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Lutas

Sumô enfrenta crise de vocações no Japão

14 jan 2013 - 17h52
(atualizado às 20h23)
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O sumô, esporte emblemático do Japão, enfrenta uma crise de vocações sem precedentes. Em 2012, apenas 52 lutadores estrearam no circuito, número mais baixo desde 1958.

Desesperado atrás de novos praticantes para manter a tradição, o país lançou campanhas de incentivo.

Em novembro, depois da seleção de novatos pelos clubes da liga profissional de beisebol, um dos esportes mais populares do Japão, os jogadores que ficaram sem time foram abordados por desconhecidos que distribuindo panfletos.

"Por que não realizar seus sonhos usando sua força física? O sumô é um esporte profissional no qual você pode ter êxito sem experiência", dizia o papel.

Presidente de um clube de sumô, Nobutake Minezaki, disse à AFP que está muito preocupado com a renovação do seu elenco de lutadores.

"Não tenho a menor ideia de quantos novatos vão de juntar à minha equipe. Todos os clubes têm o mesmo problema", lamentou.

Dirigentes da Liga Profissional de beisebol que ajudam jogadores em fim de carreira a encontrar novas oportunidades profissionais tratam de orientá-los para o sumô.

"Queremos que eles saibam que existe a possibilidade de integrar uma equipe de lutadores depois de encerrar suas carreiras no beisebol", explicou Kenjiro Kimura, dirigente do clube de sumô Minezaki.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Kazuo Haji, jogador que, após anos em categorias inferiores no beisebol, conseguiu se destacar no sumô ao terminar como líder do ranking do nível que pode ser considerado a 'segunda divisão' do esporte. No entanto, isso aconteceu há muito tempo, em 1975.

No ano passado, o clube Minezaki recebeu apenas três novatos: um faxineiro do hotel Hilton de Tóquio e dois jovens de quinze anos.

Kimura, que também é árbitro oficial de sumo, relata que esta crise de vocações se deve a uma "espiral negativa": queda vertiginosa da natalidade no país, concorrência de esportes mais lucrativos como o futebol e, sobretudo, os recentes escândalos de manipulação de resultados que mancharam a imagem da modalidade.

Por isso, os melhores lutadores da atualidade são estrangeiros e os dois lutadores de nível mais alto (Yokozuna) são da Mongólia.

Este protagonismo de lutadores de fora do Japão não é bem visto por tradicionalistas, que lamentam o fato de potenciais talentos do país serem atraídos por outros esportes mais lucrativos.

"Sinceramente, gostaria muito de ver Yokozunas japoneses", reconheceu Tanosuke Sawamura, ator de teatro de oitenta anos membro do conselho responsável por nomear os lutadores que recebem o título supremo de Yokozuna.

A popularidade desta arte marcial caiu muito nos últimos anos após a revelação de escândalos de manipulação de resultados de combates por redes de apostas ilegais, além de casos de violência que chocaram a opinião pública.

Em 2007, um novato de 17 anos foi morto a pauladas por um veterano da sua equipe.

Em maio do ano passado, a Federação Japonesa de Sumô tornou mais flexíveis os critérios físicos da inscrição de lutadores. Baixou para 1,67 metro e 67 quilos, enquanto antes eram exigidos pelo menos 1,73 m e 75 quilos.

Mesmo assim, o número de novatos não para de cair: 260 em 1963, 223 em 1992, 60 em 2011 e 56 em 2012.

"É uma pena ter tão poucos candidatos porque o sumô é realmente o esporte nacional", lamenta Fumiyasu Sato, de 17 anos, único novato inscrito num torneio organizado em novembro. 

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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