Nervos à flor da pele! As confusões da 24ª rodada do Campeonato Brasileiro
Problemas no Dérbi paulista, GreNal e Paraná x Santos, a rodada do último fim de semana contou com muita polêmica e confusão; L! detalhou essa situação e falou com especialistas
A 24ª rodada do Campeonato Brasileiro foi marcada por grandes clássicos e também por confusões e provocações. Renato Gaúcho tentou invadir o vestiário colorado, Deyverson deu uma piscadinha para o banco de reserva do Corinthians, gerando uma confusão na beira do campo e a discussão um pouco mais acalorada entre Victor Ferraz e Claudinei Oliveira. As situações de cada clube deixa os nervos estão à flor da pele. O LANCE! detalhou as polêmicas do último fim de semana e ouviu opiniões de comentaristas e ex-jogador sobre o assunto. Confira abaixo:
Confusão após o apito final do GreNal
A confusão teve início na saída das equipes de campo e se intensificou no túnel de acesso aos vestiários. O técnico Renato Gaúcho tentou invadir o espaço reservado para os colorados e não conseguiu. Maicon também se envolveu na polêmica e foi puxado para dentro do vestiário gremista após gritar "não venham mais pedir arrego". Segundo o treinador, houve provocações do outro lado e tentou defender as cores do seu clube. O Internacional venceu o clássico por 1 a 0, com gol de Edenílson.
- É um grupo de homens, vencedor, que está acostumado a ganhar, consciente. Temos nossa tranquilidade de sempre, independentemente do resultado. Nosso vestiário é ótimo. O grupo só reagiu a algumas provocações do Internacional. No momento que ganharam um jogo, é um clássico. Agora, querer tirar onda, não vão tirar. Na hora da confusão, pode ter certeza que meu grupo vai estar presente. Agora, as provocações vieram do outro lado. Não têm moral nenhuma para tirar onda, dando letrinhas pelo que aconteceu cinco, seis meses atrás - disse Renato em entrevista coletiva após a partida.
- Eu, como um 'gentleman', de boa educação, fui conversar com alguns deles e não deixaram eu entrar. Fui cumprimentá-los. Entendi a euforia deles. Nós, que estamos acostumados a ganhar, sabemos perder. Agora, tirar onda do Grêmio ninguém vai tirar. Agora, o que eles fizeram, acho que os torcedores do Internacional deveriam saber - completou.
Renato Gaúcho também aproveitou para provocar o arquirrival. Ressaltou o momento das duas equipes e alfinetou ao dizer da euforia colorada.
- Em primeiro lugar, o Grêmio é grande, sabe ganhar e sabe perder. Hoje foi um GreNal disputado, no qual o Grêmio poderia ter saído com a vitória daqui. Mas tem gente que não sabe ganhar. E aí querem tirar uma onda. Estamos calados há seis meses. Vocês não sabem. Os jogadores do Internacional sabem do que estamos falando. Entendo a euforia deles, porque fazer uma boa campanha no Campeonato Brasileiro é muito para eles. Bom cabrito não berra. Aproveitem o campeonato deles. Venceram, sem problema algum- finalizou.
Atacante deixou o clima tenso no Dérbi
Deyverson foi o destaque da vitória do Palmeiras sobre o Corinthians, por 1 a 0, no último domingo. Além de marcar o único gol da partida, o atacante incomodou e provocou os corintianos com simulações, entrega na luta pela bola e com a piscadinha que deu para o banco do rival ao ser substituído. Atitude que iniciou uma grande confusão à beira do gramado.
Após a partida, Luiz Felipe Scolari admitiu que tirou Deyverson aos 32 minutos do segundo tempo para evitar que ele se envolvesse em confusão maior e fosse expulso. O camisa 16 já tinha um cartão amarelo por acertar o braço no rosto de Ralf e traombando com Cássio simulando uma falta em lance que já estava parado por impedimento.
Confusão envolvendo Claudinei Oliveira e Victor Ferraz em Paraná x Santos
Sem vencer há 10 jogos no Campeonato Brasileiro, a situação do Paraná ficou ainda mais difícil com a derrota para o Santos, por 2 a 0, nem plena Vila Capanema. Foi uma partida faltosa e que contou com uma tensão muito grande dos anfitriões. Irritado, Claudinei Oliveira foi expulso ainda na primeira etapa após confusão com o lateral santista Victor Ferraz.
A jogada começou com uma entrada dura de Alex Santana no santista Bryan Ruiz. O árbitro da partida, Dewson Fernando Freitas, marcou a falta e não puniu o jogador. Em seguida, o treinador paranaense se irritou com Victor Ferraz e logo foi expulso. O jogo ficou parado por dois minutos e a forte discussão contou com o jogador do Peixe apontando o dedo na cara de Claudinei e treinador ameaçando o adversário, dizendo que esperaria ele 'lá fora' para conversar.
Após o apito final, Dewson Fernando Freitas da Silva relatou na súmula a situação envolvendo as duas equipes.
