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De promessa a xerifão: Léo Ortiz se destaca pelo Bragantino na Série B

Cria da base do Internacional, zagueiro se destacou no Red Bull Brasil, no Paulista, e se tornou pilar da ótima campanha do Bragantino na Série B

27 ago 2019 - 08h17
(atualizado às 08h17)
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O Red Bull Bragantino iniciou uma nova fase entre os clubes brasileiros. Em março, o tradicional clube de Bragança Paulista foi adquirido pela Red Bull, que já possuía uma matriz no Brasil, mas queria dar passos maiores o mais rápido possível. O vice-campeão Brasileiro de 1991 se encaixava perfeitamente no perfil da empresa, já que o 'Braga' estava na segunda divisão e poderia rapidamente alcançar a divisão de topo. Além disso, o clube paulista possui uma torcida apaixonada e o próprio estádio.

Léo Ortiz é um xerife da melhor zaga da Série B de 2019 (Foto: Reprodução/TV)
Léo Ortiz é um xerife da melhor zaga da Série B de 2019 (Foto: Reprodução/TV)
Foto: Lance!

Se o Bragantino não tinha grandes expectativas na promoção em 2019, depois da chegada do time do Red Bull Brasil, destaque do Paulistão deste ano, mudou totalmente o patamar do clube. Líder, com melhor ataque e melhor defesa, o time de Antônio Carlos Zago possui ótimos valores individuais. Um de seus pilares, sem dúvidas, é o jovem zagueiro Léo Ortiz. Aos 23 anos, o jogador chegou no início do ano, por empréstimo, com um contrato de 4 meses, e se reencontrou com o seu primeiro treinador no profissional. O resultado, muito acima do esperado, foi o sucesso.

Em entrevista ao LANCE!, o xerife da zaga do Bragantino falou sobre sua ótima fase em 2019. Com os pés no chão, Ortiz credita sua fase ao trabalho coletivo desenvolvido desde o início do estadual. Todavia, ele trata de acalmar a empolgação e ressalta o longo caminho a ser percorrido para garantir o objetivo do clube: jogar a Série A em 2020.

- Tudo começou lá no Paulistão, quando ainda era o RB Brasil. Agora com essa fusão do RB Bragantino e toda essa visibilidade que se tomou na Série B, vem tornando tudo muito maior. Isso só solidifica mais todo esse trabalho que a gente vem fazendo. Nós temos a melhor defesa e o melhor ataque do campeonato, mas sabemos que ainda é pouco porque não acabou nem o primeiro turno do campeonato, que é muito longo, para que possamos conseguir o acesso, que é o objetivo do clube.

O responsável por levar Ortiz ao profissional, em 2017, foi Antonio Carlos Zago, que à época treinava o Internacional na Série B. O treinador gostou do estilo do jogador e o selecionou para migrar ao time principal. Desde então, os dois desenvolveram uma relação de aprendizado, com o professor passando inúmeras dicas e apoiando a evolução do jovem prodígio.

- Desde que eu subi e até hoje, procuro extrair o máximo possível dele, de sua experiência, rodagem, inteligência que ele tem como zagueiro. Ele sempre procura me passar tudo o que ele aprendeu e isso me ajuda bastante, desde o meu início no Inter. Ele é o melhor treinador que eu poderia ter no início da minha carreira, até por ele ter jogado na posição. Eu fico feliz por um zagueiro, que fez tanto sucesso na Europa e na Seleção Brasileira, gostar tanto do meu trabalho. Isso valoriza ainda mais o que eu venho fazendo. Me fez amadurecer mais rápido e vai me tornando um zagueiro e um jogador melhor. -

Ortiz chegou ao Red Bull Brasil em 2019 para jogar no Campeonato Paulista após uma passagem apagada, em 2018, pelo Sport Recife. Ele confessou que não conhecia a estrutura do clube antes de chegar, mas elogiou demais a fusão com o Bragantino, principalmente pelo clube ter um fator muito importante que faltava ao RB Brasil durante a campanha do Paulista: a torcida.

