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Jogos Inverno 2010

Morte de georgiano pode alterar futuro do luge

15 fev 2010 - 16h30
(atualizado em 16/2/2010 às 05h09)
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Bob Ryan

O pessoal do luge está ganhando muita atenção. Só não é a que gostariam. Tudo tem descido colina abaixo, por assim dizer, desde que o georgiano de 21 anos, Nodar Kumaritashvili, morreu durante uma corrida de treinamento na sexta-feira. Todos sempre souberam que o esporte é perigoso - você desliza sobre suas costas a velocidades que chegam a 145 km/h -, mas, contanto que ninguém morresse, a vida seguia seu curso.

Mas, agora, alguém morreu na única competição em que todo o mundo do esporte está prestando atenção e, é claro, todos têm uma opinião.

Esse esporte existe há mais tempo do que você imagina. Bobsled, skeleton e luge começaram no século 19 em St. Moritz, na Suíça. A pista original foi construída em 1870 e usada nas Olimpíadas de 1928 e 1948, e ainda está em uso.

A primeira organização dedicada ao luge (dizem que o nome se originou do dialeto franco-suíço/savoy, significando "trenó para pequenas encostas") foi formada em 1883, mas o luge só chegou à Olimpíada em 1964.

Um trenó individual não pode pesar mais que 23 kg e é manipulado pela flexão dos músculos da panturrilha ou exercendo pressão oposta do ombro sobre o assento, assim como alavancas para ajustes menores. Como regra geral, experiência é importante.

Os movimentos que determinam o sucesso são impressionantemente sutis. Esse não é um daqueles esportes que um adolescente ou um jovem na faixa dos 20 normalmente domine, embora o alemão de 20 anos Felix Loch tenha contrariado essa teoria no último domingo, com uma medalha de ouro no individual masculino. Mas ele é uma exceção à regra. É típico que atletas de luge envelheçam com elegância. O medalhista de bronze Armin Zoeggeler tem 36 anos e começou a ganhar medalhar apenas em Lillehammer (em 1994).

Crescer é difícil no curso de qualquer competição de luge. Durante a primeira das duas corridas do último domingo para determinar o campeão masculino, apenas um dos primeiros 15 competidores foi capaz de melhorar a posição estabelecida no sábado.

O canadense Sam Edney avançou do 10º para o oitavo lugar na corrida final. Os três medalhistas terminaram na mesma ordem de sábado. Houve apenas uma mudança de posição entre os 10 melhores colocados: Edney (7) trocando de lugar com o americano Tony Benshoof (8).

Não surpreendentemente, e não obstante o sucesso de Loch, a experiência vem sendo uma grande questão na saga Kumaritashvili. Muitos especialistas argumentam que o georgiano, aos 21 anos, não estava plenamente qualificado para lidar com a notoriamente veloz rampa de Whistler.

As coisas realmente começaram a esquentar quando o presidente georgiano Mikheil Saakashvili inteirou-se do fato de que muitos estavam atribuindo o infortúnio a erro humano, não ao perigo inerente apresentado pela pista de Whistler.A rampa, e não as ações do jovem, disse Saakashvili, causou a morte de seu conterrâneo.

"O que certamente sei é que nenhum erro esportivo deve levar à morte", disse Saakashvili. "Nenhum erro esportivo deve ser fatal. Erros acontecem no esporte, mas estamos falando de esportes em que há competitividade, perigo, mas devemos evitar qualquer possibilidade de morte".

Não houve qualquer colisão ou queda do trenó, nada anormal enquanto os maiores atletas de luge competiam no Whistler Sliding Centre no último domingo. Alguns poderiam dizer que isso se deve ao fato de o percurso ter sido - e não há outra maneira de dizer isso - simplificado em reação à morte de Kumaritashvili.

Os oficiais da corrida fizeram mudanças de última hora, movendo a linha de largada até o ponto feminino, uma medida que não agradou àqueles que a consideram uma reação exagerada e desnecessária à tragédia. É possível até mesmo dizer que o técnico canadense Wolfgang Staudinger ficou furioso, alegando que sua equipe havia perdido a vantagem de competir em gelo de casa.

"Fomos fortemente atingidos aqui, porque nunca competimos a partir daquela largada", disse depois da competição de sábado. "É baixa demais, então jamais sequer consideramos treinar a partir dali".

Além do encurtamento do percurso, os oficiais subiram a parede da curva onde Kumaritashvili foi ejetado de seu trenó e acolchoaram o poste em que o atleta bateu a velocidade aterradora. Pelo menos, Staudinger não fez objeções a essas medidas.

No final, o luge mais uma vez foi dominado pelos alemães, que agora ganharam nove dos 13 individuais masculinos desde que o esporte foi introduzido nas Olimpíadas 46 anos atrás. David Moeller, 28 anos, ganhando a prata, foi a quinta dobradinha alemã no individual masculino, presumindo que ninguém se importe em contar a corrida de 1976, quando o alemão ocidental Dettlef Gunther ficou com o ouro e o alemão oriental Josef Fendt com a prata.

Os alemães são ainda mais dominantes no evento feminino, em que alemãs de todas as origens conseguiram as três primeiras colocações seis vezes, inclusive as ocasiões insanas em que conseguiram primeiro, segundo, terceiro e quarto lugar: em Sapporo, Innsbruck e Calgary.

Ninguém tem certeza de qual será o destino do luge depois daqui. Todos parecem concordar que nenhuma pista mais rápida do que essa deva ser construída, mas a maioria dos atletas se preocupa com a possibilidade de o luge perder o seu brilho.

Como disse o búlgaro Ivan Papokchaiev, sem dúvida falando por muitos, "essa é a pista mais rápida e foi demais para nosso esporte. Gostamos de velocidade. Se não gostássemos, estaríamos jogando xeque-mate". Ele quis dizer xadrez, é claro, mas entendemos o ponto.

Tradução de Amy Traduções

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Veja acidente que matou atleta do luge nos Jogos:
The New York Times
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