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Como o ciclo menstrual afeta o rendimento das atletas olímpicas?

Assunto já é mais debatido, mas apenas 9% dos estudos de ciências do esporte são dedicados à fisiologia feminina

1 abr 2024 - 17h39
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Desde o ano passado, a nadadora olímpica francesa Caroline Jouisse anota frequentemente os seus ciclos menstruais em seu celular, uma informação preciosa para seus treinadores a poucos meses das Olimpíadas de Paris e um parâmetro cada vez mais estudado pelas federações esportivas.

Esta informação permite o planejamento de sessões intensivas de musculação, preferencialmente no meio e no final de cada ciclo, quando o nível de testosterona está em seu máximo.

"É importante saber quando são os meus pico e testosterona, no momento em que você se sente melhor e no qual será mais forte nos treinos", disse a nadadora de 29 anos que irá disputar a modalidade 10 km em águas abertas nas Olimpíadas de Paris 2024.

Recentemente, o INSEP (Instituto francês de Esporte, Especialização e Desempenho) divulgou o programa 'Empow'her', criado para entender melhor o ciclo menstrual e o rendimento esportivo das atletas.

"Você não deve sentir vergonha da menstruação, é um elemento de rendimento como a nutrição e o treinamento", que pode provocar tanto elementos positivos como negativos, afirma Carole Maître, ginecologista do INSEP.

O tabu continua

O tema da menstruação continua sendo um tabu. A atleta do esqui Clara Direz, ex-participante do programa 'Empow'her', percebeu que seus treinadores, a maioria homens, "se sentem desconfortáveis ao falar sobre o ciclo menstrual e não estão muito envolvidos nem interessados". 

"É importante conscientizar as atletas, mas antes de tudo é preciso conscientizar os treinadores", afirma Caroline Jouisse.

Com a proximidade dos Jogos, as federações francesas parecem mais preocupadas: a de ciclismo participou recentemente de um estudo que indica que suas atletas têm um melhor desempenho na metade do ciclo. 

Já a federação de natação constatou uma diminuição da frequência cardíaca durante o período menstrual de 14 nadadoras que participaram do programa em 2023.

"Antes era necessário que ela tivesse desconfortos para atender às demandas da paciente esportiva. Agora, estamos sistematizando o acompanhamento", afirma Carole Maître.

Para ampliar o acesso do programa 'Empow'her', Juliana Antero está criando um "kit científico" para acompanhar atletas amadoras.

Estadão
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