- Quando eu cheguei aqui, eu não conhecia e não esperava toda essa estrutura e ambição do clube e do projeto. A fusão com o Bragantino agregou muito para os dois. No Paulista, o que faltava era torcida. Nós fizemos a melhor campanha da primeira fase, jogando um bom futebol. Acabamos, infelizmente, enfrentando o Santos logo na primeira fase, que tem o futebol mais bonito do futebol hoje, e num jogo de igual para igual acabamos perdendo.

- Com tudo isso que foi feito, a gente não conseguia trazer muita gente para o estádio, porque ainda era um clube que não tinha muitos torcedores. Faltava alguma coisa, até por toda a campanha que a gente fez, se fosse qualquer outro time encheria o estádio e isso traria um fator a mais. Agora, com essa fusão com o Bragantino, o torcedor e a cidade abraçaram esse novo projeto. Eles têm ido ao estádio, apoiado e gostado muito da forma como o time joga e isso está sendo muito bom para nós.

Um fator bastante interessante da carreira do jogador é a criação, já que seu sobrenome não vem à toa. Léo é filho de Ortiz, um dos maiores jogadores da história do futsal brasileiro, que escreveu seu legado dentro das quadras com a Seleção e com a camisa do Inter. O jogador afirma que seu pai sempre esteve muito presente ao longo de sua carreira, e, por ser muito crítico, sabe que foi bem em um jogo quando recebe um elogio do ex-jogador.

- É uma responsabilidade boa. Desde os meus 9, 10 anos, as pessoas já falavam sobre o meu pai quando eu jogava futsal na escolinha apenas por diversão. Isso se tornou algo normal e eu acostumei. Quando fui para o campo jogando pelo Inter, houve um pouco mais disso também, mas eu já estava acostumado. Eu fico muito feliz por tudo que ele representou ao esporte e ao Inter. Isso só me ajudou, principalmente por tê-lo como pai me passando toda sua experiência.

- Ele sempre foi um pai bastante presente, sempre gostava de me ver jogar e depois me falava as coisas que eu tinha que melhorar. Eu brinco que ele nunca foi muito de elogiar, então quando ele vem com algum elogio pós-jogo, eu digo que eu posso ter certeza que eu fui bem no jogo. Ele sempre foi um cara muito crítico e buscava o meu aperfeiçoamento, então receber um elogio dele é a melhor coisa que eu posso ter depois de uma partida - finalizou.

Confira as outras respostas da entrevista

O comportamento de Antônio Carlos Zago nos bastidores do clube:

Normalmente, ele é um cara mais sério e focado nos treinamentos. Ele não faz distinções e sempre dá atenção para todos os jogadores, independente se ele está jogando ou não. Ele sabe da importância do grupo e ele cobra bastante da gente união. Mas sempre em momentos de pós-treino ou jantando no hotel ele sempre fica para a resenha, conta histórias da carreira e da seleção. Ele tem uma relação muito boa com todo mundo.

Momento mais marcante da carreira:

Acho que o momento mais marcante foi minha estreia como profissional. Foi num momento que eu não esperava, mesmo sabendo que o Zago já tinha gostado dos meus treinos e do meu trabalho. Num ano complicado para o clube, o Zago me chamou no começo da semana e disse que queria me colocar para jogar. Ele me chamou duas horas antes do jogo para me dizer que eu iria jogar. Já criou aquele nervosismo muito grande em mim. Depois do jogo, acabou que deu tudo certo, pois eu fiz um grande jogo e dei até assistência. Foi um dia perfeito.

Momento mais inusitado da carreira:

Foi a minha chegada e a campanha que fizemos com o Red Bull Brasil no primeiro semestre. Eu vim de um ano complicado no Sport, onde eu não tive muitas oportunidade. Eu vim emprestado para o Red Bull Brasil a convite do Zago, que apostou em mim lá no início da minha carreira. Vim para disputar o Paulistão e tive todas essas conquistas de fazer um bom Paulistão, ser um dos melhores zagueiros do campeonato e depois ser campeão do Interior, que foi o primeiro título da história do Red Bull Brasil.

