Candidato a ídolo da esgrima, Renzo tem vantagem para subir no ranking
Com poucos pontos para defender na temporada, brasileiro tem grandes chances de conquistar seu objetivo em 2014: ficar entre os 20 melhores do esporte e estar pronto para a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro
Esporte pouco conhecido no Brasil, a esgrima ainda carece de um ídolo no Brasil. Neste cenário, o paulistano Renzo Agresta aparece como principal candidato ao posto. Ele é o atleta com mais destaque no País atualmente, está no auge e provavelmente vai disputar a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, como principal esperança de uma medalha tão surpreendente quanto histórica.
A primeira impressão é que Renzo, na verdade, não tem potencial para se tornar um ídolo. Antes de fazer um treino de demonstração diante da imprensa, ele atendeu a imprensa com um tom baixo, olhar distante e postura de quem é muito calmo e pouco vibrante. Humilde, evita até dizer um fato inegável: é o melhor esgrimista do Brasil atualmente.
Mas logo é perceptível que trata-se apenas de um perfil instrospectivo, talvez tímido. Em poucos minutos ele se solta, coloca o sorriso no rosto com facilidade e conversa com eloquência e clareza vistas em poucos atletas brasileiros. Trata-se, afinal, de um pós-graduado em administração e consciente de seu papel na esgrima.
Renzo só não sabe explicar exatamente como surgiu seu interesse pela esgrima: "foi por acaso. Um amigo me convidou para fazer esgrima, falou que o avô dele fazia sabre e comecei assim", contou ele, que nem sequer praticou as outras duas modelidades do esporte, florete e espada. Não precisa: entre as três categorias, ele é o brasileiro que tem a melhor colocação no ranking mundial - está em 26º.
Falta pouco para Renzo se tornar um top 20, seu principal objetivo nesta temporada. Ele vai viajar para Roma e disputará o circuito internacional: "para conseguir o que eu quero é preciso participar de competições e assim somar pontos", explicou, antes de esbanjar: "tenho poucas competições no ano passado. Entre as pessoas que estão na minha frente no ranking, sou o que tem menos. Isso significa que não preciso defender muitos pontos. Só tenho a acumular. Então tenho grandes chances".
Explicações como essa fazem parte da rotina de Renzo. Sempre é preciso ensinar detalhes do esporte que pratica. Apesar de não ter vontade de ser treinador, ele mostra aptidão para servir como um "embaixador" da esgrima no Brasil. Veja a entrevista esclusiva com o atleta e conheça mais sobre sua carreira e o esporte:
Terra - Posso dizer que você é melhor esgrimista do Brasil atualmente?
Renzo Agresta - Não sei se sou o melhor. Mas eu tive alguns resultados ao longo da carreira que foram importantes - atualmente estou com a melhor classificação no ranking mundial entre os brasileiros e sou o atual campeão pan-americano
Terra - E como estão suas chances de ir para a Olimpíada de 2016?
Renzo Agresta -
Vai ser a mais facil entre todas as três que participei, porque, além dos critérios normais, como ranking e competição pré-olímpica, ainda tem a vantagem das wild cards, aos quais todo país-sedes tem direito. Então essa também é uma possibilidade de classificação
Terra - E quais são as suas chances de ficar entre os 20 melhores do ranking nesta temporada?
Renzo Agresta -
Para conseguir o que eu quero é preciso participar de competições e assim somar pontos
(se ele ficar entre os 64 primeiros, entre cerca de 200 atletas, já vai pontuar). Tenho poucas competições no ano passado. Entre as pessoas que estão na minha frente no ranking, sou o que tem menos. Isso significa que não preciso defender muitos pontos. Só tenho a acumular. Então tenho grandes chances.
Terra - Os campeonatos crescem de importância com o decorrer da temporada?
Renzo Agresta -
Você tem a Copa do Mundo, o Grand Prix, o Pan-Americano e o Mundial e cada um tem seu peso. A Copa tem menos peso, e o GP tem mais. O Pan tem peso igual a Copa. E o Mundial é o que tem mais. Então é isso sim, relativamente vai aumentando.
Terra - De acordo com seu condicionamento físico atual e futuro, é melhor que o calendário de 2013 seja assim?
Renzo Agresta -
Sim. Se for escolher um momento do ano para ficar em forma, é o meio do ano, entre junho e agosto, que é quando tem o Pan e o Mundial. Mas aí é só conversar para ter ciclos, porque você pode ter macrociclos e microciclos. Não precisa ter só um pico no ano
Terra - E como são seus treinos, além da preparação com o sabre?
Renzo Agresta -
Eu faço preparo fisico no clube, que envolve musculação, coordenação e exercício para reflexo. Quando está mais longe da competição, tem que fazer algo para ter mais força. Se estiver perto, é algo mais voltado para ganhar velocidade. A parte aeróbica também é importante
Terra - Seu porte físico e suas qualidades se adequam melhor ao sabre em comparação com outras modalidades da esgrima?
Renzo Agresta -
Sim, porque é muito mais uma questão de agilidade, reflexo e pensamento rápido. Isso no sabre é fundamental, não tem tempo para pensar, é tudo muito veloz. O juiz diz "em guarda, pronto, combate" e aí é tudo muito rápido
Terra - E como surgiu esse interesse pelo sabre?
Renzo Agresta -
Foi por acaso. Um amigo me convidou para fazer esgrima, falou que o avô dele fazia sabre e comecei assim. Fui embora e nunca testei outras modalidades.
Terra - Seu técnico, Alkhas Likerbai, é russo de origem, mas está há bastante tempo no Brasil. A cultura dele ainda é mais europeia?
Renzo Agresta -
Ele é um misto, mas é uma pessoa que está me dando muito apoio no Brasil. Fico feliz porque, mesmo treinando no Brasil, consegui um resultado muito bom, muito bom, mesmo treinando aqui
(medalha de ouro no Pan-Americano).Isso foi um resultado do trabalho que fiz aqui com ele aqui.
Terra - Então você acredita que está no seu auge atualmente?
Renzo Agresta -
Acredito que sim, a partir de 2012, quando eu tive resultados muito bons. Em 2013, eu competi um pouco menos e mesmo assim consegui um grande resultado. Então acho que é sim, até porque estou com a idade que é mais ou menos o auge do atleta, que é de uns 26 até uns 30 e pouquinhos anos.
Terra - Mas você é formado em administração, correto?
Renzo Agresta -
Sim, fiz o curso na Itália. Me formei lá em 2007 e voltei, depois da Olimpíada de Pequim, e fiz uma pós-graduação. Estou sempre tentando aliar os estudos com os treinos
Terra - E chegou a tentar exercer a profissão?
Renzo Agresta -
Não, não dá tempo
(risos). Eu acho que, na verdade, eu faço o estudo para ter essa transição no final da carreira. Mas em termos de trabalho atualmente eu considero que a esgrima é meu trabalho mesmo.
Terra - Não pensa em ser treinador quando se aposentar?
Renzo Agresta -
Não, não me interessa muito. Não é para mim
(risos).