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Olimpíada 2016

Perto da falência, espanhol salvou empresa fabricando tocha

3 ago 2016 - 15h19
(atualizado às 15h59)
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Uma história de acasos e de perseverança levou Jordi Granados, um pequeno empresário espanhol da região da Catalunha, a construir a tocha olímpica que, nesta quarta-feira (3), inicia o percurso pelas ruas do Rio de Janeiro e, na próxima sexta, será utilizada para acender a pira no Maracanã, simbolizando a abertura oficial dos Jogos.

"Foi um milagre ganhar o concurso", exaltou o empresário, que há quatro anos estava a beira da falência até vencer a concorrência que lhe rendeu 5,8 milhões de euros.

"Havia exigências como a de que a chama tinha que ter uma cor especial, ser visível a 200 metros, poder acender a 3 mil metros de altura, que pudesse resistir rajadas de vento de 120 km/h e também chuva", comenta Jordi
"Havia exigências como a de que a chama tinha que ter uma cor especial, ser visível a 200 metros, poder acender a 3 mil metros de altura, que pudesse resistir rajadas de vento de 120 km/h e também chuva", comenta Jordi
Foto: EFE

Participararam do concurso, entre outros, um empresa do ramo de construção de componentes para mísseis e companhias do setor de gás, algumas delas com departamentos exclusivos para a construção de tochas olímpicas.

Proprietário da Awa Premis, empresa fabricante de troféus, o empresário se via atolado em uma dívida de 50 mil euros, devido à crise econômica que fez com que seus principais clientes, federações e clubes esportivos, se tornassem inadimplentes.

"Chegando neste ponto, decidi pensar em grande estilo. O que mais eu poderia desejar? Fabricar a tocha olímpica", disse Granados.

A ideia inicial era desenvolver o projeto de design da tocha, mas a licitação foi vencida pela empresa brasileira Chelles e Hayashi. Perdendo a concorrência, ele continuou trabalhando, dessa vez visando fábricar o equipamento. Poucos dias depois, recebeu o manual de 140 páginas, onde estavam elencadas todas as especificações para a realização do serviço.

"Havia exigências como a de que a chama tinha que ter uma cor especial, ser visível a 200 metros, poder acender a 3 mil metros de altura, que pudesse resistir rajadas de vento de 120 km/h e também chuva", comenta.

Sem infraestrutura, Granados buscou vários sócios para este projeto, como a Universidade Politécnica da Catalunha (UPC); Kromschroeder, uma empresa que desenhou o sistema de combustão da tocha dos Jogos de Barcelona; Recam Laser e finalmente a Taurus, cujo papel foi determinante.

Nas primeiras reuniões, a incerteza levou alguns dos participantes a não levar fé no projeto e chegaram a presentear Granados com um livro chamado "Brasil não é para amadores".

Tudo quase foi por água abaixo quando o cômite organizador dos Jogos informou que o projeto precisava de visibilidade e presença no Brasil. Foi aí que a Taurus, empresa do setor de autopeças, se comprometeu a tocar o projeto em sua fábrica, com mais de 150 funcionários no Brasil.

O sonho, ou milagre, como diz Granados, se concretizou com a entrega das 14.680 tochas, um negócio de 5,8 milhões de euros.

"Não é só um negócio de dinheiro, mas se trata de promover Barcelona para todo o mundo, isso é o principal", ressalta.

Agora Granados quer inovar no setor. Ele patenteou um novo sistema de combustão química e quer se dedicar plenamente ao desenvolvimento das tochas olímpicas. Entre seus potenciais clientes se encontram as organizações dos Jogos de Inverno de 2018 (Coreia do Sul) e de verão de 2020 (Tóquio).

"Minha ideia é criar uma indústria potente em Barcelona para que se fabrique cada vez melhor a tocha olímpica", projeta Granados.

Segundo o empresário, a inovação é o mais importante neste setor e, até por isso, desde o primeiro minuto ele quis contar com a ajuda da universidade. Esta lhe proporcionou o túnel de vento para que fossem realizados os testes de resitência.

"Temos um pequeno túnel de vento, imprescindível para provar que a chama resiste a ventos de até 120 km/h e uma determinada quantidade de chuva", disse à Agência Efe Esteve Codina, responsável pelo laboratório de sistemas hidraulicos da UPC.

Pequenos protótipos começaram a ser testados levando em consideração as mais diversas especificações determinadas pelo COI, que incluem desde o tamanho do equipamento até a cor da chama.

"A Kromschroeder - empresa que se dedica à eficiência energética e ao gás- entrou em contato conosco e começamos os testes em laboratório", lembra.

"O primeiro relatório foi elaborado no verão de 2015 e no final de ano já estava concluído", acrescentou Codina, destacando que não houve grandes dificuldades na realização do projeto.

Neste intervalo, a Awa Premis cresceu pouco. Além de Granados e de Miquel Planas, designer dos projetos da empresa, a empresa agora conta com um funcionário no departamento comercial e com um dedicado exclusivamente à tocha olímpica.

"Esta experiência é um sonho que se transformou em realidade e espero que possa ajudar mais alguém", conclui Granados.

EFE   
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