Eu vim com um contrato de quatro meses, não sabia se eu iria ficar até o final do ano. Acabei morando com a minha irmã aqui em São Paulo, que já morava aqui. Acabei dormindo no quarto do lado durante quatro meses em um sofá-cama, então todas essas dificuldades valorizaram a história para que ela fosse a mais inusitada da minha carreira.

Momento mais curioso:

Foi quando eu estava para subir do sub-23 para o profissional do Inter. Eu já tinha me apresentado na base e estava meio cabisbaixo por não ter subido. No outro dia ia ter a apresentação do profissional, mas sem ter certeza sobre isso. Eu estava no quarto dos meus pais, e meu pai, que à época era coordenador da base do Inter, tinha uma ligação direta com o profissional.

A gente estava conversando no quarto quando tocou o telefone dele. Era o diretor dos profissionais dando a noticia que era para eu me apresentar no profissional no dia seguinte. Foi uma situação muito curiosa porque a gente estava conversando no momento sobre isso, com meu pai me pedindo paciência pois as coisas poderiam acontecer. Meia hora depois, recebemos a ligação.

Passagem abaixo do esperado no Inter:

O fato das coisas não terem dado muito certo é subjetivo. Quando eu subi para o profissional foi num momento muito complicado e o objetivo do clube naquele ano era subir para a Série A, que foi o que conquistamos no fim do ano. Foi um momento de grande pressão sobre o clube e sobre mim, e isso me fez amadurecer bastante até porque era meu primeiro ano no profissional. Para um zagueiro jovem é sempre mais difícil, principalmente no Brasil, onde se tem o costume do zagueiro ser mais velho e experiente.

Eu acredito que naquele ano eu aprendi muito. Foi uma opção minha (não ter ficado). Eu era muito novo, tinha objetivos e o que eu precisava era jogar. Em 2018, pelo o que tinha acontecido, eu imaginei que eu não iria ter muito espaço. Como um cara jovem, eu precisava estar jogando e aparecendo, até por isso eu achei que o melhor era realmente sair. -

Um possível retorno ao Inter, clube que lhe formou:

É o clube que me formou, eu tenho um carinho por tudo o que eles fizeram por mim desde a base. Voltar para lá não é uma coisa que eu penso muito. Não gosto muito de falar no futuro. Eu acho que eu vivo um momento muito bom aqui, um ano ótimo no Red Bull Bragantino e isso eu quero manter por mais tempo. Eu também tenho outros objetivos na minha carreira, como jogar fora (do país).

Eu estou procurando viver mais o momento agora, que é um momento ótimo, e conseguir os objetivos pelo Red Bull Bragantino na Série B para que a gente consiga o acesso que seria extremamente importante para o clube. Se chegar a oportunidade (de voltar ao Inter) no futuro a gente pensa, mas agora, eu procuro não pensar muito sobre isso.

Maior ídolo no futebol:

Messi

Melhor jogador que já jogou no mesmo time:

D'Alessandro

Atacante mais complicado de marcar:

Jô. O Everton Cebolinha era difícil, mas eu nunca o enfrentei no profissional. Na base ele já complicava (risos).

Atacante que conseguiu marcar com facilidade:

Não que tenha sido fácil porque ele é um grande atacante, mas no meu primeiro Gre-Nal, terceira partida como profissional, eu marquei o Lucas Barrios. Ele era alto e experiente, passou pela Europa e seleção paraguaia, e eu um menino que tinha subido há pouco. Eu fiz uma grande partida porque me concentrei muito, mas muita gente falava que ele teria uma vantagem sobre mim. Mas não existe atacante fácil de marcar, cada um tem seus pontos fortes.

Melhor jogador da resenha do Bragantino:

Uillian Correia. Zoa todo mundo e é zoado por todos (risos).

Jogador mais sério do Bragantino:

Difícil, porque todo mundo faz brincadeira. Uns mais, outros menos, mas todo mundo entra na resenha.

Mensagem para o torcedor do Bragantino:

Acreditem no nosso time, torçam e deem força, porque estamos muito concentrados e dedicados pra conseguir o acesso. Precisamos muito do apoio deles pra isso. O futuro é de um clube muito vencedor e com grandes aspirações para isso.

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