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Ranking no vôlei em tempos de crise não tem sentido, diz campeã olímpica

Ouro em Pequim, central Valeskinha defende oportunidades para Natália, Gabi e Fabiana voltarem ao país, e cobra validação do voto de sua equipe, o Curitiba, pelo fim do sistema

13 mar 2020 - 18h12
(atualizado às 18h16)
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A situação delicada do mercado do vôlei brasileiro foi posta em evidência após a reunião dos clubes da Superliga feminina com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), na última quinta-feira. O encontro aprovou de forma polêmica a manutenção do ranking, bem como o aumento do número de estrangeiras por equipe, de duas para três. São Paulo/Barueri e Curitiba, que não tiveram validadas suas posições expressas por e-mail, esperam uma nova votação.

Ouro em Pequim-2008, Valeskinha defende o Curitiba na Superliga feminina de vôlei (Foto: Diego Wladyka)
Ouro em Pequim-2008, Valeskinha defende o Curitiba na Superliga feminina de vôlei (Foto: Diego Wladyka)
Foto: Lance!

Campeã olímpica em Pequim-2008 e capitã do Curitiba, Valeskinha acredita que o sistema compromete a imagem da modalidade, sobretudo no atual momento do país. Com cada vez menos times em condições de pagar salários compatíveis com a realidade das melhores jogadoras, ela imagina que a limitação de duas ranqueadas por clube tenderá a afastá-las do torneio.

A veterana, de 43 anos, não está na lista de atletas que sofrem a limitação, mas presta apoio para o grupo, formado pelas levantadoras Dani Lins, Fabíola e Macris, as centrais Fabiana e Thaisa, as ponteiras Fernanda Garay, Gabi e Natália, e as opostas Tandara e Tifanny.

- O ranking é legal para nivelar mais a competição, mas prejudica as atletas, especialmente no momento atual. Como Gabi, Natália e Fabiana (as duas primeiras jogam na Turquia e a terceira disputou a última temporada no Japão) vão voltar para a Superliga? Os patrocínios estão cada vez mais difíceis. Tem equipes cortando seus gastos quase pela metade. Tudo isso já diminui o valor do elenco. Imagina como vão colocar essas meninas, que merecem um bom salário? Não faz sentido. Se o masculino conseguiu manter uma liga competitiva sem ranking, também podemos - disse a central, ao LANCE!.

Administrado pela ex-tenista Gisele Miró, o time tem driblado as dificuldades financeiras e alega que não houve clareza da CBV sobre o veto aos votos declarados por e-mail. O Barueri, do tricampeão olímpico José Roberto Guimarães, fez a mesma crítica. A sede da CBV fica no Rio de Janeiro.

- Aqui nós estamos em uma luta, atrás de patrocínios para manter o projeto na próxima temporada. Não estava claro que o voto teria de ser presencial. Ficou suscetível a essa interpretação. A CBV deveria se prontificar e fazer nova votação - disse Valeskinha.

A veterana mantém o discurso alinhado com o de sua equipe, que defendeu, além da extinção do ranking, o aumento no número de estrangeiras por time. Para as estrelas da Seleção, uma medida combinada com a outra restringirá ainda mais o mercado, já que clubes de maior poder econômico podem qualificar seus elencos com atletas de fora, mas não com as brasileiras. Para a jogadora, a maior presença das estrangeiras pode ser uma medida temporária para estimular a competitividade da liga brasileira.

- Quando joguei na Itália, eram permitidas três estrangeiras em quadra. Eles tiveram períodos de baixa, com muito mais atletas de fora do que italianas, mas foram estimulados a crescer. Depois, teve uma época que o país queria diminuir esse limite, porque as italianas estavam vindo tão bem que não fazia sentido tirar o espaço delas. Sou a favor de abrilhantar o espetáculo e elevar o nível da competição. Se um formato se mostrar inadequado em algum momento, ele pode ser modificado - avaliou Valeskinha.

A equipe paranaense está classificada para as quartas de final da Superliga, após ter encerrado a primeira fase em oitavo. Os playffs terão início neste sábado, mas o Curitiba só entrará em quadra na segunda-feira, contra o Dentil/Praia Clube (1º), com portões fechados, devido do coronavírus.

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