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Bronze no futebol em 1996, Narciso cita estrelismo como ponto negativo

Ex-zagueiro do Peixe esteve presente no grupo que levou o bronze nos Jogos de Atlanta, nos EUA, e lamenta não ter sido chamado para conduzir a tocha na passagem por Santos

3 ago 2016 - 08h23
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A história de superação de Narciso é amplamente conhecida. Vencer a leucemia e voltar a jogar futebol é uma das maiores vitórias de sua carreira. No entanto, talvez poucos estejam lembrados de sua participação nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. O ex-zagueiro do Santos esteve no grupo medalhista de bronze na modalidade.

Ao LANCE!, o agora treinador contou o que viu e sentiu durante o período em que foi atleta olímpico do Brasil e marcou para sempre seu nome entre os grandes da história do esporte. Para ele, o torneio é comparável com uma Copa do Mundo.

- Talvez não tenha sido a mais importante, mas foi uma das principais conquistas da minha carreira, até pelo futebol não dar tanta chance de estar lá uma segunda vez, é uma vez só que normalmente você vai. Foi muito bom, é uma coisa diferente, participar de uma Olimpíada dá para comparar com uma Copa do Mundo mesmo. Os melhores atletas estão ali, no auge de suas carreiras, em seus melhores momentos. Não só no futebol, mas de modo geral, todas as modalidades. Até fisicamente você se sente assim. Fiquei muito feliz com tudo isso, ser chamado é uma emoção muito grande - relatou.

É muito comum que a dimensão de uma conquista como essa, independentemente da cor da medalha, seja notada apenas anos depois. Narciso é um desses casos, aos 22 anos ele não fazia ideia, ainda, do que aquilo poderia representar dali para frente, algo que se renova a cada quatro anos, principalmente por ser o país-sede.

- Quando nós ganhamos não tínhamos noção, hoje sim, hoje temos total convicção do que foi. A gente vê ainda mais a dimensão, porque os Jogos estão sendo no Brasil, então acabam falando mais e eu fico muito feliz por ter uma medalha e pensar que muitos tentaram e não conseguiram - comemorou.

Apesar de as lembranças serem revividas com mais intensidade por conta do evento ser no Brasil, sua medalha de bronze parece não ter sido suficiente para credenciá-lo a ser um dos condutores da tocha olímpica na passagem por Santos. Narciso lamentou pelo "esquecimento" e fez críticas ao processo de escolha, mas não se diz frustrado.

- Eu moro aqui em Santos há 22 anos e claro que fiquei chateado por não ter sido chamado para correr com a tocha, não é nem chateado, mas fica aquela coisa. Eu vejo muita gente de fora e muita gente que participou do evento e não tem medalha. Não só participei como tenho a medalha. Por exemplo, se vão desfilar com a tocha em Santos, o primeiro item que precisam ver é se o atleta mora na cidade e se tem medalha olímpica. Segundo item: quantos atletas foram aos Jogos? Terceiro item: patrocinadores, convidados. Não é tirar os méritos das pessoas, de maneira alguma, mas como é a tocha olímpica, alguns itens precisariam ser revistos. Eu também não poderia dar certeza de que estaria em Santos naquele momento, então não me sinto frustrado por causa disso.

A medalha de bronze não deixa de ser uma relíquia e uma conquista importante dentro de uma Olimpíada, porém a Seleção Brasileira em 1996 contava com um elenco estrelado por craques do nível de Bebeto, Roberto Carlos, Ronaldo, Rivaldo, Aldair e Dida. O ouro era esperado. Na semifinal, uma derrota para a Nigéria na prorrogação, pelo gol de ouro, tirou o Brasil da final e adiou outra vez o sonho de estar no ponto mais alto do pódio. Para Narciso, isso ocorreu, talvez, pois alguns jogadores não estavam comprometidos com o coletivo e sim com seus próprios objetivos.

- Era uma Seleção muito forte, por um erro nosso acabamos ficando fora da disputa da medalha de ouro. A preparação foi muito boa, tudo muito bem feito. A única coisa que não foi 100% é que tínhamos algum estrelismo dentro do grupo, isso talvez possa ter atrapalhado. Era um ou outro só, não vou citar nomes, mas tínhamos um ou outro que não deixavam que estivéssemos 100% por pensarem mais em si do que no título.

Além do título, fez falta ter mais tempo e oportunidades para ficar na Vila Olímpica de Atlanta, algo muito lamentado por Narciso, que gostaria de ter tietado alguns ídolos de outros esportes.

- Nós até passeamos pela Vila Olímpica, não tinha como a gente não fazer isso, até porque em 1996 ainda tinha o Dream Team do basquete americano e o Carl Lewis, do atletismo, nem tivemos tempo de tentar chegar próximos deles, porque foi uma passagem muito curta, só para dizer que estivemos lá mesmo. Sem dúvidas fez falta até porque eu adoro todos os esportes, não só o futebol, via e vejo até hoje na TV, seja vôlei, basquete, atletismo, natação... - recordou.

Nesta edição dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Narciso acredita que a medalha de ouro pode, finalmente, fazer parte do mural de conquistas do futebol brasileiro, principalmente pelos fatores Neymar e torcida.

- Vejo boas perspectivas. Primeiro por estar jogando em casa, já é uma confiança a mais, as outras seleções também não estão vindo com seus times principais, então eu vejo que, com essa participação do Neymar, a Seleção passou de 50%/60% de chance para 80%/90% de chance de levar essa medalha de ouro - finalizou.

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