"Aos 35 minutos do primeiro tempo, expulsei da área técnica o Sr. Claudinei dos Santos Oliveira, técnico da equipe do Paraná Clube, por impedir a cobrança de um arremesso lateral do jogador adversário Victor Ferraz Macedo, ficando a sua frente. Após ter sido expulso o mesmo invadiu o campo de jogo e puxou o próprio jogador pela camisa, proferindo as seguintes palavras: "Você é um muleque, um muleque, te espero lá fora", ocasionando um tumulto generalizado", escreveu o árbitro.
Claudinei Oliveira pediu desculpa antes mesmo de iniciar a entrevista coletiva na noite de domingo.
- Antes de iniciar a coletiva, gostaria de falar sobre o lance que acabou com minha expulsão. Na confusão, eu tentei puxar o jogador e não empurrá-lo como estão falando. Foi uma discussão infelizmente, que não deveria ter acontecido. Fico triste e peço desculpa pelo nervosismo - disse o treinador, que completou:
- O Victor Ferraz é um cara do bem. Na próxima oportunidade, vou dar um abraço nele. Peço desculpa pelo meu nervosismo, mas fico indignado. O árbitro desencadeou tudo isso. Falam que é árbitro Fifa, mas ninguém sabe o motivo que o levou a ser.
Confira abaixo as opiniões de comentaristas e ex-jogador de futebol:
Mário Marra, comentarista dos canais ESPN
Cada caso é um caso. O Cássio mostrou uma lucidez poucas vezes vista de entender que os jogadores se provocam e também procuram irritar o adversário. É uma pessoa que consegue sair do calor do jogo para fazer uma leitura superior, gostei bastante da postura dele. Em relação a provocação de clássico foi algo normal. É meio infantil e chato, mas é muito normal.
O Renato Gaúcho é um personagem gigante na história do futebol brasileiro e principalmente no Sul. Acredito que teve muita conversa no calor da partida ali. O Odair Hellmann foi lá cumprimentar o Renato e disse que é um prazer jogar contra a equipe dele. O comandante colorado também parece ser uma pessoa de muita personalidade, um jovem treinador com uma bela história no futebol, foi jogador e é uma pessoa superior ao confronto e rivalidade.
Não gostei da atitude do Claudinei Oliveira. É absolutamente normal o Victor Ferraz reclamar de uma entrada mais forte. O lateral do Santos é uma pessoa muito tranquila, não fica reclamando à toa e nem fica batendo boca. Sempre passou a imagem de ter uma conduta leve em campo. Não é um jogador polêmico. E o Claudinei não tinha nada que fazer aquilo. Entendo a situação do Paraná, mas nada justifica. Ele tem que saber separar o calor do jogo da realidade. O treinador tem que dar um jeito de tranquilizar jogador e não deixa-los tensos.
Zé Elias, ex-jogador de futebol e comentarista
São três situações diferentes. Foram duas por conta de rivalidade e uma pela situação da partida. Na partida entra Paraná e Santos, a discussão envolvendo o Claudinei Oliveira e Victor Ferraz são discussões provocadas pelo calor da partida. Pela impressão que eu tive vendo as imagens, o treinador paranaense dispara a primeira ofensa e o Victor responde. Nesse caso, não é algo normal e sim um ato isolado. Faz parte devido ao excesso de vontade das equipes.
O Gre-Nal a gente sabe que tem muita coisa envolvida. A rivalidade estadual, o Grêmio ganhando a Libertadores e o Internacional voltando a ser protagonista. O pós-jogo foi muito daquilo que os jogadores já estavam guardando com eles. Como o Renato Gaúcho falou depois da partida: 'Não têm moral nenhuma para tirar onda, dando letrinhas pelo que aconteceu cinco, seis meses atrás'. Sempre é assim com quem está em campo. Quem perde esquece a provocação e o vencedor lembra.
Por fim, eu também vejo as provocações do Dérbi como algo normal. Na verdade, eu sinto falta desse clima de rivalidade no futebol. Da vontade de ir aos estádios e sentir de perto essa tensão. Esse sentimento tem sido podado nos últimos anos, temos que ser politicamente corretos. Hoje em dia os jogadores só se comunicam dentro de campo com a mão na boca, para evitar qualquer suspensão. O que aconteceu no Allianz Parque foi saudável. A única coisa que eu acho é que o Deyverson tem que tomar cuidado, o Felipão deve sentar e conversar com ele, pois existe um limite e dependendo da situação, ultrapassar esse limite pode acabar prejudicando você mesmo e toda a equipe. É questão de ajuda, o Deyverson nunca viveu isso na carreira. Pela grandeza do Palmeiras, às vezes o lado emocional acaba se perdendo. O resto faz parte do contexto do futebol.
É até bom pensar nos próximos clássicos com os nervos à flor da pele. Isso faz bem para o futebol brasileiro e pode resgatar algo que sempre tivemos. O futebol também serve para corrigir problemas sociais no futebol.