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Tênis

Henin e Williams conhecem a vida além do tênis

29 jan 2010 - 16h22
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Serena Williams e Justine Henin já se defrontaram muitas vezes ao longo dos anos - disputaram um total de 13 partidas, e Williams mantém ligeira vantagem, com sete vitórias contra seis. Mas quando entrarem na quadra para a final do Aberto da Austrália, em Melbourne, na noite de sábado, o farão com renovado respeito e apreciação mútuos.

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As duas estão mais velhas agora - Williams tem 28 anos e Henin, 27 -, e são capazes de contemplar com perspectiva de especialistas as realizações uma da outra. Quando Williams encarar Henin do outro lado da rede, terá diante dos olhos uma antiga líder no ranking mundial do tênis feminino, uma jogadora dotada de qualidades técnicas muito diferenciadas das que caracterizam a americana mas dotada da tenacidade que só os campeões costumam exibir.

"Eu definitivamente penso nela como rival", diz Williams. "Creio que quando nos enfrentamos, isso leva as duas a mostrar o que temos de melhor. Creio que sempre joguemos o nosso máximo, uma contra a outra. É isso que cria uma boa rivalidade".

Henin, que está disputando apenas o seu segundo torneio depois de passar 20 meses afastada do tênis, acompanhou com admiração os 11 títulos conquistados por Williams em torneios de Grand Slam. Henin diz que sente uma obrigação para com Williams, assim como para com todas as demais tenistas do circuito profissional.

"Tenho muito respeito pela pessoa que ela é e por aquilo que ela fez", disse Henin. "E ela voltou a provar tudo isso uma vez mais neste torneio. Ela enfrentou dificuldades, mas reagiu como só os grandes campeões conseguem. Uma verdadeira lutadora. Não desiste jamais. Creio que ela realmente ajudou o tênis feminino a galgar um novo patamar. E realmente ajudou muito o tênis feminino. E continua na quadra, sempre demonstrando uma notável disposição".

Em 2007, a jogadora belga, então conhecida como Justine Henin-Hardenne, foi definida pela ex-tenista Martina Navratilova como "Federer em versão feminina", devido ao seu comando do tênis tático e de um arsenal de jogadas que inclui um backhand clássico desferido com apenas uma mão, e um forehand fortíssimo. Naquele ano, Henin derrotou Williams nas quartas-de-final do Aberto da França, em Wimbledon e no Aberto dos Estados Unidos, e faturou seu sexto e sétimo títulos de Grand Slam, vencendo em Roland Garros e nos Estados Unidos.

Em 2008, depois de um divórcio e de volta ao nome de solteira, Justine Henin, ela enfrentou problemas físicos e desgaste emocional, e por isso decidiu deixar o esporte.

"Eu tinha de esquecer um pouco o tênis, e respirar um pouco, viver em uma atmosfera diferente", disse Henin. "O tênis sempre foi tudo em minha vida. Mas acredito que haja muito mais além dele".

Ela trocou a raquete de tênis por passagens de avião e visitas a países problemáticos, como embaixadora da Unicef, participou de um projeto de reality show na Bélgica e se dedicou a conversar sobre qualquer outro assunto que não aquela pequena bola amarela.

"Aprendi muitas coisas e amadureci bastante", disse Henin. "Talvez seja o fato de estar um pouco mais velha. Mais madura por ter me afastado do circuito. Creio que eu tenha conseguido sair da bolha. Isso era realmente importante para mim, porque me sinto mais em paz, agora".

Williams está tentando conquistar seu 12° grande título, o que a levaria ao mesmo total de Billie Jean King, e seu apetite pelo esporte parece ilimitado. Na quinta-feira, depois de virar o jogo contra Na Li em dois cansativos tie-breaks, Williams jogou com a irmã Venus uma semifinal do torneio de duplas. As duas venceram, e agora defenderão seu título em uma final contra Cara Black e Liezel Huber.

Mas Williams diz que ainda assim está consciente da necessidade de uma vida fora do tênis. Ela diz ter se sentido mais ou menos como Henin em muitas ocasiões, o que a levou a reduzir seu calendário de jogos e a se envolver mais afinco em seus projetos de design de joias e em suas empreitadas no mundo da moda.

"Quando chega aquele momento em que você sente que deu uma cortada a mais do que devia, isso pode fazer mal", disse Williams. "E creio que eu tenha chegado a esse ponto. Mas é para isso que sempre lido com design e com moda, porque nos momentos em que me dedico a essas tarefas, estou na verdade tirando férias do tênis".

"Faço questão de manter uma agenda que me permita momentos de folga e que não me force a participar de determinados torneios. Na minha opinião, é importante ter uma vida normal, porque, em última análise, não pretendo continuar jogando até os cem anos. Provavelmente, não vou nem viver até os cem anos".

Será que Williams realmente acredita que seu ponto de saturação com o tênis já chegou?

"Ocasionalmente sim", ela diz. "Mas se eu não estou na quadra, perco o juízo. Preciso estar em uma queda de tênis, porque de outro modo não sou feliz".

Ela já pensou em quando pretende deixar o esporte?

"Só quando alguém me levar para uma salinha nos fundos e me abater com um tiro", ela disse, sorrindo.

Henin, igualmente, redescobriu a alegria do esporte que sentiu pela primeira vez quando ainda menina, ao assistir ao Aberto da França com sua mãe e tentar reproduzir as jogadas das melhores tenistas em seu clube. Foi isso que a reconduziu à Rod Laver Arena, aqui em Melbourne, e ao duelo com uma jogadora que ela sabe precisar derrotar para voltar à sua posição no topo do mundo do tênis.

E é exatamente assim que ela gostaria que as coisas fossem. "Creio que respeitemos muito uma à outra", disse Henin. "Somos ambas muito lutadoras. Queremos vencer. E creio que tenhamos ajudado uma à outra a melhorar, de certa forma. Isso é bom".

Tradução de Paulo Migliacci

Henin vibra ao final da partida, que venceu por 6/1 e 6/0
Henin vibra ao final da partida, que venceu por 6/1 e 6/0
Foto: AP
The New York Times
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