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Diretor da Globo, sobre negociações com Flamengo: 'Não há interesse em ter um produto desequilibrado'

Rubro-Negro teria pedido um valor muito superior ao recebido pelos demais clubes que, por sua vez, estenderam contrato até 2024 com a emissora carioca

22 jan 2020 - 11h23
(atualizado às 12h41)
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O diretor de direitos esportivos da Globo, Fernando Manuel Pinto, afirmou que as negociações com os valores propostos pelo Flamengo para transmissões de jogos do clube no Carioca não prosseguirão por que a emissora não 'quer ter um produto desequilibrado'. O Rubro-Negro teria pedido um valor muito superior ao recebido pelos demais clubes. A informação foi publicada pelo jornalista Rodrigo Capello, em seu blog no "Globo Esporte".

Flamengo e Globo encerraram negociações para as transmissões do Carioca (Foto: Montagem)
Flamengo e Globo encerraram negociações para as transmissões do Carioca (Foto: Montagem)
Foto: Lance!

- A postura da Globo? Não há qualquer interesse de quem compra os direitos de ter um produto descalibrado, desequilibrado, uma competição que não seja competitiva. Muito menos pagar mais a quem quer que seja. O que nós buscamos fazer aqui, desde 2016, foi implementar um novo formato. Nós tivemos que negociar esse formado forçosamente em negociações individuais, pela maneira como o mercado tinha se apresentado. A gente buscou, sim, mesmo através de negociações individuais, construir um modelo mais coletivo e endereçar ali dentro equilíbrio e meritocracia - afirmou o diretor.

- O Flamengo possui o direito de precificar, propor e pleitear o que ele considera adequado. Há um distanciamento entre Globo e Flamengo sobre o valor. Nós desejamos um acordo com o Flamengo, acredito que eles queiram um acordo com a Globo. Contudo, existem diferenças materiais do que se pode entregar neste acordo, neste momento, e sobre as circunstâncias - explicou.

Para o Carioca, o Flamengo é o único clube que não aceitou os termos propostos pela emissora. O LANCE! apurou que o contrato oferecido pela emissora possuía os mesmos números do último, de 2016, e que, internamente, o Rubro-Negro acredita que a sua valorização no mercado deveria render cifras maiores.

Já os outros clubes estenderam contrato até 2024 e, por ora, só não serão televisionados quando enfrentarem o Flamengo no Estadual.

Leia outros temas da entrevista de Fernando Manuel Pinto:

O impacto do Flamengo fora das transmissões

- A partir do momento em que o Flamengo não assina este contrato, o valor diminui. Diminui porque você também não tem todos os jogos do campeonato para exibir. A não assinatura de um clube não impacta apenas na ausência do seu jogo, mas nas partidas de todos os clubes com os quais ele jogará. Além do não pagamento ao Flamengo, existe um desconto no contrato geral com a FFERJ? Sim, é verdade. Não entro no mérito dos valores. A redução no dinheiro existe porque estamos comprando um produto desfalcado, então é preciso haver um redutor no contrato em função de o produto não estar completo. Como esse desconto se dará entre os clubes, não é uma atribuição nossa. A FFERJ decidirá como fazer o rateio.

Como a Globo enxerga os Estaduais

- Os estaduais ocupam parte do calendário, estimulam as rivalidades locais entre os clubes, então é claro que eles têm relevância. Ocorre que, quando você observa a relevância do produto e a necessidade de buscar modelos de negócio sustentáveis, é natural que você elenque prioridades. As pessoas falam muito que a Globo está abandonando os estaduais, porque não quer fechar com o Athletico-PR, ou porque quer um Campeonato Brasileiro mais forte. Mas é natural que, ao elencar prioridades, você busque competições nacionais e internacionais. Elas são determinantes para o negócio. E não é uma visão só da Globo, é uma visão do mercado como um todo. É só você ver a concorrência que nós tivemos pelos direitos da Série A e da Libertadores recentemente.

O calendário do futebol brasileiro

- Todo mundo adora me perguntar (risos). Acho que porque eu decidi falar sobre calendário, embora eu fale coisas até óbvias. Olha, o calendário é uma equação que, antes mesmo da questão da mídia, envolve definições esportivas. Eu entendo que essa questão está essencialmente nas mãos dos gestores do futebol. A Globo não é gestora do futebol, ela é parceira do futebol. Digo isso para fazer uma ressalva, porque muitas vezes eu falo algumas coisas para contribuir no debate, e as pessoas entendem como um posicionamento de toda a Globo. Na verdade, a Globo fica atenta para saber o que a CBF, as federações e os clubes vão decidir, que caminho eles vão tomar.

A criação de uma liga seria uma alternativa?

- Na realidade, primeiro precisamos entender que liga não é um negócio só para vender direitos de transmissão. A liga, na verdade, seria ou será um dia responsável por muitos outros aspectos do futebol. Ela pode ter uma visão mais institucional, de organização, de relacionamento com o público. Na questão dos direitos, se você olha para o que acontece no mundo e o que acontece no Brasil, sim, eu acho que uma negociação coletiva é muito mais eficiente para gerar esse tipo de modelo em que você coloca critérios, e a remuneração maior ou menor de um clube vem através da meritocracia.

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