas esteve longe de ter o mesmo peso.
Na maior parte do tempo, o que se viu foi um clima de descontração. De qualquer forma, Sabalenka estava visivelmente frustrada ao fim do desafio, mas pontuou que "jogar contra um homem é diferente".
"Ele teve dificuldades e fico feliz em ver um homem sofrendo com minhas jogadas. Ele tem grandes saques, acho que a gente deu um show. Sinto que na próxima vez já vou saber taticamente onde estão as forças e fraquezas dele", afirmou, antes de dizer que "adoraria uma revanche"
"Foi uma partida difícil, ela é uma grande campeã", disse Kyrgios, que admitiu nervosismo. "Eu não sabia o que esperar, mas ela veio e quebrou meus serviços várias vezes. Eu senti porque ela colocou pressão em mim com grandes golpes. Foi um grande espetáculo, um grande jogo de tênis."
O ex-número 13 do mundo foi para a quadra fora do ritmo de competição, pois não joga uma partida oficial em simples desde março, quando caiu na segunda fase do Masters 1000 de Miami. Com base em estudos sobre mobilidade no tênis feminino, a organização decidiu que o lado da quadra de Sabalenka teria de ser 9% menor do que a metade do adversário. A diferença era muito clara na marcação das linhas.
A atual número 1 do mundo concordou com a adaptação. "Se jogássemos em uma quadra inteira, com as regras habituais, seria verdadeiramente difícil me medir contra os homens. Mas nessas condições tenho a sensação de ter talvez mais opções de enfrentá-lo", disse antes do jogo.
O tom da partida, vendida como a nova "Guerra dos Sexos", foi muito deferente daquele que permeou a vitória por 3 sets a 0 de Billie Jean King sobre Bobby Riggs, em 1973. Aposentado há 14 anos, Riggs dizia que podia vencer qualquer mulher mesmo com 55 anos.
No jogo de cinco décadas atrás, a americana jogava no clima de revanche após Riggs derrotar Margaret Court, no que é considerada a primeira "Guerra", e tinha o objetivo de dar mais visibilidade e reconhecimento financeiro ao tênis feminino.
"Não é a mesma coisa", afirmou Billie Jean King, aos 82 anos, em entrevista à BBC quando questionada se havia como comparar seu embate com Riggs ao duelo entre Sabalenka e Kyrgios. "Foi uma partida muito politizada (...) Não é o caso", concluiu.
Muitas críticas foram feitas, especialmente na imprensa europeia, em relação às pretensões de um evento como esse. A última vez em que tentaram evocar a "Batalha dos Sexos" em um jogo de exibição foi quando Jimmy Connors venceu Martina Navratilova por 2 sets a 0, em 1992.
Neste domingo, em Dubai, sob olhares de um público no qual estavam presentes nomes como Ronaldo Nazário e Kaká, a belarussa e o australiano exibiam sorrisos e faziam algumas brincadeiras em determinados momentos. Era um jogo descontraído, como a maioria das partidas de exibição. Num desses momentos, Kyrgios abriu um sorriso espantado ao ver a adversária pontuar com uma belíssima paralela de direita.
O jogo, com três sets, utilizou regras modificadas que restringiram cada jogador a apenas um saque por ponto, além de determinar um tie-break de 10 pontos, se necessário, para decidir o duelo.
Dois erros de saque de Sabalenka, que havia começado muito bem a partida usando a velocidade ao seu favor contra o pesado australiano, culminaram na primeira quebra da partida. Kyrgios, assim abriu 2 a 1, mas a belarussa devolveu a quebra de serviço e deixou tudo igual no primeiro set. As quebras se repetiram em sequência por três games, até Kyrgios abriu 5 a 3 e alcançar a última quebra para fechar em 6/3.
Sabalenka colocou o australiano para correr no segundo sete e abriu 3 a 1, após duas quebras, mas permitiu o empate por 3 a 3. Ao final da partida, a belarrusa mostrou mais agressividade e deixou os sorrisos de lado, até se irritando com os erros que acabou cometendo, mas foi derrotada por 6 a 3.